Livrarias digitais estão definindo estratégias de mercado com base nos
dados fornecidos pelos aplicativos que os leitores de e-books usam.
Para aprimorar seus serviços, as americanas Barnes & Noble e Amazon
--que têm seus próprios equipamentos e aplicativos para e-books--
aproveitam dados como a frequência de leitura e as marcações que os
leitores fazem de páginas e trechos, segundo uma reportagem do "Wall
Street Journal". A Barnes & Noble compartilha algumas informações
com editoras.
Com a coleta de dados sobre os leitores --que está prevista nos termos
de uso das livrarias-- é possível estabelecer novos rumos. A Barnes
& Noble, por exemplo, decidiu lançar uma seção de livros curtos
depois de ver que seus leitores costumavam abandonar obras longas de não
ficção pelo meio.
Shannon Stapleton /Reuters | ||
Kindle Touch, da Amazon, um dos leitores de e-book mais populares do mundo |
BRASIL
No Brasil, grandes livrarias nacionais já acompanham a tendência de analisar hábitos dos leitores.
O Saraiva Digital Reader, aplicativo da livraria Saraiva para várias
plataformas, coleta dados como o tempo de leitura e os dias da semana em
que o usuário mais lê.
"As informações nos ajudam a entender o comportamento dos clientes em
cada tipo de aparelho", afirma Marcílio Pousada, diretor-presidente da
Saraiva.
Segundo ele, a livraria pode, por exemplo, dar ênfase a livros digitais
nas recomendações do site se o cliente for um leitor assíduo de e-books.
Joaquim Garcia, diretor de tecnologia da informação da Livraria Cultura,
fala que a empresa já trabalha para ter um sistema parecido. Hoje, a
plataforma deles registra as aquisições que o cliente faz e dá
recomendações baseadas nisso, mas não recolhe dados sobre os hábitos de
leitura.
Nos EUA, a Electronic Frontier Foundation, que defende o direito à
privacidade na rede, luta para evitar que lojas de livros possam
entregar dados de clientes a autoridades sem que uma corte aprove. "Há
um ideal de sociedade em que o que você lê não é da conta de ninguém",
disse Cindy Cohn, diretora jurídica da EFF, ao "WSJ".
MERCADO PEQUENO
Uma pesquisa do Instituto Pró-Livro feita em mais de 5.000 domicílios em
todos os estados do Brasil, publicada em março, apontou que 70% dos
brasileiros nunca tinham ouvido falar de e-books.
A Livraria Cultura diz que menos de 1% dos livros que vende são
digitais. A americana Amazon --que planeja chegar ao Brasil ainda em
2012, segundo a Reuters-- viu seus e-books superarem a venda de livros
físicos em 2011, segundo a IHS iSuppli.
Ivan Pinheiro Machado, editor da L&PM, diz que registrar o
comportamento dos leitores de e-books num mercado incipiente como o
brasileiro ainda é irrelevante.
A escritora Martha Medeiros, cujo e-book "Noite em Claro" é sucesso na
Cultura, diz que jamais levaria em conta dados sobre leitores. "Não
estamos trabalhando com uma margarina", afirma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário