A Fiat entrou no Salão de Pequim 2012 sob pressão, acuada. Os italianos
sabem que não podem mais errar e por isso optaram por uma estratégia
humilde ao apresentar o sedã médio Viaggio em um estande de canto, numa
área menor que à reservada à aliada Chrysler e suas marcas.
Na China, a primeira investida da Fiat caiu no vazio, levando à desastrosa retirada da marca em 2007. O grupo europeu assimilou o golpe e retornou ao país três anos depois, usando a local GAC (Guangzhou Automobile Company) como "sparring" (marcas estrangeiras têm de se associar a locais para operar na China). Em dois anos, porém, faltava um movimento que levantasse a plateia: o chinês gosta de carro vistoso, às vezes até espalhafatoso. Mas principalmente, gosta de carro que pareça maior, um "carrão", que dê a ideia de sucesso pessoal.
Sem repertório, mas com uma aliança na manga, a Fiat saiu-se com um novo sedã e aposta nele sua sobrevivência local: o Viaggio (que na fala chinesa torna-se "Viago", palavra sem sentido e que é substituída pelos ideogramas do gerúndio "voando", ou Fei Xiang) é a variação da marca para o americano Dodge Dart, apresentado no Salão de Detroit em janeiro, que por sua vez foi fabricado sobre a plataforma C-Evo, do europeu Alfa Romeo Giulietta.
É, sem dúvida, a melhor amostra da sinergia entre italianos e americanos. E a Fiat faz de tudo para deixar isso claro, já que num mercado dominado pela americana General Motors ser conterrâneo da líder pode, de alguma forma, ser a chave do sucesso.
Mas a Fiat também aposta nos números para chegar à vitória (ou ao menos para se manter viva no jogo): "O Viaggio é o primeiro modelo colaborativo entre Fiat e Chrysler. Além disso, é o primeiro Fiat a ser fabricado aqui na China. Ele será, ainda, nosso primeiro modelo de volume", afirmou um entusiasmado Gao Ran, diretor das divisões de vendas e merketing da GAC-Fiat.
Montado na unidade de Chanqsha, o Viaggio chega ao mercado local em setembro e, a partir de então, terá a missão de empolgar 140 mil chineses logo em seu primeiro ano nas lojas. Depois, se a estretégia funcionar, aumentará seu ritmo para chegar às 250 mil unidades. A competitividade para tanto virá do preço local, que deve começar em cerca de 120.000 yuans (ou RMBs, como preferem os chineses), equivalente a R$ 35.500. Um dos principais adversários, o FAW-Volkswagen Sagitar (o nosso Jetta) custa iniciais 132.000 RMBs (quase R$ 40 mil).
Viaggio
Foto 7 de 13 - Sem lanternas inteiriças, como no Dart, Fiat apelou ao conservador friso cromado para unir peças Eugênio Augusto Brito/UOL
A preparação da Fiat dota o Viaggio de bons recursos: a princípio, um
único trem-de-força estará sob os capôs: o 1.4 a gasolina com
turbocompressor, amplamente conhecido pelo nome T-Jet. Ele receberá duas
calibragens diferentes, para gerar 122 cavalos na versão de entrada,
que tem calotas sobre as rodas aro 16 e câmbio manual de cinco marchas;
na versão topo de linha, o motor alcança os 152 cv, incrementado pelo
câmbio DDCT-C635, de dupla embreagem e seis marchas, e por tela de 8,5
polegadas para entretenimento e navegação por GPS. O carro mede 4,67
metros de comprimento, com 2,70 m de entre-eixos.
Visualmente, o Viaggio é mais conservador que sua contraparte Dodge Dart, algo já esperado. Isso não chega a tirar a magia do modelo, que parece ser o mais talentoso dos Fiat atuais em todo o mundo. Mas deixa-o, certamente, mais vulnerável a ataques, sobretudo quanto ao estilo: a certa generalidade da nova frente pode ser um golpe difícil de evitar; a traseira, no entanto, ajuda a subir a guarda do modelo.
E O BRASIL?
É certo que o Viaggio vá se apresentar em outros mercados asiáticos, bem como na Europa, até o final desta temporada. Mas e o Brasil? O chefão da GAC-Fiat, Jack Cheng, afirmou que o modelo será muito forte em diversos mercados e que a Fiat depende de seu poderio para melhorar posições. Mas preferiu não cravar a presença do sedã em nosso mercado: "Pergunte ao Belini".
O presidente da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini, e uma equipe de engenheiros e executivos da marca estiveram presentes na estreia do Viaggio em Pequim, mas preferiram esconder o jogo da imprensa brasileira. Não adiantou: apenas sua participação no evento já serve como indicativo das intenções da marca em colocar o Viaggio para brigar em nosso país. Lembramos apenas que, no que tange ao segmento de médios em nosso país, a Fiat também não pode mais errar. Isso levaria a um nocaute certo.
Visualmente, o Viaggio é mais conservador que sua contraparte Dodge Dart, algo já esperado. Isso não chega a tirar a magia do modelo, que parece ser o mais talentoso dos Fiat atuais em todo o mundo. Mas deixa-o, certamente, mais vulnerável a ataques, sobretudo quanto ao estilo: a certa generalidade da nova frente pode ser um golpe difícil de evitar; a traseira, no entanto, ajuda a subir a guarda do modelo.
E O BRASIL?
É certo que o Viaggio vá se apresentar em outros mercados asiáticos, bem como na Europa, até o final desta temporada. Mas e o Brasil? O chefão da GAC-Fiat, Jack Cheng, afirmou que o modelo será muito forte em diversos mercados e que a Fiat depende de seu poderio para melhorar posições. Mas preferiu não cravar a presença do sedã em nosso mercado: "Pergunte ao Belini".
O presidente da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini, e uma equipe de engenheiros e executivos da marca estiveram presentes na estreia do Viaggio em Pequim, mas preferiram esconder o jogo da imprensa brasileira. Não adiantou: apenas sua participação no evento já serve como indicativo das intenções da marca em colocar o Viaggio para brigar em nosso país. Lembramos apenas que, no que tange ao segmento de médios em nosso país, a Fiat também não pode mais errar. Isso levaria a um nocaute certo.
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