Nova geração está 'anos-luz' à frente da antecessora, mas teste foi curto. Motor forte é casado com câmbio que pede habilidade no primeiro contato.
O ano de 2012 ainda guarda uma boa dose de lançamentos para o segundo
semestre, mas entre as picapes médias não há mais nada a esperar. Com Mitsubishi L200, Toyota Hilux e Nissan Frontier discretamente atualizadas; Volkswagen Amarok com o tão esperado câmbio automático; e Chevrolet S10
transformada em um novo carro, a Ford Ranger - que chega em agosto ao
Brasil - encerra o ciclo de novidades num segmento largado nos últimos
anos, mas que de repente passou a "bombar".
Se a GM recorreu à engenharia da Tailândia para desenvolver a nova S10, a Ford
acionou a sucursal australiana para criar sua picape média, agora
global. Segundo a montadora norte-americana, foram investidos US$ 1,1
bilhão para que plataforma, transmissões, motores interior e design
fossem totalmente distintos – nem mesmo os parafusos são os mesmos, diz a
marca.
O objetivo de qualquer picape média atualmente é se aproximar de um
carro quando o assunto é interior e dirigibilidade. E a Ranger,
apresentada no último domingo (1º), na Argentina, não é exceção. Veja preços e linha do tempo.
Primeiras (e curtas) impressões
A Ford promoveu um (mal elaborado) teste da nova Ranger em Salta, no interior da Argentina. O repórter do G1
pôde avaliar a nova picape por cerca de 80 km, mas só em 20 km deles
como motorista – e apenas num trecho off-road, sem experimentar como
condutor condições de asfalto, seja em rodovias ou perímetros urbanos.
Picape não sofria grandes mudanças desde 1994 (Foto: Divulgação)
A primeira experiência, que deixou boas impressões, foi no lugar do
passageiro dianteiro. Os bancos são confortáveis, como na maioria dos
Ford, a operação do rádio e do ar-condicionado bizona é simples e o
espaço é satisfatório – mesmo após o passageiro de trás ter solicitado
que o banco dianteiro fosse movido para frente.
Espaço traseiro é superior ao das concorrentes (Foto: Divulgação)
Tal pedido sugeriu que o espaço traseiro poderia ser escasso, mas, nos
20 km seguintes, como ocupante da segunda fileira, foi possível notar
que a Ranger é diferente nesse ponto: há razoável espaço para as pernas,
o assento é mais alto do que o comum e o encosto é mais inclinado do
que nas concorrentes. Não chega, no entanto, a ter o "conforto de sedã"
que a marca tenta emplacar.
O acabamento mostra que a união entre materiais simples, bom gosto e qualidade de construção pode ser uma realidade.
Painel tem informações claras (Foto: Divulgação)
Apesar do lançamento do inédito motor flex, a única versão oferecida
para o teste era equipada com motor 3.2 (diesel) e câmbio manual.
Curiosamente, tratava-se de uma Limited, que não será vendida no Brasil –
por aqui, apenas a versão XLT traz a combinação motor 3.2 e câmbio
manual.
A posição de guiar, essa sim, pode se assemelhar mais à de um sedã, com
destaques para o volante de boa empunhadura e o painel, que esbanja bom
gosto e clareza nas informações. A alavanca de câmbio à mão do
motorista completa as boas notícias em relação à ergonomia.
O circuito off-road era formado por subidas com elevado grau de
inclinação, vencidos com facilidade; declives onde o controle automático
de velocidade em descidas segurou a picape com habilidade; e um córrego
atravessado sem dificuldades. A impressão é que era possível exigir
mais da picape.
Engates do câmbio manual exigem paciência nos primeiros quilômetros (Foto: Divulgação)
Quanto a motor e câmbio, o primeiro mostra força em baixas rotações e –
ao menos da visão de passageiro – vai bem em altas; enquanto o segundo
tem engates que exigem certa paciência nos primeiros quilômetros, mas
melhoram com o tempo. São mais agradáveis do que os de S10 e Frontier,
mas ficam longe da precisão do da Amarok.
O primeiro contato com a Ranger deixa a suspeita de que o segmento de
picapes médias tem ela e a Amarok num patamar superior de qualidade de
construção e dirigibilidade – e que sua antecessora ficou anos-luz no
passado. A confirmação virá num futuro contato mais extenso.
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