Com o início do verão a ameaça de chuvas fortes e enchentes volta a pairar sobre as cidades brasileiras. Por isso, quem mora em prédio com garagem subterrânea deve tomar cuidado com inundações
O verão está chegando. E com ele, as temidas chuvas do período.
Apesar de muita gente só se preocupar com os temporais quanto está na
rua, quem mora em prédio precisa tomar um cuidado adicional: se o seu
edifício tem garagem subterrânea fique atento ¿ em caso de uma eventual
inundação, os prejuízos causados nos carros estacionados não são
cobertos pelo seguro do condomínio.
Jaqueline Oliveira, analista de produtos e processos da seguradora Porto
Seguro, informa que esse tipo de apólice só cobre os danos causados à
infraestrutura do prédio.
"Não conheço nenhuma seguradora que inclua em suas apólices a cobertura
de veículos danificados por conta de inundações na garagem subterrânea. A
cobertura é exclusiva do seguro pago pelo proprietário do carro e não
do prédio", alerta Oliveira.
Por isso, é melhor prevenir do que remediar. Segundo Paulo Garcia,
presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do
Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), o risco de enchentes deve ser levado
em conta na hora de escolher um apartamento.
"O comprador que deseja adquirir um imóvel em uma região que sofre com
alagamentos deve se preocupar com detalhes técnicos, como o tipo de
bomba e de drenagem utilizados, por exemplo. O ideal é que nenhuma
garagem subterrânea seja construída em áreas como essas, mas nem sempre é
o que acontece", afirma Garcia.
Como nem todo mundo tem conhecimento ou tempo para avaliar detalhes
técnicos, José Augusto Viana Neto, presidente do Conselho Regional dos
Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), recomenda que o comprador
se informe para saber se costuma haver inundações na área.
"Caminhar pelo bairro e conversar com os vizinhos sobre o histórico da
região é importante. Caso não seja possível, o corretor de imóveis tem a
obrigação de informar a realidade da região. Recomendo que a pergunta
seja feita por e-mail, para que fique documentada", alerta Neto.
O presidente do Creci-SP diz que o corretor é responsável por fornecer
as informações solicitadas de forma correta, sem se preocupar se a venda
vai ser concretizada ou não. Caso haja alguma divergência no futuro, o
e-mail com a resposta serve de garantia legal, pois com ele em mãos é
possível entrar com uma ação judicial de indenização por perdas e danos.
Previsão do tempo
Em São Paulo, o comprador que quiser descobrir por conta própria quanto
choveu nos últimos anos no bairro em que está interessado em comprar um
imóvel, pode recorrer diretamente ao Centro de Gerenciamento de
Emergências (CGE) da capital paulista. Basta enviar uma solicitação para
o e-mail cgesp1@gmail.com com o nome do bairro e o período que deseja
consultar.
Em breve o serviço será disponibilizado também pelo site www.cgesp.org.
Para saber qual é a situação da região na época das chuvas, faça uma
consulta do período de novembro a abril dos últimos três anos.
Correndo atrás do prejuízo
Se mesmo com todas as precauções a garagem subterrânea de seu prédio
inundar, e seu carro for invadido pelas águas, é possível tomar algumas
providências para tentar obter alguma compensação financeira do
condomínio. José Geraldo Tardin, presidente do Instituto Brasileiro de
Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), recomenda seguir os
seguintes passos:
1. Tirar fotos ou filmar, com o celular mesmo, os danos ocorridos e o local onde o carro estava;
2. Guardar recortes e noticiários de jornal sobre o alagamento;
3. Pesquisar na internet notícias de alagamentos ocorridos nos anos anteriores, para provar que o problema era conhecido;
4. Conseguir o boletim meteorológico para a região na internet;
5. Registrar um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia;
6. Fazer um levantamento dos danos e três orçamentos para o reparo;
7. Anotar nome e endereço de testemunhas.
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