Agências passam a atuar de forma integrada e sob o mesmo teto
As agências Grey141 e Possible, ambas do grupo
WPP, anunciaram na semana passada uma parceria estratégica que segue a
mesma tendência já ocorrida nos Estados Unidos e em alguns países
europeus: a partir dessa segunda-feira (2), a Possible passa a fazer
parte do grupo Grey141 — resultado da fusão das agências Grey e 141 Soho
Square, em janeiro passado —, e terá sua equipe, com cerca de 60
profissionais, integrada à sede da Grey no bairro do Morumbi, em São
Paulo.
No Brasil, a Possible surgiu da compra da
agência de marketing digital Gringo pelo Grupo WPP, em 2011. Entre seus
clientes estão empresas como Abril, Absolut, Coca-Cola, IO e Itaú. Tem
no comando a ceo Fernanda de Jesus e o cco André Matarazzo. Segundo
Fernanda, as agências irão atuar de maneira integrada em projetos
conjuntos. “Vamos buscar uma maior sinergia entre nossas áreas criativas
e estratégicas, que já existe, porque na verdade já vínhamos
trabalhando juntos, pouco a pouco”, afirma, se referindo a projetos
digitais realizados para companhias como a P&G.
A executiva lembra que, apesar de estarem
atuando agora inclusive na mesma sede, as duas operações continuam
independentes. “Não temos clientes conflitantes, mas creio que não
existe problema caso isso venha a ocorrer. Assim como também podemos nos
envolver em trabalhos com outras agências de publicidade, inclusive de
fora do WPP (que detém ainda empresas como Y&R, Ogilvy e JWT). É
tudo questão de demanda por parte do cliente”, explica.
Ceo do grupo Grey141, composto por quatro
unidades (Grey, 141 Soho Square, 141 Brasília e 141 Newport), Luiz
Kroeff diz que a agência já possuía uma estrutura digital, mas era
necessário um plus para fazer com que a Grey141 pudesse definitivamente
estar totalmente preparada para o atual momento da comunicação. “O
digital é hoje o maior meio integrador de uma plataforma 360. Estamos
vivendo um terceiro momento dessa nova era. Primeiro, o digital
complementava um trabalho. Depois passou a fazer parte de um conjunto de
plataformas que integravam esse trabalho. Agora é ele quem é
responsável por integrar todas as pontas de uma ação. Queremos formar um
grupo mais preparado para os desafios da era digital, que se aceleram
rapidamente. E vejo que os perfis dos profissionais das duas agências se
complementam. Tanto que descartamos, a princípio, fazer novas
contratações para a área digital da Grey141, como estávamos pensando
antes dessa parceria ser concretizada. E também não iremos fazer cortes,
em nenhuma das duas empresas”, diz Kroeff.
Ainda discorrendo sobre o atual momento da
cultura digital, o executivo diz que 2012 é o ano em que o meio irá
realmente “explodir” no Brasil. “Chegamos a um patamar que, por
experiências vistas em países já mais avançados na área, é aquele do
momento em que o digital irá se intensificar ainda mais entre agências e
anunciantes”. Kroeff se refere ao crescimento de 40% que o meio obteve
no ano passado. “Pode apostar que agora o investimento na área irá
crescer ainda mais”, completa, dizendo que o anunciante que diz ainda
não estar preparado para enfrentar essa nova era, irá sofrer. “Ele pode
não estar preparado, mas o consumidor está discutindo sua marca nas
redes. E isso ocorre continuamente, a gente querendo ou não. Seja por
meio do computador, do móbile ou de qualquer outro device, é um caminho
sem volta, e que não se restringe mais às classes A e B”.
Fernanda lembra que mesmo o varejo, que ainda
investe mais nos tradicionais formatos “30 segundos na TV/anúncios de
jornal”, está com uma maior interação junto aos meios digitais. “O
e-commerce cresce a passos acelerados. As lojas ponto.com encontraram a
fórmula certa de vender seus produtos iguais às lojas físicas”. Já
Kroeff pega como exemplo alguns cases do último Cannes Lions, ocorrido
agora em junho. “O case ‘Nike+FuelBand’ (vencedor de dois GPs em Cannes —
Cyber e o cobiçado Titanium Lions) é um grande sinal do que está por
vir. Algo que sai totalmente do tradicional, agregando uma maneira
diferente de pensar”.
“Nike FuelBand”, criado pela R/GA de Nova York,
não é uma campanha mercadológica, mas sim uma pulseira eletrônica
desenvolvida para a marca,que mede dados sobre a atividade física diária
do usuário. E se encaixa perfeitamente naquilo que muitos profissionais
do meio caracterizam como a comunicação do futuro: algo que irá mudar a
relação do consumidor com uma marca. Enfim, um produto que realmente
estabelece um diálogo com o consumidor e passa a fazer parte de verdade
de seu dia a dia, e não apenas uma marca que se comunica unilateralmente
com o cliente.
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