Estratégia de criar interação e atratividade nas gôndolas de hipermercados pode ser o pontapé inicial para alavancar vendas, mas falta visão institucional das marcas
Relacionamento estratégico
O relacionamento estratégico entre as empresas e os shoppers é o
primeiro passo para que as ações de Gerenciamento de Categorias deem
retorno. Ainda que as marcas não divulguem números de faturamento, as
que se sobressaem no mercado não são, necessariamente, as que mais
crescem, mas sim as que se mantêm por mais tempo. Os 15% de aumento nas
vendas que um bom Gerenciamento de Categoria pode alcançar, representa,
segundo D’Andrea, um faturamento de até dois dígitos superior em relação
ao que antes da estratégia se chegava.
Outro ponto é saber segmentar os produtos de maneira que eles atendam o
maior número de consumidores. “É preciso pensar no que dá mais
resultado, com menos esforço, o que significa entregar soluções. Os
produtos que estarão em destaque na Zona Sul não serão os mesmos que os
da periferia, por exemplo. Os primeiros ganhos e os mais rápidos estão
na gestão de sortimentos. Quem faz bem feito ou testa ações consegue
manter esse crescimento por mais tempo”, afirma o especialista.
Para chegar a uma gôndola na altura dos olhos, focada em lâminas de
barbear para o público masculino, a Gillette realizou longas pesquisas
com shoppers para identificar oportunidades de crescimento no varejo.
“Buscamos atender as demandas. No caso do universo masculino, temos uma
área na América Latina trabalhando exclusivamente na melhoraria da
experiência de compra. Como é uma categoria não planejada de consumo,
foi pesquisado o melhor modelo de exibição. Desenvolvida a categoria, a
marca consequentemente cresce com ela”, explica Elaine.
O resultado refletiu na expansão da estratégia e, hoje, a P&G está
ampliando a área voltada para os homens com todas as soluções para eles,
incluindo desodorantes, shampoos e até mesmo itens de outras marcas,
que não constam no portfólio da empresa, como preservativos. Nesse
sentido, ações da Unilever também são pioneiras no Brasil. O país foi o
primeiro a receber o Consumer Insight and Innovation Centre (CIIC), em
2010.
Em um espaço de 530 metros quadrados é possível simular, por meio de
projeções em 3D, ambientes reais de supermercados, drogarias ou
padarias. A ideia é orientar a cultura da empresa com as perspectivas do
consumidor. Entre as possibilidades estão execução de trabalhos de
categoria macro, planejamento e desenvolvimento de inovação e
estratégia, layout de lojas, revisão de gôndolas e desenvolvimento de
embalagens.
A Nestlé é outra marca que tem destaque por meio do Customer Service,
com a missão de gerenciar a marca com os principais shoppers. Em um
canal de serviços disponível 24 horas, os clientes podem fazer compras
pela rede, obter informações das linhas e realizar projetos online sob
supervisão de especialistas. “As grandes multinacionais como a Nestlé e a
Kraft já abriram o olho para sistemas em tempo real. O que significa
investimentos muito altos”, indica D’Andrea.
Qual o futuro do Gerenciamento?
A busca da identidade de um Gerenciamento de Categoria genuinamente
brasileiro aponta pelo menos três tendências que devem ser implementadas
em um futuro breve no país. A primeira delas é a terceirização que a
estratégia deve passar.
Por uma questão de custo e escala, as consultorias farão parte cada vez
mais dos processos de desenvolvimento de projetos. “Obviamente, não as
questões estratégicas, mas a terceirização deixará o sistema mais rápido
e barato”, confirma D’Andrea. Hoje na P&G, por exemplo, o trabalho
manual não é feito pela mesma equipe que elabora as estratégias. “Meu
time não perde tempo desenhando planograma. Focamos na análise de perfil
do shopper, do cliente e qual melhor produto eu tenho que ter na rede”,
diz Elaine Rocha.
Outra mudança será na incorporação do Gerenciamento de Categoria, que
tem em sua base sortimento e espaço, com o Shopper Marketing, que
trabalha ações relacionadas a preço, visibilidade e promoção. Com a
junção, o relacionamento poderá ser ampliado. “As iniciativas poderão
ser mais estratégicas porque o Gerenciamento trabalha com a compreensão
do comportamento do shopper e como ele pensa, que é a mesma base para
iniciativas de Shopper Marketing”, afirma o especialista.
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