segunda-feira, 2 de julho de 2012

Construções ganham projeto de revitalização

Igreja e cinema abandonados há 30 anos, na Vila Morro Grande, podem ser reformados. Veja o vídeo!


Exatamente às 11h uma sequência de estrondos ecoavam na Vila Morro Grande, na Zona Norte da capital, e alcançavam os bairros vizinhos como a Vila Cruz das Almas onde nasceu o advogado Nivaldo Godoy, de 61 anos. O som da explosão das rochas da antiga Pedreira Morro Grande era esperado por ele todas as manhãs e não assustava mais. “Já estávamos acostumados porque acontecia no mesmo horário. À tarde, começava às 17h”, relembra.
Para Godoy, o barulho é a recordação de um tempo feliz. Das missas aos domingos na igreja, dedicada à Santa Clara,  e de como conseguia avistar o Pico do Jaraguá pela janela atrás do altar enquanto ouvia o sermão do padre. No cinema assistiu  filmes de romance, comédia e faroeste e realizou a sua festa de formatura do ginásio.  Para o advogado, é lamentável ver o abandono das edificações. “Há mais de 30 anos elas estão largadas. Dá uma tristeza. Foi um lugar que teve muita vida”, queixa-se.
O antigo morador do bairro, Arquimedes Matias Cardoso, 49 anos, estudou na escola que ficava no mesmo prédio do cinema e onde a banda da cidade se apresentava. “Os lugares eram concorridos. Eu ficava esperando abrir as portas. Quem teve uma infância no Morro Grande, nesse tempo áureo da Vila, é impossível não ter sido superfeliz”, recorda.
A Rua Raimundo Cunha Matos é o endereço onde foram construídas a antiga Pedreira Morro Grande, a Tecelagem Santo Eduardo Tecidos de Algodão, o cinema, a igreja, o cafezal e as casas para os funcionários. Atualmente funcionam metalúrgicas nos galpões da tecelagem, o cafezal é um terreno baldio e a antiga pedreira continua abandonada. As construções estão pichadas e deterioradas. No local, há apenas nove casas  que ainda mantêm a mesma aparência de quando foram erguidas  e pouco mais de dez moradores. Não fosse pelo  movimento dos micro-ônibus,  que usam o endereço como ponto final, a rua seria  praticamente deserta.


O Sindicato das Cooperativas de Reciclagem do Estado de São Paulo  trabalha, desde 2005, num projeto de revitalização para a região do Morro Grande. O documento contempla a criação de uma cooperativa de reciclagem nos antigos armazéns da tecelagem e de uma horta no terreno que foi o cafezal. Além disso, transforma o prédio do cinema em uma casa de cultura e  reforma a igreja para devolver o prédio à comunidade. Na semana passada o sindicato apresentou um ofício  ao vereador Claudinho de Souza (PSDB). “O nosso desejo é gerar emprego em uma área que é  nobre e tem infraestrutura, além de capacitar a comunidade para trabalhar na região. Temos de analisar  o que pode ser reaproveitado e tombado”, afirma o diretor José Carlos Lima.



Está em tramitação na Câmara um projeto de lei para criar, em parceria com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente, um parque municipal na área da antiga pedreira. Em nota, a pasta informou que a Prefeitura não detém  a posse da área e, portanto, o local ainda não é um local público. Por esse motivo a criação do parque está emperrada.  Até o final desta edição a Pedreira Anhanguera não respondeu os questionamentos do DIÁRIO.



Inauguração:  1962/1963

Localização:  Vila Morro Grande, Freguesia do Ó, Zona Norte da capital

1943
O empresário Elysio Teixeira Leite funda a Pedreira Morro Grande Ltda., na vila Morro Grande, no bairro da Freguesia do Ó.
1949
O genro do empresário,  Thomaz Melo Cruz, assume o controle da empresa após a morte do sogro.
1954
É fundada a Pedreira Anhanguera S.A. 
1960
Thomaz constrói a igreja e o cinema para os seus funcionários usufruirem nos dias de folga. Os colaboradores também montaram uma banda, que durou mais de 10 anos. 
1970
Moradores contam que nessa época, com a desativação da antiga pedreira, os prédios foram deixados de lado.  
1981
Forma-se a Pedreira Anhanguera S.A Empresa de Mineração devido à fusão de empresas. 
2005
O Sindicato das Cooperativas de Reciclagem do Estado de São Paulo inicia um projeto para revitalizar a igreja e o cinema.
2008

O vereador  Claudinho de Souza (PSDB) cria o projeto de Lei 301/08 para a implantação de um parque municipal na antiga pedreira.   

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