São muitos os conhecimentos que uma agência precisa dominar. O primeiro
diz respeito à sua vocação e objetivo. Não há agências especializadas
em tudo. Essa abordagem já se mostrou desastrosa no passado, e hoje já
está superada na percepção de muitas companhias. Precisam entender
também do negócio de seu cliente. O mercado, quem são os consumidores e
seus hábitos e a concorrência são alguns aspectos.
É vital conhecer a linguagem de cada meio. Não adianta criar um anúncio
genial para revista, e não ter como preservar a genialidade em outro
formato. Colocar um comercial de um minuto no You Tube nem de perto é o
mesmo que criar uma ação ou estimular uma paródia ou mashup com este
mesmo comercial. Escapar das limitações e explorar as vantagens de cada
meio é um desafio.
Somente uma agência que atue profissionalmente conseguirá atender a
todas essas premissas. E para isso é vital uma coisa: o estabelecimento
de relações de longo prazo com os clientes. As empresas estão ficando
cada vez mais complexas. Em alguns casos, suas operações se estendem por
muitos países, mercados e canais de distribuição. Essa complexidade
traz novos desafios.
Quando as corporações se tornam gigantes, precisam buscar ganhos de
escala para compensar o aumento de custo das operações. Criam-se áreas
corporativas, que prestam serviço a todas as empresas ou unidades de um
grupo. Em geral, incluem Departamentos Jurídicos, de Recursos Humanos e
de Comunicação, entre outros. Ótima iniciativa que, de fato, dá
resultados. Mas há o risco de que traga apenas resultados financeiros de
curto prazo.
A compra de serviços baseado apenas no preço torna-se mais arriscada
quando o objeto é comunicação, atividade que não é uma commodity. Não se
pode atribuir apenas valor financeiro a uma ideia. Sua capacidade de
solucionar um problema é o que tem valor. Não se pode acreditar que uma
boa ideia vale muito, e uma ideia ruim vale menos. Uma ideia ruim não
vale nada! E a boa ideia só surge a partir de um comprometimento entre
cliente e agência, construído sobre uma relação de confiança, que
obrigatoriamente requer tempo.
Quando a concorrência leva em conta apenas o preço, não há fórmula
mágica, o cliente "paga a conta" da perda de qualidade. Seja da
qualidade criativa, seja das outras qualidades intrínsecas da prestação
do serviço, a começar pelo nível de comprometimento para com aquele
cliente e do nível de atendimento que ele terá.
Concorrência é sempre saudável, mas é preciso preservar a justa
remuneração dos serviços, vital para que as agências possam prosperar e
manter-se atualizadas num cenário onde as mudanças tecnológicas
diariamente tornam processos obsoletos e demandam novos investimentos.
O objetivo de longo prazo de uma empresa não deve ser vender produtos
ou serviços. Deve ser construir uma imagem e reputação sólida e
consistente, como única forma de assegurar sua sobrevivência e
crescimento. Nessa perspectiva, é preciso que clientes escolham bem suas
agências e estabeleçam com elas um relacionamento ético e transparente,
para que elas não sejam um mero “fornecedor” e possam se tornar
verdadeiros “parceiros” dos negócios.
Por Jorge Carrano, presidente da agência Tau Virtual
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