Marca inspirada na bebida tomada por Homer Simpson aumentou em dez vezes sua produção e agora mira nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte para ampliar participação no Brasil
Hoje
as bebidas mais elaboradas respondem por 5% das vendas totais de
cerveja no Brasil e, para os próximos cinco anos, a previsão é que as
marcas especiais dobrem sua representatividade. “No nosso caso
apresentamos aos detentores da marca na Colômbia um modelo de negócio
que agradou, com uma gestão bem fundamentada. Não há como negar, o
brasileiro está cada vez mais apto a beber menos e melhor e é exatamente
esse perfil de consumidor que buscamos”, explica Bruno Scaravelli,
sócio da Duff Brasil, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Pelo perfil "qualidade e não quantidade", o principal target da marca
são homens e mulheres de 25 a 34 anos, das classes AB. “Sabemos que não
temos o preço mais acessível do mundo e o jovem de 18 anos quer beber
mais do que ter qualidade no que toma. Assim, a maior parte do nosso
público é formada por pessoas em ascensão na carreira e que podem e
querem consumir uma cerveja diferenciada”, afirma o sócio da Duff
Brasil.
Marketing ousado
Com a expansão da cerveja, está incluso nas estratégias de Marketing da
Duff até mesmo a diminuição do preço do produto. “Queremos manter o
padrão de qualidade ao mesmo tempo em que ganhamos mercado e atraímos
novos consumidores. O objetivo é abaixar o preço para R$ 8,00, mas
ganhando em escala”, completa Scaravelli.
Além dessa ação, a marca espera inovar de outras formas. Mesmo
recém-lançada, a Duff alterou sua identidade visual com quatro meses de
existência, passando da cor vermelha para a verde por uma noite, em
comemoração ao St. Patrick’s Day. “Percebemos que cada vez mais as
pessoas têm comemorado o feriado irlandês em São Paulo e, durante uma
reunião, pensamos nessa possibilidade. O custo de impressão não foi
alto, mantivemos o teor puro malte da bebida, e o retorno foi muito bom,
além da interação dos consumidores. Quem viu guardou a garrafa, quem
não viu ficou curioso”, relembra Scaravelli.
A estratégia se repetiu em abril, quando a marca realizou o concurso “O
Seu Texto na Garrafa”, em que frases dos consumidores foram escolhidas
para estampar as embalagens e continuam até hoje. Devido ao sucesso, a
ação de Marketing se repetirá no início de dezembro, em uma edição
especial “Fim do Mundo”, que vai até o dia 21 de dezembro, data do
suposto fim do mundo, segundo o calendário Maia, e tem parceria do
artista plástico Arthur D'Araujo.
A
ideia é estreitar cada vez mais o relacionamento com o público. Ao
longo de 2012 a Duff lançou kits promocionais, foi a cerveja oficial da
festa da Playboy e do São Paulo Boteco Week, desenvolveu aplicativo para
celulares e criou concursos culturais no Facebook. “Brincamos que
fazemos um Marketing ‘se vira nos 30’. Nosso foco são em campanhas
criativas, com baixo custo e grande retorno. É difícil e hoje é nosso
grande desafio, mas percebemos que nosso público é moderno, jovem e está
100% online. Por isso mesmo optamos pelas redes sociais, onde a
interação é muito maior. A mídia televisiva é muito mais cara e não
temos o retorno que o Facebook dá, por exemplo”, avalia Scaravelli.
Apelo emocional
Outro fator essencial para o bom momento da Duff no país é sua relação
com os Simpsons e, por conseqüência, seu apelo emocional junto aos
consumidores. O criador da cerveja – o mexicano Rodrigo Contreras – até
se reuniu com a Fox, detentora dos direitos do desenho, mas devido à
grande parte do público ser formado por crianças e adolescentes, não
aderiu à iniciativa.
Contreras, no entanto, viu uma brecha para que o produto saísse do
papel e se tornasse real: o canal de TV não havia patenteado a marca e
nem o logotipo da Duff. O mexicano então patenteou e, em 2006, lançou o
produto na Europa, onde está na Espanha, Alemanha, Bélgica, Itália e
França. Em 2009 foi a vez da América do Sul, com a Colômbia como o
centro de operações e mais dois sócios no país, além de ganhar mercado
no Chile, Paraguai e Panamá.
Mesmo
sem a relação direta com os Simpsons, o próprio slogan da Duff - “Sim,
ela existe” - remete ao desenho, sucesso há 23 anos ininterruptos. “É
claro que existe um apelo emocional por trás da marca que nenhuma outra
cerveja tem. A Duff tem muita força. Cervejas artesanais geralmente
demoram de oito a 10 para conseguirem se estabelecer e nós já nos
inserimos no mercado. Óbvio que por mais que não tenhamos direito de
divulgação, quando o consumidor vê a cerveja, tem um pouco de alusão ao
desenho e, por isso mesmo, ela se torna uma marca aspiracional e sem
concorrentes diretos”, avalia Scaravelli.
O próximo passo para a marca agora é se lançar no comércio eletrônico. A
loja virtual deve ser inaugurada no final deste mês e por meio dela a
Duff espera se consolidar com seu público. “Teremos o material que
estava disponível apenas para os bares: camisetas, luminosos, bonés,
bolachas e, claro, a cerveja. Futuramente teremos canecas de porcelana,
guarda sol, cooler e outras surpresas. Queremos atingir o máximo de
consumidores. Sem dúvida nenhuma, a Duff foi a cerveja de 2012 e nossa
meta é que ganhe mais mercado e seja novamente a marca do próximo ano”,
prevê Bruno Scaravelli.
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