Nenhum dos carros que atualmente detêm as melhores notas do Inmetro no
quesito consumo de combustível sequer chega perto de cumprir as metas do
Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia
Produtiva de Veículos Automotores, o Inovar-Auto, mais conhecido como
Regime Automotivo, que foram anunciadas nesta quinta-feira (4) pelo
governo federal.
De acordo com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Fernando Pimentel, até 2017 o objetivo é que o consumo médio
de gasolina melhore para 17,26 km/litro. No caso do etanol, o consumo médio deve chegar a 11,96 km/litro.
Segundo ele, os proprietários de veículos que cumpram essas metas
poderão ter economia média anual de R$ 1.150 com combustível.
No entanto, mesmo os 17 carros mais econômicos de oito fabricantes
(Fiat, Ford, Honda, Kia, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen) que já
aderiram voluntariamente ao Programa de Etiquetagem Veicular do
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)
passam bem longe da meta de consumo estabelecida para daqui cinco anos.
O Inmetro vai divulgar, durante o Salão do Automóvel de São Paulo (abre
no próximo dia 24), os novos resultados do programa de etiquetagem --
até lá, valem os da tabela publicada por UOL Carros.
Veja os mais econômicos de 2012 segundo o Inmetro
Foto 1 de 17 - Fiat Mille Economy - Nota A: 8,9/12,7 km/l na cidade; 10,7/15,6 km/l na estrada (etanol/gasolina)
4ª
edição do Programa de Etiquetagem Veicular lista o consumo de 51
modelos 2012/2012 (por versões, são 157) de oito fabricantes voluntárias
(Fiat, Ford, Honda, Kia, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen). As
notas variam de A (mais eficiente) até E (menos eficiente) e têm de ser
exibidas no para-brisa Mais Divulgação
Regime agora é lei
O Decreto 7.819,
que regulamenta o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e
Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar Auto),
foi publicado no Diário Oficial da União desta quinta. A ideia é
estimular a pesquisa para produção de veículos mais modernos, seguros e
benéficos ao meio ambiente. Entre outros estímulos, está o crédito sobre
o recolhimento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O programa dura até 31 de dezembro de 2017, e a solicitação para participar deve ser feita ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A permissão, com validade de 12 meses renovável por igual período, será concedida em ato conjunto dos ministros do MDIC e da Ciência, Tecnologia e Inovação. O desconto no IPI será concedido sob a forma de créditos bimestrais, com base nos gastos das empresas com pesquisa, desenvolvimento, tecnologia, insumos, ferramentas e capacitação de fornecedores, entre outros. Podem se habilitar as empresas que estiverem em dia com os tributos federais e que trabalhem dentro de níveis mínimos de eficiência energética (os citados acima para consumo de gasolina e etanol). O crédito concedido sobre o IPI não estará sujeito a desconto da contribuição para o PIS/Pasep e para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Também não incidirão sobre o crédito o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). MAIS EMPREGOS O novo regime automotivo criará empregos na indústria brasileira e contribuirá para que a população tenha acesso a veículos mais baratos e com maior eficiência energética, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ao comentar o decreto, Mantega destacou que o Brasil possui o quarto maior mercado automobilístico do mundo, ficando atrás apenas da China, dos Estados Unidos e do Japão. "Queremos manter desta maneira [como quarto maior mercado]. Temos de aumentar a produção. A indústria automobilística representa uma fatia importante do PIB industrial, mais de 20%. Os investimentos previstos por essa indústria nos próximos três anos são de US$ 22 bilhões", afirmou o ministro. Para Mantega, o novo regime automotivo "será decisivo para dar impulso à indústria automobilística". O programa faz parte do Plano Brasil Maior, estratégia do governo federal para desenvolvimento da indústria brasileira. (Agência Brasil) |
O modelo mais eficiente para o ano 2012, segundo a tabela do Inmetro, é o Fiat Mille Economy,
que obteve nota A na etiquetagem devido ao consumo de 8,9/10,7 km/litro
(etanol, em circuitos urbano/rodoviário) e 12,7/15,6 km/litro
(gasolina, idem). Também agraciado com nota A, o Renault Duster tem consumo de 10,2 km/litro de gasolina na estrada. Mesmo um dos raros carros híbridos vendidos no Brasil, o Ford Fusion Hybrid, só a gasolina, ficou um pouco abaixo dos 14 km/litro.
As fabricantes que conseguirem atingir as metas de consumo receberão
incentivo por meio da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI). A adesão ao programa de etiquetagem do Inmetro será obrigatória
até 2017.
MAIS SEGURANÇA
O novo regime automotivo prevê o investimento das montadoras em
tecnologias mais modernas de produção, com motores mais eficientes,
menos poluentes e com peças mais leves. O governo quer também estimular a
fabricação de veículos mais seguros, equipados com controle de
estabilidade (ESC) para evitar capotamentos e com sistemas de prevenção
de acidentes por meio de alerta de colisão iminente.
Atualmente, o ESC é item extremamente raro em carros com preço abaixo
de R$ 50 mil. E, embora "alerta de colisão iminente" seja uma descrição
pouco conclusiva, os sistemas de segurança ativa (que entram em ação
antes de um acidente) desse tipo costumam ser encontrados apenas em
carros premium, de marcas como Audi, Mercedes-Benz e Volvo.
Como o novo prevê incentivo também às empresas que não produzem, mas
apenas vendem os veículos no Brasil, essas exigências podem colaborar
para diminuir a carga de impostos sobre seus produtos. De resto, para
serem beneficiadas, estas fabricantes também terão de assumir o
compromisso de importar veículos mais econômicos.
Quanto à segurança, já em 2014 todos os carros vendidos no Brasil
deverão contar com airbags e sistema ABS (antitravamento dos freios)
como itens de série.
NÃO É FÁCIL BEBER MENOS
São raros os casos de modelos avaliados por UOL Carros nos últimos seis anos que obtiveram médias de consumo próximas ou tão boas quanto as exigidas pelo novo regime automotivo.
O caso mais recente foi o do Volkswagen Fox BlueMotion,
que, em condições favoráveis (vidros fechados, ar-condicionado
desligado) cravou média de 21,3 km/litro de gasolina. O carro, que é uma
versão do Fox voltada à eficiência energética, não foi incluído na
mediação do Inmetro para 2012. Já o Volkswagen Gol BlueMotion,
que segue a mesma proposta, teve desempenho menos eficiente, obtendo
15,75 km/l. O modelo da família BlueMotion testado pelo Inmetro foi o
Polo, que teve nota A.
O Volkswagen Gol Ecomotion,
que usa a plataforma do Gol G4, obsoleta depois do Gol G5, conseguiu
médias de consumo que satisfazem as metas do novo regime, em test-drive
realizado mais de dois anos atrás.
Há casos também como o do Audi A1 Sport,
cuja fabricante promete média de consumo de 19,6 km/l na estrada, mas
que em nossas mãos ficou em 14,7 km/l -- já que foi dirigido em
condições reais, com ar-condicionado ligado e na velocidade máxima
permitida em estrada.
O Chery QQ
rodou 20 km com um litro de gasolina em nosso teste, mas não é um carro
do mesmo nível qualitativo geral que os demais aqui citados.
Com etanol no tanque, a meta do novo regime parece ainda mais distante.
Um dos carros mais econômicos com o combustível vegetal foi o Citroën C3 com motor 1.5, lançado no mês passado, que obteve média de 9,4 km/l em nossa avaliação.
A briga por mais eficiência energética -- e também por emissões menores
de gases poluentes e do efeito estufa -- já é uma realidade na Europa e
nos Estados Unidos, mas uma ilusão distante em países emergentes como
China e Índia. O Brasil, parece, decidiu seguir o melhor exemplo.
Não é à toa que, nos últimos meses, surgiram tantas notícias sobre
novos motores sendo desenvolvidos por fabricantes como Ford e
Volkswagen, notadamente unidades de três cilindros e baixa capacidade,
mas com elementos tecnológicos que garentem entrega de potência e torque
interessantes. É o que se chama de downsizing. Um dos melhores carros do ano, o Hyundai HB20, tem uma versão com motor três-cilindros.
Na Europa, por exemplo, a Volks acaba de anunciar mais um produto da
gama BlueMotion "de raiz", que utiliza diesel em vez de gasolina e
recursos como turbocompressor e injeção direta. Nesse caso, um Golf de sétima geração rodaria pouco mais de 30 km com um litro de combustível.
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