segunda-feira, 16 de julho de 2012

Hábitos de leitores ajudam livrarias a definir estratégias



 Livrarias digitais estão definindo estratégias de mercado com base nos dados fornecidos pelos aplicativos que os leitores de e-books usam.


Para aprimorar seus serviços, as americanas Barnes & Noble e Amazon --que têm seus próprios equipamentos e aplicativos para e-books-- aproveitam dados como a frequência de leitura e as marcações que os leitores fazem de páginas e trechos, segundo uma reportagem do "Wall Street Journal". A Barnes & Noble compartilha algumas informações com editoras.
Com a coleta de dados sobre os leitores --que está prevista nos termos de uso das livrarias-- é possível estabelecer novos rumos. A Barnes & Noble, por exemplo, decidiu lançar uma seção de livros curtos depois de ver que seus leitores costumavam abandonar obras longas de não ficção pelo meio.
Shannon Stapleton /Reuters
Kindle Touch, da Amazon, um dos leitores de e-book mais populares do mundo
Kindle Touch, da Amazon, um dos leitores de e-book mais populares do mundo
BRASIL
No Brasil, grandes livrarias nacionais já acompanham a tendência de analisar hábitos dos leitores.
O Saraiva Digital Reader, aplicativo da livraria Saraiva para várias plataformas, coleta dados como o tempo de leitura e os dias da semana em que o usuário mais lê.
"As informações nos ajudam a entender o comportamento dos clientes em cada tipo de aparelho", afirma Marcílio Pousada, diretor-presidente da Saraiva.
Segundo ele, a livraria pode, por exemplo, dar ênfase a livros digitais nas recomendações do site se o cliente for um leitor assíduo de e-books.
Joaquim Garcia, diretor de tecnologia da informação da Livraria Cultura, fala que a empresa já trabalha para ter um sistema parecido. Hoje, a plataforma deles registra as aquisições que o cliente faz e dá recomendações baseadas nisso, mas não recolhe dados sobre os hábitos de leitura.
Nos EUA, a Electronic Frontier Foundation, que defende o direito à privacidade na rede, luta para evitar que lojas de livros possam entregar dados de clientes a autoridades sem que uma corte aprove. "Há um ideal de sociedade em que o que você lê não é da conta de ninguém", disse Cindy Cohn, diretora jurídica da EFF, ao "WSJ".
MERCADO PEQUENO
Uma pesquisa do Instituto Pró-Livro feita em mais de 5.000 domicílios em todos os estados do Brasil, publicada em março, apontou que 70% dos brasileiros nunca tinham ouvido falar de e-books.
A Livraria Cultura diz que menos de 1% dos livros que vende são digitais. A americana Amazon --que planeja chegar ao Brasil ainda em 2012, segundo a Reuters-- viu seus e-books superarem a venda de livros físicos em 2011, segundo a IHS iSuppli.
Ivan Pinheiro Machado, editor da L&PM, diz que registrar o comportamento dos leitores de e-books num mercado incipiente como o brasileiro ainda é irrelevante.
A escritora Martha Medeiros, cujo e-book "Noite em Claro" é sucesso na Cultura, diz que jamais levaria em conta dados sobre leitores. "Não estamos trabalhando com uma margarina", afirma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário