Construtoras podem oferecer descontos ou melhores condições para baixar estoques e fechar bem o ano; mas encarar promoções exige cuidados
São Paulo – Este final de ano pode ser um bom momento para quem já vinha procurando imóveis. Além da desaceleração da alta dos preços no mercado imobiliário,
algumas construtoras oferecem descontos ou melhores condições de
negociação neste período, de olho no maior poder de compra dos
consumidores, que recebem o 13º salário, e na redução dos estoques para
alcançar um bom fechamento anual.
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Como a adoção de uma estratégia mais agressiva de vendas depende da
condição de cada construtora, e não apenas do fator sazonal, a
orientação é aproveitar boas oportunidades se a intenção já era comprar
um imóvel, mas não encarar o momento como uma chance única de conseguir
bons preços na compra do imóvel.
Segundo especialistas, o cenário é propício para que algumas
oportunidades surjam principalmente entre as construtoras que possuem
capital aberto, uma vez que, com as ações negociadas em Bolsa, elas
precisam alcançar certas metas e mostrar bons resultados aos acionistas
nos balanços trimestrais.
Para isso, algumas delas buscam oferecer promoções para reduzir seus
estoques e aumentar o fluxo de caixa. “Algumas empresas fazem promoções
ostensivamente, anunciam descontos, mas outras acabam apenas oferecendo
melhores condições nos plantões de vendas”, explica o professor titular
de real estate da Escola Politécnica da USP, João da Rocha Lima. Algumas
boas ofertas, como ele acrescenta, podem não estar estampadas em
anúncios, mas sim aparecer durante o momento da transação ou da
negociação.
Luiz Fernando Gambi, diretor de comercialização e marketing do
Secovi-SP, complementa que muitas empresas acabam trabalhando seus
descontos de forma mais "banal", sem grandes alardes. “Muitas empresas,
quando querem incentivar as vendas, comunicam aos seus canais de venda
que estão flexibilizando sua tabela de desconto. Elas avisam aos
vendedores que se antes eles poderiam dar descontos de 2%, agora podem
trabalhar com 3%”, diz.
Marcelo Dzik, diretor de incorporação da construtora Even, afirma que o
final de ano é um momento em que a construtora busca aproveitar a maior
disponibilidade de renda dos consumidores por causa do décimo terceiro e
também a maior intenção de compra de algumas pessoas que pretendiam
comprar seu imóvel em 2012, mas ainda não o fizeram. Mas, ele explica
que as oportunidades são muito mais condicionadas à necessidade de
desovar unidades em estoque em um determinado momento, ou ao tipo de
produto oferecido do que ao encerramento do ano.
Para encontrar maiores descontos nesta época, uma dica dos
especialistas é partir do comprador a oferta de melhores opções de
pagamento. Oferecer uma entrada maior, por exemplo, é algo que pode
gerar descontos durante o ano todo, mas no final do ano a oferta pode
surtir ainda mais efeito se a construtora estiver em busca de melhores
resultados antes do ano acabar.
Bom momento do mercado
Além destes fatores que podem facilitar a compra no final de ano, a
desaceleração na alta dos preços dos imóveis nos últimos meses também
vem favorecendo a comercialização. No mês de outubro, a alta dos preços de imóveis medida pelo índice FipeZap
foi a menor desde o início da série histórica em setembro de 2010. Nas
regiões pesquisadas, que incluem sete capitais e o Distrito Federal, os
preços subiram apenas 0,80% em média de setembro para outubro.
O professor da Politécnica da USP explica que o mercado esteve
trabalhando até o primeiro semestre de 2011 com preços crescentes e
agora a tendência é de acomodação. “No primeiro semestre de 2011
avaliamos que havia uma gordura especulativa nos preços. De lá para cá,
os preços vêm se acomodando para baixo e eu considero que estejam
adequados neste momento”, diz.
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O diretor de marketing do Secovi avalia que o mercado imobiliário está
entrando em uma fase melhor para os compradores. “Ainda estamos com um
crescimento acima da inflação, mas a explosão que estava acontecendo nos
preços está diminuindo e entra em uma parte da curva mais favorável”.
Segundo ele, a partir de agora quem está procurando imóveis pode começar
a encontrar melhores negócios, e a situação pode melhorar ainda mais no
ano que vem.
Cuidados
Ainda que todos os fatores levantados indiquem que os compradores podem
se beneficiar neste final de ano, é importante que a decisão da compra
seja planejada. Grandes “saldões”, descontos, brindes e vendas diretas
com as construtoras são jogadas de marketing que podem ser muito
bem-vindas, mas não devem ser o fator norteador da compra.
Conforme Rocha Lima explica, a compra de um imóvel, em muitos casos,
representa o gasto mais alto da família, por isso é preciso ter cautela.
“Um imóvel não é uma mercadoria que você entra na loja e compra. É uma
decisão lenta, que exige reflexão, exige um olhar de 20 anos para frente
e, em um horizonte mais curto de tempo, exige um olhar sobre a
estabilidade do emprego e a capacidade de pagamento”.
As eventuais promoções de final do ano e as valorizações mais modestas,
portanto, não devem acelerar a compra. O processo costuma ser demorado e
durar cerca de seis a sete meses, segundo o professor da Politécnica.
Por isso, fechar o negócio em um mês apenas pela motivação da promoção
pode não ser uma boa decisão.
Gambi também acrescenta que de fato algumas empresas, para demonstrar
aos acionistas resultados, reforçam as vendas em períodos de mudança de
trimestre, mas mesmo assim elas não são capazes de oferecer descontos
tão altos. “Elas podem estar dispostas a abrir mão de um pequeno lucro,
mas olhando os balanços das empresas de capital aberto, a maior parte
das incorporadoras têm margem de lucro de 11%, 12%. Então, se elas
oferecerem 12% de desconto, elas não ganham nada”, afirma.
Portanto, segundo o diretor do Secovi, muitas vezes descontos
superiores a 12% podem ser impraticáveis e sinalizar que o imóvel tem
algum tipo de problema que tem impedido sua venda.
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