Desde abril, valor do metro quadrado já caiu até 3,2% em algumas regiões
SÃO PAULO - O mercado de imóveis usados da cidade de São Paulo já
revê alguns preços para baixo. Além dos saldões pontuais, observados
desde o ano passado, o movimento agora aparece na queda dos índices de
preço do setor. É o caso da região Água Branca-Sumaré, na zona oeste da
capital, onde o valor do metro quadrado recuou 3,2% de abril a julho,
para R$ 6.578, de acordo com o FipeZap.
Os consumidores, contam diretores de imobiliárias, estão menos
dispostos a aceitar os preços ofertados. Com demanda menor, os
corretores estão tendo de convencer os vendedores que, às vezes, os
valores pedidos podem estar um tanto fora da realidade.
"Os preços estão muito altos em relação ao poder aquisitivo das
pessoas", afirma Sueli Pacheco, diretora da imobiliária Pacheco, com
atuação focada na zona oeste. Há cerca de dois meses, a empresa passou a
oferecer uma TV de 32 polegadas para quem adquirir um imóvel acima de
R$ 600 mil. "Não é o que vai decidir a compra, mas é um atrativo de
marketing", afirma Sueli.
Segundo Sueli, as vendas na região estão lentas. Sem detalhar
nominalmente, ela afirma que já negociou descontos para conseguir fechar
um negócio. Já houve casos de apartamentos cujos preços passaram de R$
750 mil para 700 mil (-6,6%), afirma Sueli. Ou de casas, antes ofertadas
a R$ 2 milhões, que foram negociadas a R$ 1,7 milhão (-15%). Ela
projeta, contudo, uma melhora no ânimo do consumidor assim que o ritmo
de crescimento da economia acelerar.
Na unidade Perdizes da imobiliária Lello, o clima é mais otimista. A
gerente de vendas, Juliana Carmo, acredita na retomada do mercado em
breve, após uma "paradeira" desde o fim do ano passado. Nos últimos
tempos, a equipe da empresa se mobilizou para ampliar o leque de
ofertas. Segundo ela, dobrou o ritmo de captações (imóveis que entram
para o portfólio da empresa), de 70 para 150 novos empreendimentos por
mês. Com mais ofertas, ela explica, aumentam as chances de fisgar o
consumidor.
Pela cidade, há outros bairros com comportamento mais estável ou de
baixa de preços. Na região Congonhas-Jardim Aeroporto, por exemplo, o
preço tem oscilado desde abril e entre altas e baixas, hoje está 0,4%
mais barato - de R$ 6.265 o metro quadrado em abril contra R$ 6.238 no
mês passado. No Sacomã, a desvalorização é de 0,95% no mesmo período. Em
julho, o metro quadrado ficou em R$ 4.625.
Índice
O índice FipeZap pesquisa o preço de imóveis novos e
usados, com exceção de lançamentos, em seis capitais do País e no
Distrito Federal. Na próxima divulgação da pesquisa, referente ao
desempenho de agosto, o índice pode apresentar nova desaceleração na
comparação em 12 meses. Em julho, a alta nessa análise foi de 17,1%, a
11º vez seguida em que perdeu força.
"Parte da demanda já foi absorvida. Acabou? Claro que não", afirma
Bruno Vivanco, vice-diretor comercial da Abyara Brokers. "O que vem
acontecendo, contudo, é que algumas empresas têm feito promoções. A
pessoa que está pensando a comprar, então, pisa o pé no freio",
completa.
"Até meio do ano passado, toda a cidade vivia esse boom (de preços).
Agora me parece que você tem uma situação mais equilibrada, de maior
normalidade até, onde alguns bairros ou regiões têm uma velocidade de
venda maior e outros, não", afirma Eduardo Zylberstajn, coordenador do
FipeZap. Ele ressalva que é preciso tomar cuidado com a análise.
"Precisamos ficar atentos se esse movimento começar a se espalhar, o que
pode indicar que o mercado está virando. Mas não é o caso agora", diz.
Cautela
Nesse cenário, o comprador pode encontrar boas ofertas, mas é preciso
cautela na análise das oportunidades de negócios. "Se o consumidor
(dessas regiões) não está conseguindo comprar, há alguma coisa
acontecendo, os preços e a quantidade ofertados podem não estar
atrativos", afirma Zylberstajn.
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