No Facebook e outras redes, eles trocam informações sobre casos.
O assassinato do casal que viajava com moto esportiva na noite de quinta-feira (29),
durante uma tentativa de assalto, na Avenida dos Bandeirantes, na Zona
Sul de São Paulo, gerou comoção e indignação no Facebook e fóruns pela
internet.
Motociclistas reclamam da situação de violência e relatam o medo de
rodar pelas ruas da região metropolitana. Como alternativa para tentar
recuperar motos, usam a web para denunciar os modelos roubados.
A motociclista Tainá Aguiar teve sua
moto roubada. Na imagem, aparece com
outra moto (Foto: Arquivo pessoal)
“Fui assaltada perto ao km 29 da Rodovia Raposo Tavares (Cotia, SP) por
seis homens em três motos”, conta Tainá Aguiar, 24 anos, assistente de
vendas. “Cheguei a sentir um deles apertar o gatilho, mas a arma
falhou”, acrescenta a motociclista. Tainá chegou a tentar fugir mais foi
cercada e os bandidos levaram sua Kawasaki ER-6n, modelo 2010. “Contei
com o apoio de muitos pelo Facebook, onde divulguei o roubo”, explica.
Dois dias depois do assalto, ocorrido dezembro de 2011, a moto foi
encontrada pela polícia em Carapicuíba, SP. Desde então, a motociclista
mudou sua rotina. “Agora ando muito mais esperta e tento evitar alguns
lugares”, diz Tainá. De acordo com a Federação dos Motoclubes do Estado
de São Paulo (FMC -SP), a Avenida dos Bandeirantes, onde o casal Sibele Pedroso e Rafael Fulaz foi assassinado é considerada a mais perigosa, entre outras dez vias, para motociclistas circularem na capital paulista.
O presidente da entidade, Paulo Cesar Lodi, afirmou que as outras nove
vias mais perigosas da capital são: “Marginal Pinheiros, Avenida
Aricanduva, Rodovias Anhanguera, Bandeirantes, Castello Branco, Avenida
Mutinga, Avenida Rio Branco com a Avenida Duque de Caxias, Avenida São
João, Rua General Osório e Rodoanel Mário Covas”.
Reinaldo de Carvalho e sua Suzuki
DL 650 V-Strom, que foi roubada e
depois recuperada(Foto: Arquivo pessoal)
“Hoje está muito mais perigoso do que antigamente. Parece que eles
sentem prazer em atirar nas pessoas, não dão importância nenhuma à
vida”, afirma Reinaldo de Carvalho Bueno, de 55 anos, fundador do
motoclube Falcões Raça Liberta, de Guarulhos (SP), e ex-presidente da
FMC-SP. Há seis meses, Carvalho teve sua Suzuki DL 650 V-Strom roubada,
enquanto seu filho a dirigia, no Bairro do Limão, em São Paulo.
Curiosamente, Carvalho relata que um dos bandidos chegou a puxar o
gatilho da arma, que também falhou. A motocicleta foi recuperada quatro
semanas depois. “Ela estava bastante avariada”, explica o motociclista.
Redes sociais
Na Escócia, um motociclista conseguiu recuperar sua moto utilizando Facebook e Twitter
, dentre outros casos de auxílio da internet contra roubos. Além do
Facebook, os motociclistas fazem uso de ferramentas como fóruns e sites
especializados em roubos para tentarem recuperar os bens. Páginas da
internet fazem cadastros de motos roubadas e enviam as informações para
as pessoas cadastradas. Sites como “motoroubada” e “roubadosbr” cobram
de R$ 20 a R$ 45 para fazer os anúncios, segundo informam na web. De
acordo com o “motoroubada”, as informações do crime são espalhadas para
mais de 85 mil pessoas.
Em fóruns, como o “Suzukionline”, tópicos também são criados com o
intuito de tentar recuperar as motos roubadas. A notícia do assassinato
do casal chegou rapidamente ao fórum, antes mesmo de haver informações
oficiais. Após a confirmação das mortes, gerou comentários de raiva e
medo dos usuários.
Motos mais roubadas em 2012* |
|
---|---|
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HONDA CG 125 18.994 |
|
HONDA CG 150 10.409 |
|
HONDA CBX 5.741 |
|
HONDA NXR 150 4.484 |
* até outubro | |
Fonte: CNSeg |
“Na federação (de motociclistas de São Paulo), temos uma lista com mais
de 40 mil e-mails que usamos para denunciar os roubos de motos”,
explica Carvalho. Além disso, o motociclista cita o Facebook como
auxiliar nesta situação. “Mas acaba não sendo muito eficaz, pois se
trocam a placa do veículo fica mais difícil de localizar”, acrescenta.
Rafael Fulaz, morto na quinta-feira, também havia utilizado o Facebook
para comentar a aquisição da moto, falando sobre sua CBR 1000 RR.
“Sonhar não custa nada, mas têm sonhos que se realizam”, publicou o
motociclista.
Modelos mais roubados
De acordo com a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais
(CNseg), a moto mais roubada no Brasil em 2012, até outubro, é a Honda
CG 125 (18.944 unidades). Em 2º lugar, aparece a Honda CG 150 (10.409),
seguida de Honda CBX (5.741) e Honda NXR 150 (4.484). A presença desses
modelos no ranking não é surpresa, pois são motos que figuram constantemente entre as mais vendidas.
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