Quando Nadia Karim vai às compras, não espera pelos vendedores. Ela
costuma salvar artigos que vê em aplicativos e sites da web em seu
celular, como uma lista de compras. E, enquanto percorre uma loja, usa o
telefone para verificar os modelos de concorrentes como a Macy's.
"Honestamente, como eu compro muito, às vezes sinto que conheço as
marcas melhor que alguns vendedores", disse Karim, 26, analista da Intel
em Phoenix.
Para os consumidores habituados ao comércio eletrônico, a resposta ao
"Posso ajudá-la?" é cada vez mais um firme "Não", mesmo em lojas como a
Nordstrom, que construíram sua reputação em torno do atendimento ao
cliente.
John Van Beekum - 23.abr.12/The New York Times | ||
Loja da Nike em Aventura (Flórida), que tem tablets nas prateleiras |
Em vez de ficar na defensiva, porém, algumas lojas e marcas estão
criando novos serviços pessoais que apresentam aparelhos em vez de
vendedores.
A Bobbi Brown tem telas sensíveis ao toque para demonstrar truques de
maquiagem. A loja de calçados do astro do basquete LeBron James em Miami
tem 50 iPads para mostrar sua mercadoria. E a Macy's está testando
estações de cosméticos onde tablets oferecem dicas e explicações.
As companhias estão aderindo à tecnologia agora porque ficou barata o
suficiente para se tornar acessível e porque a Apple e outros
fabricantes de tablets e telas sensíveis ao toque estão aumentando seus
esforços de vendas.
"Existe uma tendência a acreditar que, se você falar com uma pessoa, ela
vai desperdiçar seu tempo ou lhe vender algo que você não quer", diz
Ricardo Quintero, diretor global de desenvolvimento de mercado da
Clinique, que usa telas de toque em seus balcões. "Isso está aliviando a
pressão."
A Nordstrom adotou um aplicativo que os executivos esperavam que as
pessoas usassem remotamente para encomendar artigos enquanto assistiam à
TV ou esperavam um trem. Além disso, porém, os clientes usaram o
aplicativo enquanto estavam na loja, em vez de procurar os vendedores.
"O modo como o cliente define o serviço e quer que ele seja prestado
está mudando rapidamente, e grande parte disso é conduzido pela
tecnologia", disse Erik Nordstrom, presidente das lojas Nordstrom.
"Muitos clientes gostam de tocar, sentir e experimentar a mercadoria,
mas também querem receber informações on-line."
Depois de acrescentar Wi-Fi a quase todas as suas lojas, a Nordstrom
está testando estações de carregamento e núcleos de iPads e
computadores.
Stuart Isett/The New York Times | |||
Thyra McKelvie usa iPad de loja em Seattle para pesquisar sobre os sapatos que ela experimentou |
Alguns analistas de varejo dizem que as empresas de qualquer tipo não
têm opção além de se adaptar aos clientes que fazem pesquisas por conta
própria. A Quicken Loans Arena em Cleveland hoje dá aos visitantes em
camarotes um iPad para que possam encomendar comida, enquanto os Aloft
Hotels instalaram tablets em vez de balcões de recepção.
As lojas dizem que por enquanto não vão se livrar dos empregados para
acomodar seus homólogos digitais. Mas Sherry Turkle, professora no
Instituto de Tecnologia de Massachusetts, disse que os compradores
perderam algo intrínseco à experiência humana quando evitaram os
vendedores. "Você eliminou grande parte da riqueza, da confusão e da
exigência de ter de tratar com pessoas."
Karim diz que não evita todos os vendedores, mas que a tecnologia lhe
deu a liberdade de ser exigente. "É divertido ver as coisas pessoalmente
e tocar tecidos, experimentar sapatos", disse. "É uma experiência
social."
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