O mercado consumidor brasileiro, e não mais a busca por recursos
naturais, está direcionando a maioria dos investimentos chineses no
Brasil nos últimos anos.
Segundo pesquisa divulgada ontem pelo CEBC (Conselho Empresarial
Brasil-China), 83% dos projetos anunciados neste ano até junho --15 de
18-- têm como foco o mercado doméstico nacional.
São investimentos, basicamente, em áreas ligadas à manufatura e ao
consumo interno, como indústria automotiva, eletroeletrônicos,
maquinário e equipamentos e serviços financeiros.
Editoria de Arte/Folhapress |
Em 2010, no primeiro grande salto de investimentos chineses no país, 12
dos 21 projetos anunciados visavam a exploração de recursos naturais
--só 7 tinham como objetivo atender à demanda doméstica e dois buscavam a
criação de ativos estratégicos.
Segundo a pesquisa do CEBC, que relacionou todos os investimentos
divulgados por empresas do país asiático no Brasil desde 2007, foram
anunciados 60 projetos chineses no país nos últimos cinco anos, que
somam investimentos de US$ 68,5 bilhões.
Desse total, 39 foram confirmados até o momento, o que representa
investimentos de US$ 24,4 bilhões --36% do valor dos projetos somados.
Segundo Cláudio Frischtak, consultor da CEBC e um dos coordenadores da
pesquisa, os motivos para a mudança de foco incluem a crise atravessada
pelos países europeus e pelos Estados Unidos e o aumento de renda da
população brasileira.
"O Brasil se tornou um país de classe média, com 105 milhões de pessoas nessa faixa de renda", disse Frischtak.
Segundo André Soares, coautor do estudo, as empresas chinesas ouvidas
relataram que o interesse por recursos naturais diminuiu, entre outros
motivos, por causa da restrição de compra de terras no Brasil por
empresas controladas por estrangeiros.
Do total de projetos chineses anunciados nos últimos cinco anos, 57% são
iniciados do zero, 35% ocorreram via aquisição ou fusão e 8% por meio
de joint ventures.
Esses projetos preveem a criação de 20 mil empregos diretos na economia brasileira, segundo o estudo.
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