Mercado desconfia de ciclos muito curtos nas empresas, diz especialista. Confira quais os problemas que a inquietude profissional pode trazer para sua carreira
São Paulo – Para quem está no início da carreira profissional, ter passagens em diferentes empresas é vantajoso para o currículo e pode ser considerada uma das etapas necessárias da ascensão profissional.
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Mas quando as mudanças se tornam uma constante na vida de quem já
possui certa experiência profissional, o mercado desconfia. É o que diz
Andréa de Paula Santos, sócia da Ascend RH e especialista em recrutamento
de executivos de alta e média gerência. Segundo ela, não é indicado
completar ciclos de um ano ou dois no máximo em cada empresa.
Profissionais devem, em geral, cumprir ciclos de médio prazo, de 4 a 5
anos.
“Ficar procurando um emprego o tempo todo, mesmo estando empregado,
revela alguns pontos que o profissional deve prestar atenção”, diz
Andréa. Confira quais os riscos desta inquietude profissional para sua
carreira, de acordo com a especialista:
1 Falta de foco na carreira
Um bom profissional deve estar antenado às novas oportunidades oferecidas pelo mercado de trabalho. Mas também deve saber o que ele quer construir durante sua trajetória profissional.
Ficar "pulando de galho em galho", trocando de empresa a cada seis
meses, por exemplo, resulta na perda de foco de carreira. “É um sinal de
que esta pessoa não sabe o que quer”, diz Andréa.
A falta de critério na escolha de uma empresa para trabalhar também é
evidenciada por este tipo de atitude, afirma a especialista. “As
decisões devem ser bem alicerçadas, o executivo precisa conhecer os
próprios motivos, saber por que se envolveu ou vai envolver em
determinado projeto”, diz Andréa.
Dica: é certo que toda escolha traz um custo de
oportunidade. Por isso, o autoconhecimento é fundamental para fazer
opções mais acertadas.
É o que defende a coach e escritora canadense Maggie Neilson, autora do livro “How to find your best job ever” (“Como encontrar o melhor trabalho de toda a sua vida”, sem tradução em português, da Brave New World Publishing).
No livro, Maggie afirma que saber quem é você, quais as suas
características, interesses, valores e habilidades é chave para saber em
que tipo de companhia você melhor se encaixa.
2 Perda de chances de ascensão dentro das empresas
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Uma pessoa que se destaca no ambiente corporativo pode levar de um a
dois anos para reverter seu sucesso em uma promoção. É o tempo
necessário para os gestores perceberem a consolidação do trabalho
realizado.
Mas quem passa pouco tempo em uma empresa perde esta chance porque,
obviamente, não estará mais lá para colher os louros de sua competência.
“O profissional com o objetivo de crescimento de carreira não precisa
estar olhando sempre para fora, ele pode buscar crescimento dentro da
empresa. As companhias têm espaço para quem quer fazer a diferença”,
destaca Andréa.
Dica: se você está em busca de ascensão profissional
mais rápida, priorize projetos de curto e médio prazo que tragam
resultados em alguns meses. Quanto antes você bater as metas, mais
rápido o reconhecimento virá e, com ele, as chances de você ser
promovido.
3 Você terá que dar bons motivos para recrutadores na hora explicar sua intensa movimentação de carreira
Nas entrevistas de emprego, escapar de explicar ao recrutador o que motivou a sua movimentação de carreira é quase impossível. Afinal esta é uma das 20 perguntas mais frequentes,
segundo especialistas. Com os recrutadores percebendo os ciclos nas
empresas estão cada vez mais curtos, os critérios adotados para as
mudanças de empresas serão avaliados.
“As corporações vão querer saber por que este profissional fica mudando
de emprego”, diz Andréa. A especialista justifica esta preocupação com o
fato de as empresas, interessadas em diminuir a taxa de rotatividade de
profissionais, estarem em busca de pessoas que se comprometam.
“As empresas querem pessoas que se responsabilizem por seus
compromissos. Percebem que há algo de inconsistente na história de
profissionais que ficam pulando de um emprego para outro”, diz Andrea.
Dica: se o seu histórico profissional é do tipo que
contêm apenas ciclos curtos, prepare-se para ser consistente na
explicação dada ao recrutador. Colocar a questão financeira como única
motivadora não é indicado, ela deve entrar no pacote de vantagens que
impulsionaram a mudança.
Lembre-se que uma trajetória de ascensão em uma mesma empresa é uma
questão valorizada pelo mercado já que é o resultado visível da sua
competência.
4 A sua maturidade profissional pode ser posta em xeque
Se o mercado enxerga com bons olhos ciclos curtos no início de
carreira, para profissionais mais experientes, intensas mudanças são
vistas com bastante ressalva.
“Na alta e média gerência espera-se que o profissional tenha mais
maturidade na hora de tomar as suas decisões”, diz Andréa. A maturidade,
nesse caso, passa obrigatoriamente pela adoção de critérios válidos na
hora de decidir mudar de emprego, pelo comprometimento com os desafios
que surgirem e também pela capacidade de adaptação ao ambiente
coporativo.
Dica: Investigue os motivos que o levam a não
permanecer muito tempo em cada empresa. Você tem de adaptar aos locais?
Você desiste ao menor sinal de dificuldades? “Ficar procurando emprego o
tempo todo é um sofrimento, às vezes esse profissional pode descobrir
que não tem tendência para o trabalho corporativo e que talvez a melhor
coisa seja trabalhar sozinho”, sugere Andrea.
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