O sistema de monotrilhos somente deve começar a operar em São Paulo
no fim de 2013, mas já agita o mercado imobiliário das regiões cortadas
pelas vias onde os trens passarão. Na Vila Prudente, nem as obras de
extensão da linha 2-Verde do metrô e seus transtornos sobre a Avenida
Professor Luís Inácio Anhaia Mello reduzem a expectativa de valorização
por parte dos proprietários residenciais.
A extensão adotará o monotrilho e a primeira fase do projeto ligará a
estação Vila Prudente do metrô à futura estação Oratório, em fase
adiantada de construção no canteiro central da Anhaia Melo. Hoje, porém,
quem passa por lá sofre com a falta de mobilidade.
“O sentimento agora é negativo, por causa do trânsito mais intenso e
da sujeira – parte da avenida está interditada. Mas vai ser muito
positivo”, diz o síndico João Zanetti, no comando de um residencial em
frente às pilastras do futuro monotrilho.
Não há, segundo ele, apartamentos disponíveis nas três torres do
condomínio: “O fato de haver a intenção de construir o monotrilho atrai
muita gente para cá”. Zanetti acredita que o meio de transporte possa
atenuar os congestionamentos crônicos na região.
As obras começam às 7h e seguem até as 19h, mas os ruídos não destoam
do habitualmente gerado pelo movimento dos carros na avenida – as vigas
de sustentação dos trens, pré-moldadas, são instaladas à noite. Uma
quadra mais distante, no condomínio onde Celso Casassola, de 47 anos, é
síndico, as intervenções mal podem ser ouvidas.
Casassola ocupou o apartamento, a 150 metros a futura estação
Oratório, há um ano e oito meses, depois de fugir do barulho de uma
escola de samba ao lado de seu antigo imóvel. Antes de adquirir o novo
bem, ele buscou informações sobre o monotrilho e se diz confiante.
“A frenagem poderia ter ruídos fortes, mas o sistema de pneus nos
trens minimiza esse problema”, diz. O monotrilho gera 65 decibéis – 30
menos do que o ocasionado por um ônibus urbano convencional.
O síndico também tem a expectativa de valorização total de até 25% em
seu imóvel até o fim da intervenção, no ano que vem. “Meu apartamento
foi avaliado em R$ 610 mil há um ano e oito meses. Hoje, temos um de 127
metros quadrados sendo vendido por R$ 750 mil”, conta.
No Futuro. Casassola espera alta de 25% no valor de seu (Foto: Hélvio Romero/AE)
Para o corretor Roberto Rodrigues, da Ebenezer Imóveis, as mudanças
devem continuar após o término das obras: “Vão construir prédios nos
terrenos dessas lojas”.
O preço do metro quadrado dos lançamentos na Vila Prudente no
primeiro semestre de 2012 é de R$ 6.098,36, segundo a Empresa Brasileira
de Estudos de Patrimônio (Embraesp). Nos seis meses imediatamente
anteriores, a metragem estava avaliada, em média, em R$ 5.004,05.
Novos ares. Desde agosto de 2010, quando a estação
Vila Prudente foi inaugurada, os bairros do entorno onde hoje o
monotrilho está sendo instalado estão em renovação. Até julho, a região
recebeu 19 empreendimentos, com 32 torres e unidades de dois e três
dormitórios.
Consultor imobiliário da Lello Imóveis na região, Marcelo Oliveira
Barreto vê potenciais de valorização especialmente nas áreas próximas à
Anhaia Melo. Para a avenida, recheada de lojas de revenda de automóveis,
ele é menos otimista, contudo.
“Há mais um ano e meio de obra pela frente. Hoje, as pessoas estão
com dificuldades de alugar prédios comerciais.” As travas de mobilidade
explicariam o movimento do mercado.
O transporte, explica Rodrigues, vem sendo aceito bem nas áreas
periféricas – a previsão é da conclusão da linha em 2016, em Cidade
Tiradentes. “Mais para cá (Vila Prudente), ainda há um pouco de medo de
que fique parecido com o Expresso Tiradentes. Lá existe um pessoal que
fica escondido atrás das colunas para roubar quem passa.”
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