quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Agora é a hora de pechinchar na compra de imóvel

Preços em desaceleração no mercado e saldões de fim de ano podem oferecer boas oportunidades a quem busca a casa própria

Hugo Passarelli, do Economia & Negócios
  

SÃO PAULO - A desaceleração da alta do preço do imóvel em São Paulo é uma boa oportunidade para o consumidor encontrar a casa própria em condições mais favoráveis do que há um ou dois anos, quando o ritmo de valorização era mais forte.

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A situação deve permanecer confortável já que, segundo especialistas, a tendência é de estabilização do valor do metro quadrado. Além disso, os saldões de fim de ano podem ser a chance para se obter um desconto.
"O consumidor não vai encontrar um viés de alta e pode até conseguir comprar por um valor mais barato. Os preços estão mais corretos em comparação com o boom dos últimos anos", afirma João da Rocha Lima Júnior, professor de mercado imobiliário da Escola Politécnica da USP.
Diante da economia frágil, diz Rocha, as empresas estão acomodando seus preços para diminuir estoques. "Isso às vezes aparece de maneira indireta por meio dos descontos e das facilidades de compra."  
Ficar atento às promoções também pode ser uma maneira de conseguir um preço mais vantajoso. "Além dos estoques mais elevados, há também uma questão orçamentária. Algumas empresas precisam fechar o orçamento do ano e pode ser que façam 'loucuras' para vender um imóvel", afirma Roy Martelanc, professor da FEA-USP. "No fim de ano, o consumidor também tem mais tempo para procurar."
O economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, também acredita em um bom momento para o consumidor, mas ressalta que a expectativa de aceleração da economia no ano que vem pode levar a uma nova alta nas cotações do metro quadrado. "O aquecimento da atividade pode gerar um novo descolamento de preço a partir do 2.º semestre do ano que vem, por exemplo."
Preço baixo, contudo, nem sempre é sinônimo de bom negócio, especialmente no mercado de usados. "Um valor muito abaixo do preço de mercado indica que há alguma coisa de errado no local, às vezes um inventário mal resolvido ou dificuldade de deslocamento", afirma Elizeu Mardegan Júnior, diretor da BM Sua Casa, especializada em financiamento imobiliário.
Mas o momento de preços mais comportados não significa que os valores do metro quadrado caibam em todos bolsos. "Se quiser um bom preço, o consumidor não deve se restringir tanto a pequenas regiões, tem de estar disposto a migrar um pouco", diz Rodrigo Guedes, gerente-geral da imobiliária Lello. "O consumidor pode comprar algo menor e trocar daqui a cinco anos. Pelo menos ele não 'carrega' um imóvel mais caro sem necessidade", diz Martelanc, da FEA-USP.
Locação. Se o financiamento não couber no orçamento, uma saída é optar pela locação. "O comprador pode guardar a diferença do que pagaria no financiamento para comprar um imóvel no futuro", diz Martelanc.
É o que planeja o casal de engenheiros Cecília Merighi e Edson Hilios. "Noivamos no começo do ano, fizemos uma busca básica de valores e nos assustamos: os preços de uma casa padrão com dois quartos e uma vaga de garagem se iniciavam em R$ 450 mil", lembra Hilios. "Cogitamos alugar. Nossos colegas de trabalho, incluindo gerentes, não tiveram um aumento tão substantivo do salário como houve nos preços imobiliários." Há dois meses, eles intensificaram a busca, mas ainda sem sucesso.
O imóvel que procuram, com dois quartos e duas vagas de garagem, teria de custar até R$ 500 mil, valor máximo que é possível aportar do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A maior dificuldade, contam, é o trato com os corretores. "Vemos que a diferença de valores cobrados entre imobiliárias é muito grande, coisa de R$ 100 mil."
Estabilidade. Em São Paulo, o momento mais estável do mercado imobiliário se reflete no movimento desigual de alta entre os bairros. O índice FipeZap, que pesquisa o valor de imóveis prontos (exceto lançamentos) na internet, já capta uma oscilação de quase 50 pontos porcentuais entre os locais com maior e menor variação. É o caso da Santa Ifigênia, no centro da cidade, cujo metro quadrado subiu 41,6% nos últimos 12 meses até outubro.

Na outra ponta, a região de Cidade A.E. Carvalho, na zona leste da capital, o metro quadrado recuou 7,7% no mesmo período. "A oscilação da variação de preço é grande, mas eu considero isso um sinal de que o mercado está mais dentro da normalidade", afirma Eduardo Zylberstajn, coordenador do FipeZap. / COLABOROU YOLANDA FORDELONE  

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