Temas dominam debates do segundo dia do Congresso Brasileiro de Jornais
A necessidade de cobrança do conteúdo digital pelos jornais abriu na
manhã desta terça-feira (21) o segundo dia de debates do Congresso
Brasileiro de Jornais 2012, realizado em São Paulo pela ANJ (Associação
Nacional de Jornais). Antonio Manuel de Teixeira Mendes,
diretor-superintendente do Grupo Folha, afirmou que, neste momento, não
há uma “pressão” por aumento do impresso, já que a circulação não teve
queda no Brasil, mas que decisões precisam ser tomadas com certa rapidez
pelo que está acontecendo na plataforma digital.
“Nós vivemos um momento ímpar. Temos a oportunidade
de manter o faturamento do impresso e agregar faturamento do digital”,
disse o executivo. Segundo Mendes, a Folha está estruturada dentro de um
desenho de uma redação integrada, tanto para o digital quanto para o
impresso, que possa produzir notícias 24 horas por dia. A Folha começou a
cobrar pelo conteúdo digital há poucos meses. Mendes participou do
Comitê de Gestão, sob o tema “Planejamento econômico-financeiro em um
cenário de transformação estrutural do negócio”.
No Comitê Mercado Anunciante, os debatedores
falaram a respeito da “Medição e otimização de audiência web”. Roberto
Lobl, diretor regional do Target Group Index para a América Latina,
apresentou números interessantes sobre a audiência dos leitores dos
jornais no ambiente digital. De acordo com dados do Ibope Media, 1,5
milhão de leitores online diários se agregam à audiência do jornal no
papel.
Outra informação que chamou a atenção é que 50% das
pessoas leem o mesmo jornal ao longo de um mês na internet. “Isso leva a
gente crer que existe uma fidelidade grande a esse título no ambiente
digital. Em geral, essa audiência é mais jovem que os leitores do
offline”.
Autorregulamentação
Houve também um painel exclusivo para o tema
“autorregulamentação” dos jornais, quando a ANJ fez uma avaliação do
programa da associação, adotado desde o ano passado. Ricardo Pedreira,
diretor executivo da ANJ, disse que houve avanços no programa, mas que
ainda existem muitas diferenças a serem resolvidas, já que esse é um
tema difícil para os jornais.
Segundo ele, os 154 jornais associados à ANJ — a
estimativa é que existem três mil títulos em circulação no Brasil — já
adotaram o projeto de autorregulamentação proposto, que segue um modelo
descentralizado e sem a existência de um conselho federal — ou seja, a
entidade indica boas práticas e cada jornal adota individualmente o seu
modelo.
“Esse é um tema difícil para os jornais. Hoje o
nosso principal desafio é criar a cultura de autorregulamentação nos
veículos, visando um jornalismo ético. É um programa permanente, que vai
evoluir”, falou Pedreira. Um dado levantado pela ANJ que chamou a
atenção é que apenas três jornais têm ombudsman. “Muitos jornais não
tinham modelo algum. Consideramos que a iniciativa está produzindo bons
resultados”.
Por diversas vezes, os participantes citaram o
modelo bem-sucedido de autorregulamentação do Conar (Conselho Nacional
de Autorregulamentação Publicitária). Aluizio Maranhão, editor de
Opinião do jornal O Globo, destacou que lembrar do Conar é inevitável,
pois a entidade funciona bem há mais de 30 anos. “Acho que o modelo
descentralizado é o caminho indicado. O Conar tem o mesmo princípio, de
que melhor fazermos nós (mercado) do que ter uma interferência externa.
Eu estou otimista, vejo como o Conar funciona bem e serve de barreira a
tentativas de fora”, defendeu Maranhão.
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