Agência cria campanha em que bonecos demonstram situações de risco
Acidentes envolvendo trens do metrô e pessoas distraídas tornaram-se
rotina em Melbourne, na Austrália. O metrô registrou 979 quedas nos
trilhos por descuido — sem contar tentativas de suicídio, seis mortes de
pedestres cruzando suas linhas e 11 colisões entre carros e trens no
último ano. A questão tornou-se urgente e assim nasceu a ideia de criar
uma estratégia de comunicação que tocasse o público, principalmente os
jovens.
A agência McCann Erickson Melbourne criou então uma trilha e um vídeo de três minutos — o “Dumb ways to die”
(“Maneiras estúpidas de morrer”) — que se tornaram um verdadeiro
fenômeno viral, com mais de 30 milhões de acessos no YouTube. O
idealizador do projeto foi o diretor executivo de criação do McCann
Worldgroup na Austrália, John Mescall. Ele inclusive é o autor da letra
da música que, gravada pela Tangerine Kitty, está à venda no iTunes por
US$ 0,99.
A versão original entrou no ar em meados de novembro e mostra,
basicamente, bonequinhos fazendo coisas arriscadas que resultam em
mortes estúpidas. A intenção é mostrar os riscos de brincar em
plataformas de trens, trilhos e locais de passagem desses veículos na
cidade. O vídeo tornou-se o viral mais poderoso da história na Austrália
e acaba de ganhar uma versão de karaokê. A campanha inclui outros
desdobramentos, além da distribuição de pôsteres e materiais nas
estações de metrô e escolas de Melbourne.
“O jovem costuma ignorar ou rejeitar mensagens de segurança. Mas uma
mensagem enviada por um amigo é diferente da enviada pelas autoridades.
Assim pensamos em criar algo que fosse o oposto de uma mensagem de
segurança tradicional: uma música loucamente feliz e ‘fofa’”, explica
Mescall. O criativo diz que o cliente adorou a ideia, e quando viram a
primeira versão do vídeo, pediram até por mais mutilações no final. “O
que foi ótimo. Boas ideias podem morrer logo no começo, por isso ficamos
felizes que os executivos e o ceo adoraram o projeto tanto quanto nós
desde o início”, diz.
Segundo Mescall, o metrô vem trabalhando com campanhas mais
inovadoras há dois anos. “Na medida que eles foram melhorando os
serviços, foram se permitindo ser mais evoluídos e divertidos na
publicidade”, comenta, dizendo que acredita que esse tipo de ação
representa, de certa forma, o futuro da publicidade. “A mídia
tradicional nos cria barreiras, como os segundos obrigatórios do
comercial de TV ou de rádio. Sem tais barreiras, podemos criar aquilo
que pode funcionar, como canções substituindo spots de rádio e sendo
distribuídas via iTunes e SoundCloud. Podemos ainda usar Tumbir e
Instagram. E o Facebook e YouTube são nossos canais de mídia de massa. É
excitante”, comenta.
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