Ter contatos, de fato, é importante para a sua carreira. Mas nem tudo o que se fala sobre relacionamento profissional deve ser seguido à risca
São Paulo – Você já reparou como o networking
soa como algo estranho no Brasil? A cultura daqui faz com que esse tipo
de relacionamento não seja natural, o que, muitas vezes, pode
atrapalhar as parcerias profissionais que você poderia estabelecer.
“Isso acontece porque não somos treinados em nenhum momento sobre a
arte do networking", avalia Othamar Gama Filho, sócio-diretor da
Recruiters do Brasil. Segundo ele, muita gente faz networking seguindo
estilos comportamentais e sem muitos critérios. "E, muitas vezes, de uma
forma não lapidada, que termina não gerando um bom resultado”, afirma.
Mas este tipo de iniciativa é, realmente, importante? Ela surte efeitos
positivos? “Quando bem feito, é positivo. Principalmente no mundo
corporativo, onde a maioria dos executivos de uma empresa
não recebe novos fornecedores ou candidatos que não sejam do seu
conhecimento, ou que não foram recomendados por alguém do networking”,
afirma o especialista.
Entretanto, é preciso tomar certos cuidados na hora de criar estes
relacionamentos profissionais. Principalmente, porque muitas das ações
tidas como corretas, são, na verdade, um grande equívoco. Pensando
nisso, EXAME.com pediu para que especialistas listassem os principais
mitos quando o assunto é networking:
1 Não é preciso cuidar dos relacionamentos
Isso pode até parecer banal, mas muitas pessoas acabam cometendo esse
erro - pensando acertar em cheio. “Você não deve procurar uma pessoa de
seu meio profissional apenas quando está precisando de um favor. O
importante, na realidade, é que você estabeleça uma relação mútua com
ela, uma troca. Não adianta você não cuidar dos seus contatos quando
estiver tudo bem, pois assim você cairá no esquecimento”, lembra Adriana
Gomes, consultora de carreiras.
2 Você vai parecer interesseiro
Esse é um pensamento de pessoas que são muito tímidas. “Como elas não
fazem networking instintivamente, acabam lembrando sempre das
experiências negativas que tiveram com pessoas inconvenientes, o que as
afasta um pouco desse tipo de contato”, ressalta Filho. Mas se você
estabelecer uma boa relação com os seus parceiros, mesmo quando não
precisa deles para algo específico, essa sensação de ambição já cai por
terra. “Você precisa ir além das questões do trabalho, porque o outro
irá perceber se você já chegar com um interesse na manga”, observa
Adriana.
3 Networking é somente troca de cartões
Você pode até pensar que este é o resumo de tudo. Mas está enganado.
“De nada adianta ter uma coleção de cartões. O que você precisa, de
fato, é interagir com as pessoas para ser lembrado nas futuras
oportunidades”, aconselha Adriana. Aqui entra, também, a questão do
LinkedIn. Não saia adicionando todo mundo que aparecer pela frente.
“Isso não é um álbum de figurinhas. Se você escolher se relacionar com
uma pessoa, converse, contribua e troque experiências com ela”, diz.
4 Abordagem em eventos é inconveniente
Isso depende de onde você estiver. “Para que a conversa tenha sucesso,
primeiro analise o local e o tipo de evento em que você está, pois
existem alguns que são focados exclusivamente no desenvolvimento do
networking, e as pessoas esperam ser abordadas e abordam os outros
presentes”, avalia Filho.
Nestes casos, se aproxime de forma não agressiva, evite falar sobre
você no primeiro momento e procure saber sobre a outra pessoa,
descobrindo o que ela faz. “Outra sugestão é procurar o organizador do
evento, ou alguém que você conheça, para pedir que ele o apresente para
outros convidados. Você pode, também, usar os assuntos discutidos no
evento como forma de quebrar o gelo”, recomenda.
5 Qualquer networking é bom
Isso não chega a ser uma mentira, mas faz com que você desperdice tempo
e energia com conversas e pessoas que talvez não agreguem tanto para a
sua rede de contatos. “As pessoas mais comunicativas têm desvantagens
neste ponto, pois o networking para elas é algo mais instintivo e,
muitas vezes, sem foco”, revela Filho.
Isso não significa, no entanto, que você deva focar apenas na sua área.
“É muito proveitoso expandir o seu relacionamento para áreas que não
sejam da sua atuação, principalmente porque ter contatos com outras
formações vai ajudá-lo com a premissa básica do networking, que diz que
você não precisa saber fazer tudo, mas deve conhecer pessoas que saibam
realizar diferentes tarefas”, finaliza Adriana.
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