Avaliação de Meio & Mensagem aponta o que a publicidade brasileira fez de mais relevante
Desde seu lançamento, há mais de 34 anos, Meio & Mensagem
acompanha de perto a evolução da indústria da comunicação. As campanhas
publicitárias, forma mais evidente de como o talento da criação se
expressa, sempre ocuparam um espaço importante na nossa cobertura ao
longo dessa trajetória. No entanto, percebemos que é preciso ir além do
mero registro dessas campanhas. São necessárias também, periodicamente,
avaliações algum tempo após suas veiculações.
Diante dessa
demanda, decidimos criar um painel do que de melhor é feito pela
publicidade nacional, que possa servir de referência para todo o
mercado. Para tanto, a partir de agora, publicaremos periodicamente
levantamentos com as mais relevantes campanhas desenvolvidas pelas
agências instaladas no País para as marcas que atendem. Este
acompanhamento irá gerar compilações regulares das melhores campanhas
brasileiras, como o balanço do primeiro semestre de 2012 publicado nesta
reportagem.
Uma observação mais atenta mostra que a publicidade
nacional desenvolve uma infinidade de sacadas criativas pontuais,
algumas muito boas, mas grande parte de baixo impacto. Para
justificá-las, os views no YouTube dos filmes e vídeo cases e likes no
Facebook viraram as novas moedas de ROI — e, em alguns casos, as únicas.
Entretanto, mesmo gerando um buzz inicial, a maioria se mostra inócua
para a vida da marca em médio prazo.
Talvez a busca desenfreada
por prêmios, ocasiões em que só funcionam os cases embalados ao gosto do
júri da ocasião, esteja contribuindo para uma distorção sobre o que de
fato faz a publicidade brasileira no dia a dia. E até cause a falsa
percepção de que o trabalho cotidianamente colocado na rua é muito ruim —
e, por isso, a única saída para dar um ar mais criativo ao mercado
seria mesmo a “produção paralela” de peças pensadas e executadas somente
com vistas aos festivais internacionais. No entanto, um olhar mais
apurado consegue identificar boas campanhas feitas pela publicidade
brasileira, muitas das quais com resultados positivos para os objetivos
mercadológicos das marcas que anunciam.
O trabalho de seleção das
ações aqui destacadas, realizado pela redação de Meio & Mensagem,
leva em conta aspectos como a relevância das ações para as respectivas
marcas e seus segmentos de mercado, a adequação ao target pretendido, a
abrangência e a repercussão popular das campanhas, os resultados
conhecidos gerados para os anunciantes e a evolução e consistência de
seus conceitos de comunicação.
Apesar de a escolha final ter sido
feita pelo corpo editorial, a partir da consulta de todo o material
publicado em 2012 nas edições impressa e online, nas últimas semanas, a
redação esteve em contato com as maiores agências do País, considerando
as indicações feitas por suas áreas de criação.
O resultado pode
ser conferido a seguir, na seleção das dez melhores campanhas do
primeiro semestre de 2012, publicadas em ordem alfabética pelo nome do
anunciante. São eles: Ford, Gillette, Guaraná Antarctica, Itaú, Net,
Nike, Pepsi, Skol, Sky e Visa. Não se trata de um ranking, mas de uma
seleção que, em última instância, serve como uma forma de valorizar o
trabalho do dia a dia feito pelas agências e produtoras.
FORD
“Upgrade”, da JWT
O uso de celebridades em campanhas costuma vir acompanhado de ideias
pouco criativas, calcadas apenas na fama do protagonista. Não é o caso
da campanha de varejo da Ford, protagonizada por Paulo Zulu (“Plástica”)
e Claudia Leite (“Show”), que aparecem para dar um upgrade em situações
engraçadas, antes dos filmes mostrarem as ofertas: quem comprava um
modelo 1.0 levava um carro 1.6; ou então ar condicionado grátis. O
comercial mais recente é “Peixão”, que segue a mesma linha, mas sem
famosos. Leia mais aqui sobre o filme com Paulo Zulu e aqui sobre o estrelado por Claudia Leite.
GILLETTE
“Vai amarelar?”, da Africa
A Gillette
encontrou uma forma bem-humorada de combater o barbeador concorrente da
Bic, tradicionalmente conhecido por sua cor amarela. Com o MMA ganhando
público no Brasil, escalou Vitor Belfort como protagonista e adequou bem
à situação de escolha do consumidor no ponto de venda o bordão típico
das lutas: “Vai amarelar ou vai de Gillette?”. A campanha foi lançada na
fanpage da marca no Facebook, com veiculações em grandes portais e
exibição do comercial no YouTube, e só depois ganhou a TV, as revistas e
os pontos de venda (leia mais aqui).
GUARANÁ ANTARCTICA
“Ex-Lover Blocker”, da DM9DDB
A marca que já é uma das que melhor usam as mídias interativas e as
redes sociais conseguiu ampliar sua presença também para a plataforma
mobile com sua ação de Dia dos Namorados. Ao aplicativo contra recaídas
amorosas criado para a ocasião se juntaram promoções no Facebook e
merchandising na TV. Com originalidade, atingiu bem o seu jovem target.
ITAÚ
“Bebê”, da Africa
O vídeo caseiro
norte-americano transformado em comercial da instituição financeira foi o
grande hit da publicidade brasileira no primeiro semestre e levou o
Itaú, pela primeira vez, à liderança da pesquisa Lembrança de Marcas na
Propaganda de TV, realizada pelo Datafolha e publicada por Meio &
Mensagem (leia mais aqui).
Desde a veiculação, 625 mil clientes do Itaú cancelaram o recebimento
de extratos em papel, atendendo ao apelo da campanha: “Use papel para o
que realmente vale a pena”. A abordagem gerou protestos da Associação
Brasileira da Indústria Gráfica (leia mais aqui). E leia mais sobre este comercial e sua repercussão aqui, aqui e aqui.
NET
“Tipo Net”, da Talent
Reproduzindo com bom
humor situações cotidianas, a campanha consegue colocar a marca
anunciada em um patamar diferenciado das concorrentes e fazer rir.
Assim, contribui para o processo de constante construção da marca, bem
conduzido pela Talent nos últimos anos. O “Tipo Net” pode virar o novo
“Não é assim uma Brastemp” — um dos melhores cases da história da
agência. A série de comerciais anuncia os produtos TV HD, banda larga e
telefonia. A mídia impressa completa a campanha com anúncios que trazem
situações comparativas, como um guepardo representando quem tem a banda
larga da Net e uma tartaruga fantasiada de guepardo representando quem
tem banda larga “tipo Net”.
NIKE
“BRA x SIL”, da F/Nazca S&S
A bem
executada ideia de mostrar que o principal adversário a ser vencido pela
seleção brasileira de futebol é ela própria mostrou que é possível
abordar de maneira diferenciada este que é o tema mais usado pela
publicidade nacional. O filme foi a maior produção já feita pela Nike no
Brasil, foi veiculado apenas na internet e integra a campanha que deu
inicio a estratégia da marca com vistas a Copa de 2014 (leia mais aqui).
PEPSI
“Tradutor”, da AlmapBBDO
A ótima campanha
“Pode ser?”, vencedora do Grand Effie 2011, ganhou desdobramento
inusitado neste ano em um filme protagonizado pelo técnico Joel Santana e
seu peculiar inglês, conhecido nacionalmente desde que ele comandou a
seleção da África do Sul, em 2009. Este comercial criou um novo bordão
popular: “Pode to be?” (leia mais aqui).
SKOL
“Pé no feriado”, da F/Nazca S&S
A Skol confirmou no primeiro semestre sua fama de boas campanhas. Além de uma ótima ação de Carnaval (“Despedida”),
a marca estreou nas vésperas da Páscoa um novo conceito que mexe com um
dos momentos mais aguardados pelos brasileiros: os feriados. A campanha
acontece sempre atrelada a uma promoção nos pontos de venda: a cada
doze latas compradas, o consumidor leva mais uma de graça. Tem ainda
desdobramentos no Facebook.
SKY
“Em que época você vive?”, da Giovanni+DraftFCB
Não é fácil se diferenciar nos intervalos comerciais brasileiros tendo
Gisele Bündchen como garota-propaganda, afinal ela pode voltar
anunciando outra marca alguns segundos depois. As campanhas da Sky têm
sido das poucas que conseguem fazer uso inteligente da brasileira que
virou personalidade mundial e desde o inicio do ano aparece nos filmes
da marca caracterizada como Maria Antonieta (leia mais aqui).
VISA
“Amigos”, da AlmapBBDO
A mudança no
conceito de comunicação da marca, primeiro criado por sua nova agência, a
AlmapBBDO, encontrou uma forma inusitada e bem-humorada para convencer
os consumidores a trocarem o dinheiro por meios eletrônicos de
pagamento. Conseguiu substituir bem o mote anterior, dos cantores de
bolero, que também havia obtido boa repercussão (leia mais aqui).
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