O preço dos imóveis no Brasil nos
próximos 12 meses não irá cair, mas deixará de apresentar altas como as
dos últimos três anos e deverá seguir o mesmo patamar da inflação,
segundo especialistas. Dados do índice Fipe/Zap mostram que após subir
cerca de 20% no acumulado de janeiro a outubro de 2011, a alta do preço
dos imóveis desacelerou para 11% no mesmo período deste ano. Mesmo
menor, a alta ainda está longe dos 4,8% da inflação acumulada pelo IPCA
neste ano.
"Eu acho que o ritmo de
crescimento do preço dos imóveis não vai voltar ao que foi. Esse ano
está aumentando mais que a inflação, mas acredito que ele vai manter a
desaceleração que já aparece, pois é cada vez mais difícil vender imóvel
graças ao mercado - que está tentando se ajustar, já que não é tão
comum alta como as de 2008 a 2010", disse Adolfo Sachsida, pesquisador
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Ricardo
Almeida, professor de finanças do Insper, diz que o Brasil crescendo
pouco e a falta de eficácia das medidas do governo para aquecer a
economia contribuem para o arrefecimento da alta dos imóveis. "É de se
esperar que os preços acompanhem a inflação porque a gente está tendo um
limite no crédito imobiliário, com a inadimplência dando sinais
preocupantes e a economia crescendo pouco. Novos incrementos de renda
não estão agindo como se esperava e, por consequência, isso (a
estabilização da alta) poderá ser vista nos próximos 12 meses", afirmou
Almeida.
"O que a gente tem visto são os
preços crescendo na ordem de 0,9%, 1%, ou seja, bem próximo da inflação.
Mas, caso haja uma grande influência externa, um aumento ou redução no
crédito pode influenciar para cima ou para baixo os preços", disse o
coordenador do índice Fipe/Zap, Roberto Zac.
Confira
uma análise das perspectivas para os próximos 12 meses em comparação
com os dados desse ano apurados nas capitais observadas pela Fipe/Zap.
São Paulo
Para
a capital paulista, o economista chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci,
afirmou que a variação dos preços na cidade nos próximos 12 meses irá
depender da quantidade de novos empreendimentos imobiliários que serão
lançados - o que também influencia o preço dos usados.
"Se
nós voltarmos a ter um crescimento nos lançamentos, eu acredito que nós
não tenhamos um aumento da maior (do preço dos imóveis). Em 2010 e
2011, São Paulo lançou cerca de 38 mil unidades anuais, porém esse ano
iremos fechar em torno de 28 mil. Estamos vendendo o estoque. Caso haja
mais lançamentos, a paridade de preços com a inflação é possível, mas
por outro lado, se continuar assim a gente pode estimar um aumento maior
de preço".
Entre janeiro e outubro desse ano, os preços na capital paulista subiram 13,5%, segundo o índice Fipe/Zap.
Rio de Janeiro
O
vice-presidente do Secovi-RJ, Leonardo Schneider, afirmou que o mercado
na capital fluminense está em processo de ajuste após as seguidas altas
desde 2009, por isso acredita que os preços irão se ajustar com a
inflação. "No Rio de Janeiro estão havendo investimentos em segurança e
transporte, revitalizações de áreas. Isso faz com que as pessoas queiram
morar na cidade. Na zona sul, por exemplo, praticamente não tem terreno
para construir, o índice de renda da população está crescendo, menos
juros, mais prazos. Por isso, não haverá queda, mas sim uma acomodação,
uma desaceleração", afirmou.
Só neste ano, os preços de apartamentos no Rio subiram, em média, 12,8% (acima da média nacional).
Belo Horizonte
Assim
como em São Paulo, os preços dos imóveis em Belo Horizonte também estão
alinhados com a quantidade de novos lançamentos, porém o tamanho físico
da cidade atrapalha esta questão. Para Otimar Bicalho, diretor da
CMI/Secovi-MG, os preços irão registrar altas de cerca de 6% nos
próximos 12 meses. Até outubro, o metro quadrado na capital mineira
subiu 7,2%.
"Eu acho que nós estamos entrando
em uma fase de estabilização, ou seja, apenas há uma expectativa de
correção de 5%, 6% nos próximos 12 meses. Daí para frente é provável um
aumento maior, já que reduziram em cerca de 40% os lançamentos. Belo
Horizonte é uma cidade pequena. Os preços aqui sobem por falta de
terreno, e as novas construções são feitas no processo de demolição.
Isso aumenta muito o preço dos empreendimentos, que puxa também o preço
dos usados", disse.
Distrito Federal
O
Distrito Federal é o local que apresenta a menor alta dentre as
capitais, de acordo com o índice Fipe/Zap (2,7% no acumulado de2012).
Porém, para Carlos Hiram Bentes David, presidente do Secovi-DF, a grande
capacidade de compra da população local irá elevar os preços acima da
inflação. "Em termos demográficos, Brasília cresceu 25%. É o dobro da
média nacional, ou seja, aumenta a população com grande capacidade de
pagamento, é isso que mostra essa demanda consistente. Para os próximos
12 meses, a nossa expectativa é alta acima da inflação".
Salvador
Os
preços dos imóveis na capital baiana - que registraram queda de 0,2% em
setembro e acumulam alta de 6,5% no ano (abaixo da média nacional) -
não devem mais cair, porém irão se estabilizar, de acordo com o Kelso
Fernandes, presidente do Secovi-BA. "Eu acho que os preços estão com a
tendência de estabilização. Não acredito que ele continue caindo nem que
ele vá subir significativamente", disse.
Fortaleza
Na
capital do Ceará, o Secovi informou que o preço dos imóveis deve subir
ligeiramente acima da inflação. "Vai ficar em 10%, 12%", afirmou Paulo
Kuhn, consultor econômico do Secovi-CE. Só em 2012, o valor do metro
quadrado em Fortaleza já aumentou 11,6% - acima da média nacional.
Recife
Na
capital de Pernambuco - que tem a maior alta acumulada em 2012 dentre
as capitais pesquisas pela Fipe/Zap, de 16,8% - os preços irão se
estabilizar, principalmente pelos custos da mão de obra, segundo
informou o Sinduscon. "Nos próximos 12 meses irá ter uma estabilidade,
na verdade há uma pressão muito mais causada no aumento da mão de obra,
do que pela diferença de demanda e oferta. Mas no geral a tendência é a
estabilização", disse José Antônio Lucas Simon, vice-presidente da
entidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário