Mais do que uma fase ou tendência, conceito definido pela empresa especializada em tendências trendwatching.com indica um estado exploratório contínuo por novidades
Cada vez mais o consumidor procura serviços e produtos inovadores e
geradores de experiências em seu cotidiano. Essa busca incessante pelo
novo foi definida pela empresa de tendências trendwatching.com
como Newism, conceito que une a paixão pela busca de novidades com um
estado exploratório contínuo. Para se adaptar a esse “Novismo”, as
marcas têm pela frente o desafio de entender e atender os desejos no
tempo certo, o que nem sempre é fácil.
Mais do que uma tendência ou fase, o Newism é uma característica do
mundo contemporâneo, que encontra repercussão maior em países emergentes
como o Brasil, onde as novas possibilidades de consumir mudaram a forma
de chegar aos produtos e dialogar com as empresas. Desde experimentar
sabores diferentes de sorvete até programar a próxima viagem, o que se
quer é um novo futuro e estilo de vida. O tema será, inclusive, debatido
no dia 13 de agosto em São Paulo, durante o Seminário de Tendências de
Consumo.
Um dos riscos das marcas nesse processo de diálogo com os consumidores é
cair na armadilha da falsa-novidade. “É como ir a um restaurante em que
está escrito ‘sob nova direção’ e não ter nada de diferente ou a
propaganda dizer que o produto mudou completamente e na verdade só a cor
alterou. Confunde-se novidade com real inovação e poucos de fato trazem
coisas novas”, afirma Luciana Stein, Head na América Latina da
trendwatching.com, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Outro perigo é a incompreensão das empresas de que nem sempre é
necessário lançar produtos a todo o momento, mas nos já existentes gerar
canais para novas situações e criar oportunidades
para os consumidores dialogarem entre si. O mundo, segundo a
trendwatching.com, não quer estratégias como as usadas pela Apple no
passado de lançar modelos de iPods a cada semana. “Não é mais uma saga
enlouquecida. Apesar do surgimento de uma nova classe média no Brasil,
que quer comprar cada vez mais, ela também quer usufruir de experiências
e as marcas têm de propor isso a elas”, esclarece Luciana.
A marca e o consumidor
Entre os fatores que definem o Newism, seis ganham destaque de acordo
com a trendwatching.com. O primeiro deles é a “Destruição Criativa”, que
aponta para um mercado mais inventivo e inovador, apesar das recessões econômicas
enfrentadas por diversos países. De acordo com a Organização Mundial da
Propriedade Intelectual, em 2010 foram registradas duas milhões de
patentes, o que demonstra que a criação tem superado a “destruição” ou
neutralidade do mercado.
Nesse cenário, marcas que se atualizarem e, simultaneamente, mantiverem
a essência terão espaço. A Chilli Beans é um case de sucesso ao
entender quem é seu consumidor e o que ele busca. “A marca tem um
entendimento bom do calor do mercado. Não é apenas lançar óculos
escuros, mas compreender, por exemplo, que está em voga óculos de
leitura e lançar modelos estilizados. Existe uma capacidade de
deslocamento que permite a ela tomar direções sem perder a
credibilidade. Nesse ponto, as marcas de luxo pecam”, indica a
executiva.
A segunda diretriz para entender o chamado “Novismo” é o FSTR. (ou
faster). Os destaques neste caso são para fenômenos como o Instagram,
que em menos de um dia arrematou 10 milhões de usuários, ou o Draw
Something, com 35 milhões de usuários em seis semanas. “Existe uma
velocidade de viralização muito chocante. A rede é como um fluxo de um rio, interminável”, avalia Luciana.
As experiências acumuladas
Como não basta apenas consumir, a “Acumulação de Experiência” entra
como quarto ponto para demarcar o território do Newism. Intrinsicamente
ligado a países em plena expansão econômica,
o importante não é apenas comprar, é preciso que qualquer forma de
consumo seja passível de compartilhamento. “Não é comprar o carro ou o
relógio certos e da moda, é ter mais histórias para contar. As pessoas
querem colecionar vivências e isso é cada vez mais um signo de prestígio
social”, explica a Head da trendwatching.com.
A vontade de ter histórias para contar se une à conservação delas, por
meio do quinto ponto, o “Fluxo de Status”. Nele, mais do que os produtos
como centro das atenções, é necessário que o consumidor se coloque como
parte principal. Ao ativar a marca por meio da co-criação de sabores
com seu público, a Ruffles foi exemplo de entendimento do Newism. Da
mesma forma, a Zaxy, marca jovem da Grendene, captou o novo modo de
consumir ao reunir quatros consumidoras para divulgar seus produtos.
A iniciativa da Grendene exemplifica também a sexta diretriz do
Novismo, o “Trysumers”, que é a constante avaliação dos produtos. Não
apenas receptor do que chega a ele, o consumidor também emite
informações por meio de avaliações dos produtos. Comprar não é mais um
tiro no escuro e a partir de blogs e sites é possível saber se a
bicicleta aparentemente cool ou a calça da moda têm qualidades e trarão
benefícios. A 3M
do Brasil é exemplo, ao gerar experimentação dos produtos da marca a
partir de um programa de Test Drive. Em um ano, 220 mil pessoas
interagiram no site e 630 amostras de produtos foram distribuídas em 129
cidades.
Para contrabalançar todas as diretrizes do que é o Novismo, o “To have
is to (h)old” é o norteamento de que, mesmo em um mundo guiado pelo
consumo e geração de experiências, ainda é preciso entender que alguns
serviços e produtos não se tornarão ultrapassados. O “ter menos é mais”
(Owner-Less) é uma tendência que permanecerá sem envelhecer. “Alugar ou
compartilhar, desde carros até roupas e eletrônicos, fazer upgrades de
sistemas ao invés da substituição deles ainda valerá e está à distância
de um clique. É preciso que essa contratendência exista, ela serve para
entender que não existem verdades absolutas”, diz Luciana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário