terça-feira, 27 de novembro de 2012

Artigo de Nizan Guanaes: Tudo, de bolso



Entre tantas revoluções nas comunicações, uma das mais importantes é a migração das telonas para as telinhas, da conexão por PCs e laptops para aparelhos móveis como celulares e tablets.

 
É a revolução da mobilidade, ou "mobile", em globish. Que está nos transformando.
 
A comunicação, quanto mais intensa, mais interfere em nossas vidas. A comunicação, afinal de contas, é o que nos une. Ela já é total e segue evoluindo rapidamente.
 
Unir a comunicação à mobilidade é como unir o território ao movimento, o espaço dos lugares dando lugar ao espaço dos fluxos. É nessa torrente que você, seus amigos, sua empresa, sua marca e seu produto estão navegando.
 
A mobilidade é a nova dimensão, o 4D. Um ponto infinito dentro do bolso. É só tirar e acessar... tudo. Sua conta bancária, suas lojas favoritas, seus jornais, seus programas de TV, suas músicas, os restaurantes da redondeza, o tempo, o trânsito, o caminho. Em resumo, tudo e o seu contrário. O mundo.
 
Mas, principalmente, acessar seus amigos e seus relacionamentos. E carregar os amigos no bolso é genial.
 
Entre 2013 e 2015, o reinado dos PCs vai acabar, e a maioria dos acessos à internet será feito por aparelhos móveis.
 
Em países emergidos, como o Brasil, os aparelhos móveis serão cada vez mais a forma dominante de acesso por serem mais baratos que os computadores tradicionais.
 
E a propaganda precisa ir aonde a audiência está. Basta olhar em sua volta e no espelho: nossa atenção está cada vez mais nas telinhas que carregamos no bolso ou na bolsa. Você pode esquecer tudo em casa, mas, se esquecer do celular, vai voltar.
 
Enquanto a TV, o aparelho dominante das últimas décadas, nasceu junto com o marketing, a nova pequena tela para o mundo oferece pouco espaço para a publicidade como a conhecemos.
 
No começo da internet, muita gente simplesmente pegou o anúncio off-line e o adaptou à web, mas off e on são obviamente muito diferentes. No "mobile", aprendemos com nossos primeiros erros digitais. Não faz sentido adaptar estratégia web para o "mobile".
 
É preciso usar o que há de específico e elementar nesse ambiente, como localização do usuário, conectividade com agenda e calendário, capacidade de fazer ligações telefônicas.
 
Em cima dessas capacidades, uma indústria de aplicativos difusa e inovadora constrói velozmente serviços tão específicos quanto a criatividade de milhões e milhões de desenvolvedores espalhados pelo mundo. Um desenvolvimento que, como Steve Jobs, consegue unir a compreensão do humano com a compreensão da tecnologia.
 
O resultado são serviços fáceis de acessar que os usuários consideram relevantes e úteis, do mais frívolo ao mais importante.
 
Na sexta-feira passada, nas promoções da "Black Friday", a grande sensação nos Estados Unidos foram aplicativos que mostravam as melhores ofertas de lojas próximas de acordo com escolhas do usuário.
 
Existem ainda aplicativos que literalmente salvam vidas, previnem e auxiliam na cura de doenças. Na África do Sul, uma operadora de telefonia atuou com ativistas sociais e pesquisadores para enviar 1 milhão de torpedos diários incentivando ligações para serviço de informações sobre Aids, com resultados espetaculares.
 
Na Tailândia, a eficiência de tratamento contra tuberculose aumentou sensivelmente com o envio diário de torpedos lembrando aos pacientes a hora certa da medicação.
 
No Quênia, um aplicativo chamado MedAfrica permite checar credenciais de um médico, localizar hospitais próximos, consultar manual de primeiros socorros, conhecer propriedades e dosagens de remédios, identificar sintomas de doenças.
 
Eric Schmidt, presidente do conselho de administração do Google, disse na Clinton Global Initiative que a mobilidade é o fator que mais pode ajudar na mobilização das causas sociais. Certamente, ela pode fazer o mesmo com causas comerciais.
 
Se você quer um insight desta coluna, é o seguinte: a telinha do seu celular será brevemente uma das principais vitrines da sua atividade. É melhor dar à devida atenção a ela desde já.

O pequeno ficou grande.
 
Por Nizan Guanaes, publicitário e presidente do Grupo ABC. Publicado originalmente na Folha de S. Paulo.

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