Maior presença dos principais anunciantes nas mídias sociais faz crescer o interesse das grandes agências pelas verbas destinadas à atividade
O mercado de gestão da presença das marcas em redes sociais vive
um momento vigoroso. A adesão maciça do brasileiro a essas comunidades
obrigou os anunciantes a também estarem por lá.
Tal movimento foi
detectado por uma recente pesquisa da Burson-Marsteller, que analisou o
uso das mídias sociais pelas cem maiores companhias listadas pela
Fortune. Se globalmente estão absolutamente integradas às redes (87% já
aderiram), na América Latina, as empresas ainda engatinham neste
sentido: apenas 65% estão em pelo menos uma rede social.
A
notícia surpreendente — e que explica o momento do mercado brasileiro — é
que, aqui, superamos a média global. No Brasil, 88 das subsidiárias das
cem maiores companhias listadas pela Fortune estão em ao menos uma
rede.
Como consequência, tem esquentado a disputa das agências,
sobretudo as donas das contas publicitárias, pela gestão da marca no
ambiente social. “Nós, agências, digitais ou não, grandes ou pequenas,
precisamos colocar nossos clientes onde está a audiência”, afirma
Gustavo Burnier, diretor de operações digitais da AlmapBBDO. Ele lidera
uma equipe de seis pessoas, responsáveis pelas estratégias em redes
sociais de Antarctica, Volkswagen, Havaianas, Gol e Gillette.
Já O Boticário, cliente da Almap na publicidade, delega a gestão de
redes sociais da empresa à digital W3Haus. O anunciante é um exemplo da
movimentação pela qual passa o mercado: os trabalhos da nova agência só
terão início em 2013, quando termina o contrato com a Pólvora,
especializada em redes sociais que detinha a conta desde que a marca
passou a trabalhar nesses canais.
Em levantamento feito por Meio & Mensagem
com cerca de 40 grandes agências, nota-se um movimento claro em
incorporar a estrutura e o conhecimento necessários para gerir as redes
sociais dos anunciantes (veja tabelas abaixo).
“Há algum
tempo, redes sociais era novidade para todo mundo e, como diz um amigo,
era a 25 de Março da comunicação: todo mundo fazia ou dizia fazer esse
negócio”, ressalta Eduardo Vieira, sócio da agência de relações públicas
Ideal. “Nos últimos anos, o mercado amadureceu de maneira forte e os
anunciantes passaram a perceber que era necessário gente competente e
qualificada para fazer o trabalho.”
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Fonte: Levantamento M&M
Euro Social
O movimento mais recente acontece na
Euro RSCG, que vem lançando um braço próprio focado no segmento, a Euro
RSCG Social. No comando está André Artacho, que tem sociedade na
empresa e, antes, trabalhou no Google e na Ogilvy (onde estruturou o
departamento de social media). “Nossa meta é ter 50 profissionais até o
final de 2013”, prevê Artacho, que hoje dispõe de três profissionais e
presta serviços para seis clientes: o uísque Teacher’s, Veja (da Reckitt
Benckiser), Aeroporto de Guarulhos, Pizza Hut e Decathlon.
A
nova operação deve prospectar clientes que já integram a Euro RSCG e
aproveitar o conhecimento das áreas de digital e propaganda para
executar um trabalho mais eficaz em mídias sociais. Até então, esses
serviços eram prestados pela Euro RSCG 4D. “Existia uma grande questão
de foco. Muitas agências têm dificuldade de onde colocar esse serviço,
se é sob a mídia, sob planejamento, conteúdo...”, relata Maurício Kato,
CEO da Euro RSCG São Paulo.
Essa convergência de esforços é o
argumento defendido pelas agências de publicidade junto aos clientes
para conquistar a conta social. “As agências grandes já tiveram o tempo
necessário para se atualizar”, salienta André Gustavo, diretor-geral da
Wieden + Kennedy. “É bom para o cliente falar com menos agências,
eventualmente com uma só.” Criada há pouco mais de um ano, a W+K São
Paulo, porém, não lidou com os dilemas da maioria das agências, nascidas
bem antes das redes sociais.
O desafio, além da adequação ao
novo contexto, envolve a assimilação de processos quase opostos à
publicidade convencional. No lugar de campanhas de grande impacto e data
para começar e terminar, há a necessidade de um diálogo constante, cujo
crescimento é quase orgânico. Em vez de milhões de reais gastos com
mídia, algumas centenas de horas na construção de um relacionamento
capaz de gerar mídia espontânea; uma situação na qual a mídia comprada
tem apenas a função de potencializar as ações.
“Nestes anos,
ficou claro que redes sociais não funcionam como propaganda tradicional.
A lógica de anúncio não funciona. Os anunciantes perceberam que suas
agências de publicidade não conseguiriam fazer isso — e elas perceberam
que precisavam aprender”, avalia Vieira, da Ideal.
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Fonte: Levantamento M&M
Entre o planejamento e a criação
O levantamento
de Meio & Mensagem mostra que, na média, as principais agências
estruturam os serviços de mídias sociais nas áreas de planejamento,
criação e mídia.
As atribuições de cada área variam de acordo
com a demanda do cliente. A compra de espaço e o monitoramento do que é
falado sobre o anunciante são atribuições dos departamentos de mídia. Os
planejadores aproveitam o monitoramento para pensar nas melhores
maneiras de explorar a marca nas redes sociais — e integram ações
sociais às demais disciplinas da campanha.
A criação atua em
parceria, seja gerando o conteúdo para essas redes, seja criando ações
pontuais para aumentar a performance da marca. “O caminho, a nosso ver, é
o da convergência”, prevê Bruno Tozzini, diretor de criação associado
da DM9DDB. A agência tem estruturados os social teams. São equipes de
especialistas no assunto, que trabalham em parceria com criação e
planejamento, mas com acesso direto aos clientes.
Como exemplo
da integração que a agência promove, Tozzini cita a Consul. Além da
conta de publicidade, o anunciante delegou à DM9 a administração da
fanpage no Facebook e da conta no Twitter. A DM9 enfrenta com o Guaraná
Antarctica, porém, realidade semelhante à AlmapBBDO com O Boticário.
Apesar de deter a conta publicitária do refrigerante, divide as ações
sociais com a Espalhe. “Tem e não tem competição”, observa Tozzini.
“Detemos a conta, mas eles cuidam da guerrilha. Nós damos as diretrizes e
compramos mídia de performance”, diz, lembrando o papel deste último
serviço para o incremento de fãs alcançados.
A divisão das
verbas de redes sociais entre agências de publicidade e especializadas
de pequeno e médio porte tende a mudar e deve gerar danças de contas
importantes nos próximos meses. A Talent acaba de conquistar o
atendimento à verba social da Bavaria, cerveja da Heineken cuja fanpage
no Facebook estreou neste mês.
Há quem veja, também, o início
de um processo de compra dessas especializadas pelas grandes da
publicidade. “As conversas de aquisição e fusão estão esquentando. Ou as
pequenas viram butique e permanecem pequenas ou são vendidas”, opina
Vieira, da Ideal.
A Euro RSCG Social promete anunciar, em
alguns meses, a aquisição de uma agência independente de redes sociais. A
meta é manter a operação separada, a fim de prospectar clientes
conflitantes com aqueles já atendidos pela Euro. Para resumir o atual
cenário no linguajar de social media, todos querem estar engajados.
Modelo de cobrança é obstáculo
Ao embarcar
na prestação de serviços de mídias sociais, as agências de publicidade
têm dificuldade em cobrar pelo trabalho prestado.
A
lógica de compra de mídia não dita o ritmo da cobrança, já que o que se
busca fundamentalmente, neste caso, é a geração de mídia espontânea. E o
que impera é a remuneração por fee, com pagamentos mensais pelos
serviços prestados — embora a definição do valor obedeça a critérios
pouco claros. “Ainda é algo feito na base do achômetro”, avalia Gustavo
Burnier, da AlmapBBDO. Os modelos de cobrança da agência, por sinal, vêm
variando de acordo com o cliente. Em alguns casos, os cálculos estão
atrelados às metas estabelecidas pelo anunciante, que, por sua vez, se
baseia nas métricas que utiliza.
Para Maurício Kato, da Euro
RSCG, a dificuldade se deve, também, à recente apropriação das redes
sociais pelas marcas. “O mercado ainda está se formando, inclusive em
cultura profissional”, observa, lembrando que há, também, dificuldade de
reter talentos na agência. A culpa é do aquecimento do mercado e, em
menor proporção, do perfil de quem atua neste mercado (jovens da geração
Y, pouco apegados às empresas e às relações trabalhistas tradicionais).
Com o amadurecimento da área, deve-se chegar a um meio-termo,
tanto de retenção de profissionais quanto de cobrança pelo trabalho
prestado. “No longo prazo, o mercado vai se ajustar. Porque, se o preço
cobrado é muito baixo, a agência não consegue manter sua operação. E, se
for alto, os anunciantes não estarão dispostos a pagar”, opina
Burnier.
Na análise e nas tabelas, senti falta de algumas agências, por exemplo as da APADI e da ABRADI, ou mesmo outras como a Gaia Creative, etc. Essas listadas nas tabelas são as maiores? Qual o critério da Tabela? Obrigado, Rodrigo
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