Para se diferenciar no concorrido mercado de brinquedos, pequenas
empresas buscam alternativas criativas. Enquanto a indústria desenvolve
produtos licenciados e cada vez mais tecnológicos - algo que demanda
investimento alto -, algumas PMEs vão na contramão e oferecem
simplicidade. Um dos caminhos tem sido apostar em bonecos
personalizados, alguns deles produzidos a partir de personagens
desenhados pelas próprias crianças.
Essa é uma das apostas da Preta Pretinha, de São Paulo. A marca possui
três linhas de brinquedos artesanais: a primeira com criações próprias, a
segunda feita a partir de desenhos infantis e a terceira formada por
bonecos com algum tipo de deficiência, cujo objetivo é trabalhar a
inclusão social.
Joyce Venâncio, uma das sócias da loja e confecção, conta que em sua
infância queria uma boneca que fosse negra como ela, mas que naquela
época quase não havia modelos desse tipo. Ela passou, então, a desenhar
as bonecas para que a avó as confeccionasse. Em 2000, ao ficar
desempregada, percebeu que podia transformar a brincadeira de criança em
um negócio lucrativo. Meses depois, junto com as duas irmãs, a atuária
Cristina Venâncio e a secretária Lúcia Venâncio, criou a Preta Pretinha.
O negócio começou em uma pequena sala comercial localizada na Vila
Madalena, com bonecos idealizados por elas. Hoje, as irmãs vivem de sua
antiga diversão e mudaram da sala comercial para uma loja, no mesmo
bairro. Joyce acredita que o negócio deu certo porque os bonecos de
tecido ajudam na questão da afetividade e da proximidade. "A criança
precisa se ver e essa é uma maneira de trabalhar a autoestima dela", diz
a artista.
Os brinquedos feitos a partir de desenhos das crianças representam 30%
do faturamento, um crescimento de 15% em relação ao ano anterior.
"Acredito que cada vez mais esse número vai subir, pois essa é uma
excelente opção para crianças que têm tudo e precisam de algo novo que
resgate o lúdico, a imaginação e a criatividade", acredita Joyce.
A linha de criação própria da Preta Pretinha é responsável por 50% das
vendas e a de inclusão por 20%. O valor de cada boneco varia de R$ 15 a
R$ 230. E os produtos podem ser comprados na loja da marca ou pelo site
da empresa.
Inspiração canadense
A dupla Caroline Barbarieri e Catarina Porto mantém a marca Trapos e
Monstros com atuação no Brasil e em Portugal. As duas se conheceram em
Portugal, onde viviam. No final de 2010, durante a crise financeira,
descobriram o trabalho da canadense Wendy Tsao, que resolveu transformar
os desenhos de seu filho de 4 anos em divertidos brinquedos. A partir
daí, começaram a fazer um trabalho parecido. Assim, surgiu o blog e o
Facebook da marca.
O que começou como um passatempo acabou virando uma fonte de renda para
as duas. Neste ano, Carolina voltou para o Brasil e passou a atender
seus clientes por aqui, enquanto Catarina manteve a clientela na Europa.
A parceria já tem quase 2 anos e há uma fila de espera pelos brinquedos
de 100 nomes.
A precursora da técnica, Wendy Tsao, expõe e vende seu trabalho no site
Child's Own Studio ("estúdio da própria criança", em tradução livre). Os
valores variam entre R$ 164 e R$ 273. O trabalho deu tão certo que,
hoje, recebe mais encomendas do que é capaz de atender, o que acabou
criando um segundo negócio. Ela faz uma indicação publicitária de outros
18 artistas de nacionalidades diferentes que produzem bonecos nos
mesmos moldes e gera receita com isso.
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