Os efeitos colaterais são visíveis. Os olhos quase não piscam diante de
cada um dos detalhes sobre engenhos e escravidão; o sorriso parece não
caber na boca com as deliciosas histórias contadas sobre tempos
passados; e o corpo começa a ficar mais relaxado logo após a segunda
degustação de cachaça. Esses são alguns dos (agradáveis) sintomas para
quem realiza a rota 'Caminhos dos Engenhos', no interior da Paraíba.
'Caminhos dos Engenhos' é roteiro turístico embriagante pelo interior da Paraíba
Foto 1 de 31 - O
centro histórico de Areia, município de 23 mil habitantes do interior
da Paraíba, abriga um belo conjunto arquitetônico declarado Patrimônio
Histórico Nacional, em 2005. A cidade, um dos destinos históricos da
rota 'Caminhos dos Engenhos' servia de parada de tropeiros que seguiam
para o sertão nordestino e, anos mais tarde, abrigou diversos engenhos
produtores de produtos derivados da cana-de-açúcar Eduardo Vessoni/UOL
Pode parecer história de fazendeiro exagerado, mas bem longe da
cobiçada costa litorânea paraibana o viajante encontra um inesperado
roteiro turístico que inclui visita a antigos engenhos produtores de
cachaça, casario histórico bem preservado e um clima de interior com
direito até a friozinho serrano.
Localizada no Brejo paraibano, uma microrregião daquele estado formada
por serras e vales, Areia é uma das principais portas de entrada. Esse
pequeno município de 23 mil habitantes, que no século 17 servira de
parada de tropeiros que seguiam para o sertão nordestino, abriga um belo
conjunto arquitetônico declarado Patrimônio Histórico Nacional, em
2005.
SERVIÇO
Areia www.areia.pb.gov.br |
Bananeiras www.bananeiras.pb.gov.br |
Brejo Paraibano www.brejoparaibano.com.br |
Parahyba Convention & Visitors Bureau Campina Grande e Região Av. Floriano Peixoto, 53 (sala 7) - Centro de Campina Grande Tel: (83) 3322-6363 De seg. a sex. das 8h às 12h e das 14h às 18h |
É lá que estão o Teatro Minerva, obra de 1859 considerado o primeiro
teatro da Paraíba, a casa onde nasceu Pedro Américo, o artista que
pintou o famoso 'Grito do Ipiranga', e dezenas de casarões do período em
que a região era formada por engenhos de açúcar.
Areia abriga os primeiros engenhos da Paraíba a contarem com máquinas a vapor.
Outro dado curioso é que essa cidade de tendências abolicionistas
antecipou-se à Lei Áurea e, dias antes, libertou os últimos escravos que
trabalhavam na região. O que não deve faltar são altas doses de boas
histórias contadas nos engenhos locais visitados. Moderação só no nível
de álcool ingerido.
Estabelecimentos como o Engenho Triunfo, estabelecimento que produz 250
mil garrafas por mês e que ficou conhecido pela produção natural que
não utiliza nenhum produto químico, e o Engenho Vaca Brava, um engenho
histórico de 1860 administrado pelo divertido e falante Aurélio Leal
Freire.
Se depender do 'Seu' Aurélio, o engenho deve continuar como nos velhos
tempos das máquinas francesas compradas na década de 50. “Enquanto eu
estiver vivo, ninguém tira essas ferragens daqui. É um maquinário
histórico”, ameaça com tom de voz mais elevado o simpático senhor de
mais de 80 anos.
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A cachaça Rainha é fabricada no Engenho Goiamunduba desde 1877 e é um clássico da Paraíba
Sem dúvida, esse é um dos pontos máximos da viagem pela zona rural da
região. O proprietário, cujo estabelecimento recebe os visitantes de
forma improvisada (mas não menos acolhedora) pois ainda não possui
estrutura voltada para o turista, é capaz de dar um show na hora de
contar histórias da época de José Rufino, personagem local que morou em
uma casa equipada com uma senzala, e ao descrever, detalhadamente, o
processo caseiro de preparação da sua cachaça.
A vizinha Bananeiras, a quase 30 km dali e a 552 metros sobre o nível
do mar, é outro destino que merece uma visita. Esse município de passado
colonial, recortado por ladeiras e sobrados do século 19, foi o maior
produtor de café de toda a Paraíba e abriga um casario com 80
construções catalogadas pelo IPHAEP.
A região abriga também o histórico engenho Goiamunduba que, desde 1877,
fabrica a cachaça 'Raínha', um clássico da Paraíba. A cidade ainda
conta com outras construções históricas como um túnel de trem de 1922 e
um cruzeiro do final do século 19 localizado a 507 metros de altura,
além da Cachoeira do Roncador, uma queda d'água de 45 metros.
Entre julho e agosto, quando a região chega a registrar temperaturas de
até 12°, o Brejo paraibano serve também de cenário para o evento
'Caminhos do Frio'. Areia, Bananeiras e Alagoa Grande são algumas das
cidades que recebem os visitantes com atividades como exposições de
artesanato, apresentações de dança e de grupos folclóricos, shows de
forró pé-de-serra, oficinas culturais e passeios como trilhas e visita
aos engenhos locais.
Serviço
Como Chegar
Se depender do alto número de histórias contadas sem moderação, o
visitante deve deixar a região viciado por uma das mais agradáveis
opções turísticas e históricas de toda a Paraíba.As
principais cidades que formam o roteiro, localizadas no norte da
Paraíba, estão próximas a Campina Grande, a 120 km da capital João
Pessoa, e podem ser visitadas de forma independente, de carro, ou com o
acompanhamento de guias contratados nas agências de João Pessoa ou
Campina Grande.
Onde Ficar
Em Areia
Pousada Aconcheg'art
Rua Prof. Xavier Júnior, s/n.
Tel: (83) 8713-1265 / 9987-4265
Pousada Luiz Soares
Rua Farmacêutico Cícero Barros, 55
Tel: (83) 3362-2979
Em Bananeiras
Eco Spazzio Tropical
Av. Aluízio Barbosa s/n (Campus Universitário)
Tel: (83) 9602 – 6185
Serra Golfe Apart Hotel
Rua Coronel Antônio Pessoa, 414 (Centro)
Tel: (83) 3367-1103 / 3367-1441
Passeios
Caminhos do Frio
Entre julho e agosto, quando a região
chega a registrar temperaturas de até 12°, o Brejo paraibano serve
também de cenário para esse evento de inverno com um extensa
programação. Areia, Bananeiras e Alagoa Grande recebem os visitantes com
atividades como exposições de artesanato, apresentações de dança e de
grupos folclóricos, shows de forró pé-de-serra, oficinas culturais e
passeios como trilhas e visita aos engenhos locais.
Bananeiras
O patrimônio arquitetônico desse município a 71 km de Campina Grande é
formado por 80 construções históricas catalogadas como o edifício de
1835 que abriga os Correios, a Igreja Nossa Senhora do Livramento
(1861), um túnel de 1922 que abrigou a estrada de ferro local e o
Cruzeiro de Roma, uma construção erguida em 1899 por um proprietário
rural que pagava uma promessa.
Centro Histórico de Areia
O local é compacto e pode ser visitado, a pé, em um passeio de meio dia.
Essa cidade a 53 km de Campina Grande abriga construções interessantes
que valem a visita como o Teatro Minerva, de 1859; o Casarão José
Rufino, casa colonial de 1818 que abriga 12 senzalas e serve,
atualmente, como centro cultural com peças de artistas locais e objetos
históricos.
Engenho Vaca Brava
Localizado na área rural de Areia, esse é considerado o engenho mais
antigo da região e possui 525 hectares. Foi inaugurado em 1860, mas não
possui estrutura para receber, formalmente, os turistas. Os
proprietários recomendam a contratação de alguma agência turística de
Campina Grande para a visitação.
Engenho Triunfo
O local, que funciona com fins turísticos desde 1994, oferece um tour
de 1h30 que inclui visita a diversas etapas de produção da cachaça e
degustação de alimentos como sorvete e trufa recheada com aguardente.
Zona Rural de Areia (acesso pela estrada PB 079.
Tel: (83) 3362-2390 / (83) 9931-9861
Entrada paga
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