segunda-feira, 23 de julho de 2012

Empresas lucram com brinquedos feitos a partir de desenhos


Para se diferenciar no concorrido mercado de brinquedos, pequenas empresas buscam alternativas criativas. Enquanto a indústria desenvolve produtos licenciados e cada vez mais tecnológicos - algo que demanda investimento alto -, algumas PMEs vão na contramão e oferecem simplicidade. Um dos caminhos tem sido apostar em bonecos personalizados, alguns deles produzidos a partir de personagens desenhados pelas próprias crianças.


Essa é uma das apostas da Preta Pretinha, de São Paulo. A marca possui três linhas de brinquedos artesanais: a primeira com criações próprias, a segunda feita a partir de desenhos infantis e a terceira formada por bonecos com algum tipo de deficiência, cujo objetivo é trabalhar a inclusão social.

Joyce Venâncio, uma das sócias da loja e confecção, conta que em sua infância queria uma boneca que fosse negra como ela, mas que naquela época quase não havia modelos desse tipo. Ela passou, então, a desenhar as bonecas para que a avó as confeccionasse. Em 2000, ao ficar desempregada, percebeu que podia transformar a brincadeira de criança em um negócio lucrativo. Meses depois, junto com as duas irmãs, a atuária Cristina Venâncio e a secretária Lúcia Venâncio, criou a Preta Pretinha.

O negócio começou em uma pequena sala comercial localizada na Vila Madalena, com bonecos idealizados por elas. Hoje, as irmãs vivem de sua antiga diversão e mudaram da sala comercial para uma loja, no mesmo bairro. Joyce acredita que o negócio deu certo porque os bonecos de tecido ajudam na questão da afetividade e da proximidade. "A criança precisa se ver e essa é uma maneira de trabalhar a autoestima dela", diz a artista.

Os brinquedos feitos a partir de desenhos das crianças representam 30% do faturamento, um crescimento de 15% em relação ao ano anterior. "Acredito que cada vez mais esse número vai subir, pois essa é uma excelente opção para crianças que têm tudo e precisam de algo novo que resgate o lúdico, a imaginação e a criatividade", acredita Joyce.

A linha de criação própria da Preta Pretinha é responsável por 50% das vendas e a de inclusão por 20%. O valor de cada boneco varia de R$ 15 a R$ 230. E os produtos podem ser comprados na loja da marca ou pelo site da empresa.

Inspiração canadense
A dupla Caroline Barbarieri e Catarina Porto mantém a marca Trapos e Monstros com atuação no Brasil e em Portugal. As duas se conheceram em Portugal, onde viviam. No final de 2010, durante a crise financeira, descobriram o trabalho da canadense Wendy Tsao, que resolveu transformar os desenhos de seu filho de 4 anos em divertidos brinquedos. A partir daí, começaram a fazer um trabalho parecido. Assim, surgiu o blog e o Facebook da marca.

O que começou como um passatempo acabou virando uma fonte de renda para as duas. Neste ano, Carolina voltou para o Brasil e passou a atender seus clientes por aqui, enquanto Catarina manteve a clientela na Europa. A parceria já tem quase 2 anos e há uma fila de espera pelos brinquedos de 100 nomes.

A precursora da técnica, Wendy Tsao, expõe e vende seu trabalho no site Child's Own Studio ("estúdio da própria criança", em tradução livre). Os valores variam entre R$ 164 e R$ 273. O trabalho deu tão certo que, hoje, recebe mais encomendas do que é capaz de atender, o que acabou criando um segundo negócio. Ela faz uma indicação publicitária de outros 18 artistas de nacionalidades diferentes que produzem bonecos nos mesmos moldes e gera receita com isso.

A brincadeira de infância das irmãs Cristina, Joyce e Lúcia Venâncio virou um negócio lucrativo. Foto:  Divulgação
 

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