As campanhas nacionais de publicidade na televisão nos Estados Unidos
não têm atingido uma grande proporção de seu público-alvo, de acordo
com novas pesquisas baseadas em dados sobre audiência.
Usando números da Nielsen e da Kantar Media, a Simulmedia, companhia de
publicidade dirigida, constatou que em muitos casos até 75% dos
comerciais veiculados por um anunciante são vistos por apenas 20% de seu
público-alvo.
De acordo com o estudo, a campanha de US$ 6,3 milhões que a Unilever
veiculou na televisão para o seu desodorante Axe não foi assistida por
60% da faixa etária dos 18 a 24 anos que pretendia atingir, em março
deste ano.
Da mesma forma, a Progressive Insurance investiu US$ 31,9 milhões em uma
campanha de comerciais de televisão no mês de junho, mas um quinto dos
adultos com idade superior a 30 anos não assistiu a nenhum de seus
comerciais naquele mês.
Padrões semelhantes foram observados durante campanhas publicitárias
realizadas por diversos dos maiores anunciantes dos Estados Unidos.
PRIMEIRO LUGAR
A despeito da fragmentação de audiências causada pelas novas mídias,
como a internet, o investimento publicitário na televisão continua a
responder pela maior porção dos orçamentos de marketing de muitas
empresas.
A expectativa é que os anunciantes norte-americanos aloquem 42,2% de
seus orçamentos totais --de US$ 64 bilhões-- em comerciais de TV neste
ano, superando a proporção de 39% registrada cinco anos atrás, de acordo
com estimativas do GroupM, uma unidade da WPP.
Mas a nova pesquisa oferece novas indicações sobre as deficiências há
muito suspeitadas da televisão como mídia para atingir audiências de
massa Ðo que provavelmente terá ramificações para a distribuição de
orçamentos no setor de mídia.
ªQuando você está em posição favorável e está feliz, o ímpeto de mudar
não é grandeº, afirma David Cohen, vice-presidente mundial de mídia da
Universal McCann, parte do grupo Interpublic, que atende a clientes como
Coca-Cola, MasterCard, Sony e Microsoft.
"Mas estou bem certo de que, gostemos ou não, a mudança terá de vir.º
DISPERSÃO
Wenda Millard, presidente da consultoria MediaLink, que trabalha com
empresas de publicidade e anunciantes, entre as quais a Simulmedia,
afirma que a "a publicidade em TV sempre foi dispersa. Porque não era
possível operar com foco mais preciso, aceitávamos as limitações e
ríamos".
"Agora a piada perdeu a graça, e faz tempo. Desperdiçar bilhões e bilhões de dólares não é engraçado", diz Millard.
A Unilever não respondeu a pedidos do "Financial Times" para comentar o assunto, e a Progressive não quis se pronunciar.
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