Os bancos cobram taxas de até R$ 1.900 dos trabalhadores que pretendem
comprar um imóvel à vista com o dinheiro depositado na conta do FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Pelas regras, o saque só vale para moradias avaliadas até R$ 500 mil e deve ser intermediado pelas instituições financeiras.
O Banco do Brasil é o único que não faz esse tipo de negócio, entre os seis maiores pesquisados pela Folha.
O problema é que os valores cobrados pelos bancos são elevados e,
segundo consultores, alguns se aproveitam da intermediação para oferecer
seus produtos.
De acordo com o advogado Marcelo Tapai, especialista em direito
imobiliário, é preciso ficar atento a pressões para a abertura de conta,
por exemplo, com a promessa de agilizar o negócio.
"O fundo é um direito do trabalhador e a sua liberação não pode estar vinculada a produtos", diz.
Além disso, a liberação dos recursos segue um trâmite de até dois meses, prazo considerado longo para esse tipo de transação.
Entre os bancos consultados, a maior taxa foi encontrada no HSBC --R$
1.900 independentemente do valor do imóvel. Os demais cobram R$ 1.600 e
um valor menor para imóveis até R$ 170 mil.
Segundo as instituições financeiras, a arrecadação é feita para cobrir
custos envolvidos no processo. Um deles é a avaliação da moradia.
O FGTS exige um laudo que mostre que o imóvel custa, no máximo, R$ 500
mil. Também entram na conta os custos operacionais dos bancos
envolvidos, como as análises jurídicas dos contratos necessários para
que o negócio seja fechado.
"Imóveis que não estão com a documentação regular lideram os casos de
recusa na liberação do fundo", afirma Henrique José Santana, gerente
nacional do FGTS.
"Os contratos de gaveta [sem formalização oficial] ainda são comuns e,
nesses casos, a liberação do FGTS é vetada", afirma a gerente de
negócios da Lello Imóveis, Gilmara dos Santos.
O fundo também poderá barrar o saque se o condomínio ou o IPTU estiver
atrasado. "Não deve haver qualquer restrição que traga risco ao
negócio."
REQUISITOS
O interessado em sacar o FGTS deverá atender a uma série de requisitos,
como possuir pelo menos três anos de trabalho com carteira assinada, na
mesma ou em empresas diferentes.
Em um primeiro momento, será necessário reunir a documentação, como certidão do imóvel e declaração do Imposto de Renda.
O agente financeiro encaminhará a documentação e será feita a avaliação.
Depois, o valor ficará bloqueado esperando o registro da nova escritura
da moradia. Após a vistoria e entrega do documento, o FGTS tem prazo de
cinco dias para creditar o banco, que fará o repasse ao vendedor do
imóvel.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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