Após anos de abandono e com apenas 1% de market share, marca muda sua identidade visual, suas embalagens, reformula sua receita e foca suas ações nas mulheres modernas
Uma nova margarina para uma nova consumidora
O primeiro passo para “relançar” a Claybom foi dar-lhe um
posicionamento claro, dando destaque ao seu uso culinário, mas sem
descartar que ela pode ser utilizada também para passar no pão. Por isso
foi criado o mote “Claybom Para Tudo é Bom”. A empresa enfatiza a
versatilidade do produto para atrair um perfil diferente de consumidora:
mulheres mais jovens, entre 30 e 40 anos, que possuem diversas
atribuições, trabalham, estudam e cuidam da casa.
Com
isso, a marca se afastou das consumidoras mais velhas e modernizou sua
linguagem. Sua identidade visual e suas embalagens foram atualizadas. O
tradicional esquema de cores em tons de amarelo foi substituído por azul
e verde para se diferenciar no ponto de venda. A imagem da menina que
simbolizava a Claybom foi retirada, mas foi mantido o “Nhac”, som de
mordida utilizado na comunicação da margarina.
As mudanças aconteceram também por dentro. O produto teve a sua receita
reformulada e além do tradicional, chega ao mercado em dois novos
sabores: Baunilha, mais adequado para confeitaria, e Alho & Cebola,
recomendado para temperos. “É uma margarina cremosa e com sabor marcante
para ser utilizada no pão, por exemplo, mas é também perfeitamente
adequada para ser utilizada na culinária. Acredito que este foi o passo
mais importante que demos, pois o produto realmente está muito bom e as
pessoas perceberão este diferencial. Com isso, vamos atrair uma mulher
que é mais versátil e não aquela dona de casa que unicamente cuidava da
família”, explica o Diretor de Marketing da BRF.
Rejuvenescimento sem perder as origens
Embora tenha passado por mudanças na sua receita e em sua identidade, a
Claybom não pode se desvencilhar totalmente do seu histórico. A BRF
tinha a exata noção de que embora a margarina estivesse há algum tempo
sem realizar ações de comunicação, ela ainda estava na lembrança dos
brasileiros. Logo, os valores da marca deveriam ser conservados nas
embalagens, nos materiais de ponto de venda e também nas ações de mídia
que estão sendo realizadas.
Houve uma preocupação especial em como comunicar ao consumidor o novo
momento da marca. Para dar suporte ao reposicionamento, foi criado um
novo site e também o SAC específico para tirar dúvidas dos clientes.
Isso tudo para compensar os quase dez anos de ausência total na mídia e
não macular o patrimônio do produto. “Não podemos fugir nem abandonar
totalmente os códigos que consagraram o produto original. Quando a
mudança é muito brusca, as pessoas ficam com a sensação apenas de que
demos o mesmo nome para um produto totalmente diferente. E isso fere a
memória afetiva do público. Foi um grande desafio”, explica Wilson
Mateos, Diretor de Criação da DM9, agência responsável pelo projeto, em
entrevista ao Mundo do Marketing.
O planejamento está gerando bons resultados. A BRF não divulgou os
números investidos neste reposicionamento e nem os resultados em vendas
até o momento, mas a empresa vem recebendo feedback dos consumidores.
“No SAC que montamos para a nova Claybom, estamos recebendo muitos
comentários positivos. Muitas pessoas inclusive nos agradecem por
estarmos
resgatando
a marca e dando a oportunidade de que eles relembrem os bons momentos
da infância. Estes são sinais de que estamos no caminho correto”,
comenta Eduardo Berstein, Diretor de Marketing da BRF.
A empresa tem boas expectativas para 2013. Como o mercado de margarinas
não tem um giro muito rápido, a marca não espera por resultados
significativos neste primeiro momento. Para um produto que no passado
esteve na liderança em algumas regiões, como o Nordeste, é um recomeço
para no próximo ano retomar seu espaço. “Vamos lutar para nos tornarmos a
segunda marca do Brasil”, avisa Eduardo Berstein.
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