A indústria brasileira de veículos vai fechar 2012 com uma queda de
1,5% na produção, o primeiro recuo anual desde 2002, com a fabricação de
3,36 milhões de unidades -- apesar da redução dos impostos e restrições
às importações adotadas pelo governo, informou a Anfavea (associação
das marcas com fábrica no Brasil) nesta sexta-feira (7). No entanto, a
previsão para 2013 é de crescimento de 4,5%, mesmo com a incerteza sobre
a prorrogação no corte no IPI (Imposto Sobre Produtos
Industrializados), válido até o último dia deste ano, e que serve de
instrumento para impulsionar as vendas.
O setor, responsável por 23% do Produto Interno Bruto industrial do
Brasil, esperava registrar neste ano o nono recorde consecutivo de
produção, com alta de 2%. Mas as expectativas foram frustradas pelo
recuo de dois dígitos das exportações e o fraco desempenho da economia
brasileira.
"A produção de veículos só não chegou aos 2% de alta por causa das
exportações que não conseguimos realizar, seja pela falta de
competitividade do país, seja pela existência de uma capacidade ociosa
de produção mundial de 29 milhões de veículos", disse o presidente da
Anfavea e da Fiat, Cledorvino Belini, nesta sexta.
Para o próximo ano, a entidade prevê alta de 4,5%, apoiada em um
cenário de maior crescimento econômico e de proteção do mercado interno
por conta da entrada em vigor do novo regime automotivo Inovar-Auto e
das cotas de comércio com o México. "Entendemos que seja possível o
crescimento de 4,5% porque isso está muito alinhado com as expectativas
para o PIB. O desemprego está baixo, há aumento da renda real no Brasil,
os juros estão baixos e há sinalizações de que pode cair mais", disse
Belini.
A Anfavea estima crescimento das vendas no mercado interno de 3,5 a
4,5% em 2013, para entre 3,94 milhões e 3,98 milhões de veículos. Se
confirmado, será o sétimo recorde consecutivo de vendas do setor.
A previsão da Anfavea é mais otimista que a divulgada nesta semana pela
quarta maior montadora do país, a Ford, que estimou que as vendas de
veículos novos no Brasil crescerão entre 2 e 4% no próximo ano.
MUDANÇA DE QUADRO
Na avaliação de Belini, o quadro para o início do próximo ano é
diferente de 2012, com estoques controlados de veículos, aceleração do
crescimento econômico, juros menores e inadimplência seguindo tendência
de queda, depois que os bancos passaram a controlar mais os
financiamentos nos últimos dois anos.
Segundo o presidente da Anfavea, o nível de aprovação de pedidos de
financiamento no setor, que é movido a crédito, está atualmente em 60%,
ante 25% em maio, mês em que o governo reduziu o IPI dos automóveis e
liberou recursos de depósitos compulsórios dos bancos para incentivar os
empréstimos para aquisição de veículos.
Já para caminhões, segmento profundamente afetado pela lentidão da
economia e que de janeiro a novembro acumula queda anual de 20% nas
vendas e de 39% na produção, Belini afirmou que a Anfavea espera
crescimento de cerca de 7,5% nos licenciamentos e índice semelhante para
a produção.
A expectativa foi reforçada nesta semana pela decisão do governo de
prorrogar por um ano o Programa de Sustentação do Investimento (PSI)
para aquisição de caminhões e bens de capital. Belini, contudo, disse
estar "cético" sobre a possibilidade do governo de prorrogar o desconto
do IPI para automóveis, que expira no fim deste mês.
NOVEMBRO E DEZEMBRO
Apesar das vendas de novembro terem mostrado uma retração de 9% sobre
outubro e de 3% sobre o mesmo período de 2011, a média diária, que
considera apenas dias úteis, ficou praticamente estável na comparação
mensal, a 14.854 unidades.
Belini afirmou que o desempenho de novembro ficou dentro do esperado e
que a média de vendas diárias no início de dezembro sinaliza que o
último mês de 2012 vai ser muito melhor. "O mercado vai crescer
bastante", disse ele.
A Anfavea espera crescimento das vendas no Brasil em 2012 de 4,9%, para
3,81 milhões de veículos. Com isso, para cumprir a previsão, os
licenciamentos deste mês deverão somar 367 mil unidades, a segunda maior
marca do ano após o recorde histórico para um único mês estabelecido em
agosto com a venda de 420 mil veículos.
Segundo a entidade, a indústria terminou novembro com estoques de
344.608 veículos novos distribuídos entre pátios de montadoras e
concessionárias, volume equivalente a 33 dias de vendas ante 28 dias em
outubro.
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