Carros vendidos no Brasil são avaliados em crash-test e os resultados continuam a ser preocupantes
Em segurança, os carros vendidos na América Latina são equivalentes
aos modelos europeus de 20 anos atrás. Foi com esta conclusão
preocupante que a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor
(Proteste) revelou os resultados da terceira bateria de crash-tests do
Latin NCAP.
O Programa de Avaliação de Carros Novos na América Latina testou oito
carros vendidos no mercado latino-americano: Toyota Etios, JAC J3,
Renault Sandero e Fluence, Ford New Fiesta, Honda City e os VW Polo e
Bora, sedã ainda comercializado no México.
O destaque negativo foi o JAC J3. Nem os dois airbags ajudaram o
hatch a somar mais que uma estrela das cinco possíveis no teste de
colisão. Isso mostra que apenas as bolsas de ar não são suficientes para
garantir que um carro seja seguro, e que J3 tem problemas estruturais.
“Não há uma boa estrutura. A cabeça e o tórax atingem o volante
porque o airbag se moveu para o lado. Muito preocupante”, analisa Ronald
Vroman, do conselho de Administração do Euro NCAP.
Outro carro que mostra como os projetos brasileiros estão atrasados
em relação aos americanos e europeus é o Sandero. Sem airbags, item de
segurança que será obrigatório no país apenas a partir de 2014, o modelo
teve uma estrela. Também pesou na avaliação o desempenho instável da
carroceria.
Pelo menos na ponta de cima da tabela houve uma surpresa positiva. O
recém-lançado Toyota Etios hatch estreou com quatro estrelas em proteção
para adultos. É a primeira vez que um carro de entrada alcança esse
nível de segurança.
Também obtiveram quatro estrelas o New Fiesta hatch, Honda City, VW
Polo hatch e Renault Fluence. O VW Bora, por sua vez, obteve apenas
três. Ainda assim, não há motivo para comemoração. Na Europa e nos
Estados Unidos, onde os testes de colisão são feitos por órgãos
independentes há mais de 20 anos, praticamente todos os carros somam
cinco estrelas. E oferecer segurança mínima para os ocupantes é
considerado obrigação, não "vantagem".
Mas a terceira rodada trouxe outra boa notícia. Pela primeira vez,
foram dadas quatro estrelas no quesito proteção para crianças -
conquistadas por Ford Fiesta e Honda City. A grande diferença em ambos é
o Isofix, aquele sistema de fixação de cadeirinhas de criança. Embora
muito funcional, o componente não é obrigatório no país. “A legislação
poderia ajudar: o Isofix é muito importante”, diz Vroman.
Três anos de cacetadas nos carros brasileiros
Verdade seja dita: este ano, os resultados do Latin NCAP foram menos
assustadores. Em 2010, na primeira bateria de testes, dos dez carros
avaliados quatro obtiveram apenas uma estrela - VW Gol Trend 1.6,
Peugeot 207 e os Fiat Palio ELX e Uno, todos em configuração sem
airbags. Mas o resultado mais comentado daquele ano foi o do chinês
Geely CK 1 1.3, que não obteve nenhuma estrela sequer.
Em 2011, o Nissan March com airbag se saiu mal e teve duas estrelas.
Pelo menos o compacto se saiu melhor que Celta, o já aposentado Corsa
Classic e o Ka, que tiveram nota mínima. Mas, nesses três anos, nem
todos tiveram desempenho pífio. É o caso de Corolla XEI, em 2010, e de
Chevrolet Cruze LT, Ford Focus e Nissan Tiida, em 2011. Cada um obteve
quatro estrelas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário