Utilização de ferramentas ligadas à localização geográfica se torna eficaz para marcas já consolidadas e outras que estão se colocando no mercado pela primeira vez
Trilhando o caminho
Apesar de ter encontrado seu caminho no Brasil e estar se consolidando
em alguns setores, a utilização do Geomarketing ainda precisa evoluir.
“O Marketing Geográfico se divide em três níveis de maturação. O mais
comum é que as empresas promovam sua base de clientes e fornecedores em
um mapa e, a partir dele, entenda sua atuação. Essa é a porta de entrada
para quem quer seguir por esse caminho”, avalia Eduardo Francisco.
No segundo nível, segundo o especialista da FGV, a empresa delimitará
sua área de influência e tomará decisões mais elaboradas. É nesse ponto
que ela começa a fazer análise de que região da cidade terá mais
concentração de clientes, em qual área tem mais concorrência, em qual
não tem muita atuação e poderia fazer uma futura expansão.
O trabalho, nesse segundo nível, pode ser exemplificado com o que os
shopping centers fazem ao definirem o local onde serão construídos. “As
principais operadoras desse tipo de estabelecimento já desenvolvem, há
algum tempo, suas análises, direta ou indiretamente, ferramentas de
geolocalização. As boas incorporadoras e desenvolvedoras imobiliárias
também possuem bons núcleos de inteligência de mercado, que também
utilizam essas ferramentas”, afirma Sylvio Augusto de Sá, Conceituador e
Desenvolvedor do Sistema de Mapeamento Estratégico e Colaborador do
MundoGEO, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Um case pertinente nessa segunda fase do Geomarketing no Brasil é do O
Boticário, que tem um trabalho de geolocalização antes da ampliação da
rede por meio das franquias. “Hoje são mais de três mil lojas e a marca
usa de maneira muito forte nosso sistema OnMaps. O Geomarketing melhora o
retorno sobre o investimento de forma mais rápida para o grupo. O
programa ajuda na divisão, por exemplo, da rede de franqueados, além de
pensar em diversos outros formatos: dividir um bairro, um quarteirão,
uma cidade”, explica Pedro Figoli.
Consolidação
A terceira e mais complexa fase do Geomarketing no Brasil é a
incorporação das plataformas de gerenciamento de mapas ou inteligência
geográfica em processos de controle de qualidade ou previsão de vendas.
“Nesse nível, incluo a variável geográfica dentro da variável geral do
modelo de vendas”, pontua Eduardo Francisco.
A partir desse parâmetro, a Coca-Cola Femsa é exemplo. Uma das
distribuidoras das marcas da Coca-Cola no Brasil trabalha o Geomarketing
para entender melhor o sistema de pontos de venda, coordenando a
entrega de linhas de produtos por meio do sistema OnMaps. “A Coca-Cola
Femsa adequa cada produto para cada tipo de mercado. Ela traz a
inteligência para indústria para olhar mais para o preço, vendas e
produtos”, afirma Pedro Figoli.
Ideal, o terceiro nível, no entanto, não é o mais consolidado no país e
o desafio para o mercado nacional é que as marcas compreendam e
assimilem esse formato de Geomarketing. “Desses três níveis, 90% das
empresas está no um. Por mais maduras ou maiores em seus mercados de
atuação, muitas simplesmente colocam um mapa na frente e tomam decisões a
partir dele. Pouco menos de 10% estão no segundo nível e, uma pequena
parcela, envolve estatística baseada em dados geográficos. O objetivo é
que todas cheguem ao último nível. O Geomarketing não define quem estará
em primeiro lugar, mas certamente é um diferencial competitivo quase
fundamental”, completa Eduardo Francisco.
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