Maturidade do brasileiro trouxe também uma cobrança maior na hora de comprar. Destaque será para grupos que entendam que comunicação é fundamental no processo de influência
Uma alteração expressiva no Brasil pode ser exemplificada pelo ticket
médio dos shoppers. Ao longo dos anos, eles procuraram novos formatos e o
mercado cresceu via frequência de compra e maior gasto. Os
supermercados tiveram o maior destaque: enquanto em 2007 se gastava R$
21,5; em 2011 passou-se para R$ 29,1. A frequência também aumentou, de
50 vezes ao ano para 54, assim como item por ocasião de compras subiu,
de 6,8 para 7,4.
Em segundo lugar está o hipermercado, que em 2007 tinha um ticket médio
de R$ 29,7, com 7,4 itens por ocasião, e passou para R$ R$ 35,7, com a
mesma quantidade de produtos comprados. A frequência permaneceu a mesma,
com uma média de 50 vezes ao ano. O Varejo Tradicional é o que obteve
as menores mudanças: em 2007 a média de gastos era de R$ 4,5, subindo
para R$ 6,0 em 2011. A frequência, no entanto, é a maior: em 2007 os
shoppers foram 124 vezes e, em 2011, 129 vezes. Os itens são os menores
por ocasião: 2,1 em 2007 e 2,2 em 2011.
Não há lealdade
A mudança econômica do Brasil e sua maturidade econômica também foram
responsáveis para que as relações entre fabricantes, varejistas e
consumidores se tornassem mais competitivas. A entrada de marcas até
então inexistentes no país após a estabilização do Real, bem como a
ampliação de outras já atuantes fez com que o brasileiro pudesse
escolher.
Se antes as opções se encerravam entre o hipermercado mais distante de
casa e o mercadinho mais próximo, hoje os canais se multiplicaram e
lealdade se extinguiu. “O shopper é altamente multicanal e essa é uma
tendência que deve se consolidar cada vez mais no mercado. Com o boom da
economia, o brasileiro percebeu o quão poderoso pode ser e começou a se
antecipar e proporcionar a ele meso novas experiências e novos
produtos”, avalia Patrícia.
Em 2011, 84% dos lares brasileiros optaram por mais de três canais para
se abastecer, a maior taxa de mix de produtos até então. Em 2001, esse
índice era de 61%. Há também aumento expressivo de shoppers que buscam
inovação e informação. O estudo aponta que 8,9% dizem ser um dos
primeiros a comprar novos produtos e marcas. A taxa de experimentação
prova isso: em 2010 era de 20%, em 2012 foi de 25%.
Desafios pela frente
Apesar da falta de fidelização dos shoppers ser uma tendência quase
inevitável, a capacidade das marcas desenvolverem estratégias de
Marketing e Comunicação é uma saída viável para atrair clientes e criar
formas de relacionamento mais duradouro. Para tanto, cabem aos próprios
grupos entenderem quem é seu público alvo, o que eles querem e, mais
importante ainda, se esse consumidor é significativo para seu negócio.
Uma certeza, segundo a Kantar, a hora da compra é solitária e, em casos
de compras conjuntas, dependendo com quem é feita, é totalmente
mutável. Enquanto o ticket médio de uma mulher comprando sozinha é de R$
12,25; o do homem sozinho é de R$ 10,15. Juntos o aspecto é modificado:
um homem e uma mulher comprando juntos chegam a gastar R$ 53,14. A
família com criança também tem sua parcela de mudança: os pequenos
influencia e fazem os pais gastarem em médiaR$ 45,79. Já os adolescentes
sozinhos são econômicos: a média é de R$ 4,14.
A explicação para diferenças tão expressivas, de acordo com a Kantar, é
que sozinhos os consumidores suprem a necessidade de urgência,
comprando categorias de interesse próprio, e acompanhados priorizam o
abastecimento. Enquanto em casal a despensa representa 69% da compra,
para o homem significa 28% e para a mulher 33%. (falar gráfico todo)
Em relação ao gênero, as mudanças também são significativas. As
mulheres, com um ticket médio por item de R$ 3,60, são maioria nos
pontos de venda. Elas também são mais racionais, segundo a Kantar. Os
homens, com uma média de gasto por item de R$ 2,7, tem menos
planejamentos e, de forma geral, gastam mais que elas.
Os itens também mudam. Elas priorizam: creme e loções, tintura para
cabelos, pães, pós-shampoo, leite pasteurizado, sabonete, biscoito,
leite fermentado, leite aromatizado e cera para assoalho. Eles preferem:
cerveja, deo colônia, fraldas descartáveis, longa vida, manteiga, suco
pronto para beber, cereal tradicional, cereal matinal, sopa e leite em
pó.
Banal para alguns, fundamental para outros, a segmentação e a
compreensão do que os shoppers querem é a saída para um mercado tão
instável do ponto de vista da preferência. “Não existe fórmula mágica ou
certa, mas nesse momento as marcas precisam se aproximar cada vez mais
de seu público. Os programas de fidelização, as redes sociais e as ações
de Marketing estão aí para serem utilizadas. É preciso fazer eventos,
criar novas experiências, melhorar os pontos de venda. As marcas
precisam deixar claro ‘estou aqui’. E estar mesmo”, pontua afirma
Patrícia Menezes, Gerente de Comunicação e Marketing da Kantar.
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