Empresas como Polishop e Livraria da Vila investem no conceito da experimentação como ferramenta de Marketing para cativar os consumidores e gerarem vendas
Um perfil de consumidor cada vez mais exigente, em busca não
apenas de preço e marca, mas também de um atendimento de qualidade, vem
fazendo com que o varejo tenha que buscar formas para se diferenciar e
oferecer experiências. Empresas
como Polishop e Livraria da Vila já trabalham dentro do conceito de
Varejo 3.0, que estimula consumidores a experimentarem produtos antes da
compra.
Para se gerar uma boa experiência de consumo é preciso, em primeiro
lugar, quebrar paradigmas e construir pontos de venda diferenciados que
se transformem em espaços de convívio. O assunto foi debatido durante o
painel “Como gerar experiências positivas de consumo com consistência”,
apresentado durante o Brazilian Retail Week pelo CEO do Grupo Cherto,
Marcelo Cherto.
Para atuar com experiências é preciso que os varejistas invistam em
treinamento para transformar o bom atendimento em uma ferramenta de Marketing.
“As lojas tradicionais pedem que as pessoas não toquem nos produtos.
Nesse novo perfil, pelo contrário, se estimula que o consumidor
experimente tudo o que está ali e veja realmente o que funciona para
ele”, explica Marcelo Cherto, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Relacionamento com o cliente
O conceito de Varejo 3.0 busca não apenas a venda imediata, mas a
construção de um relacionamento com quem vai ao ponto de venda para que
ele, no futuro, possa se tornar um cliente. Outro ponto utilizado como
Marketing é o “boca-a-boca”. O objetivo é que as pessoas visitem o
espaço, vejam, experimentem os produtos e compartilhem as experiências
com os familiares e amigos.
Os comentários entre os consumidores são fundamentais para as vendas
futuras. “A vantagem principal disso é que as vendas aumentam com a
fidelização. O boca-a-boca gera venda porque a primeira pessoa pode até
não comprar,
mas leva outras até o ponto de venda. Além disso, a primeira visita
pode não gerar uma venda, mas certamente, essa pessoa retorna em uma
outra ocasião. Gerar experiências é um conceito muito interessante”, diz
Cherto.
Experimentação no ponto de venda
Uma empresa que trabalha nestes moldes nos seus pontos de venda é a
Polishop. Nascida como uma marca de comércio de produtos pela TV, internet
e telefone, ela viu nas lojas uma oportunidade de mostrar aos
consumidores todas as qualidades dos itens, o que não era possível
apresentar por meio dos outros canais.
Quem passa pelos espaços é convidado a experimentar tudo o que está
exposto, desde pranchas de cabelo e equipamentos de ginástica até
cafeteiras e fritadeiras. Alimentos cortados e temperados ficam nos
refrigeradores para serem fritos pelos clientes.
A ideia é que as pessoas possam ver na prática o que é demonstrado na
televisão. “Somos uma empresa multicanal. Tudo começa pela TV e as lojas
são a oportunidade de mostrarmos aquilo que é apresentado e nem sempre
as pessoas acreditam. Ao contrário das outras lojas, nas nossas dizemos:
por favor, toque nos nossos produtos. Tudo pode ser experimentado. O
cliente pode levar de casa o seu alimento para fritar na loja, se
quiser”, conta o presidente da Polishop, João Appolinário ao Mundo do
Marketing.
Multicanais
O objetivo é também tirar todo o medo que os consumidores têm de
comprar pela internet ou pelo call center. Os canais contam com uma
interação entre si e, muitas vezes, o consumidor vai até o ponto de
venda para experimentar um produto e efetiva a compra em casa, por
telefone, para garantir comodidade.
A aceitação do modelo é tão boa que a Polishop já planeja a ampliação
dos seus pontos de venda com a abertura de cinco novas lojas com mil
metros quadrados cada. “A ideia é que elas funcionem como um parque de
diversões mesmo, onde absolutamente tudo pode ser tocado e usado.
Queremos que o cliente veja na hora se o produto se adapta às suas
necessidades”, diz João Appolinário.
Treinamento de vendedores
A Livraria da Vila, em São Paulo, também estimula a experimentação. A
experiência começa pelo atendimento, já que todos os vendedores
contratados conhecem, entendem e gostam de livros. A ideia é que eles
saibam dar dicas precisas aos clientes que entram na livraria em busca
de algum assunto e saibam identificar os gostos de cada um.
Quem passa pelo local é estimulado a pegar os livros, folhear e até
levá-los até o café para uma leitura, independente de comprar o exemplar
ou simplesmente devolvê-lo na estante. “Essa é a forma pura e simples
que acreditamos que uma livraria deva ser. Queremos que o público fique à
vontade para interagir e o manuseio nada mais é que uma extensão do
conceito de entender o que está no produto”, pondera o presidente da
Livraria da Vila, Samuel Seibel, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Apesar do risco de algum exemplar ser sujo no café ou danificado
durante o manuseio, a experiência não é negada nem há a interferência de
funcionários. “O risco existe, mas o estímulo não deve ser cortado por
causa disso. O contato é fundamental para permitir a escolha e temos que
lidar com o consumidor não como um destruidor, mas como alguém que quer
ser bem tratado”, completa Seibel.
Experimentação para crianças
Para as crianças a fórmula é a mesma. Elas são convidadas a terem o
contato com os livros para que possam escolher o que querem e
estimuladas a desenvolverem o prazer pela leitura. A experiência é
baseada nos sentidos. “Uma das nossas missões é despertar esse prazer e
as crianças são muito táteis. Elas precisam ver, sentir, tocar os
livros. São muitos produtos e histórias diferentes e é assim que elas
escolhem. O contato é fundamental”, diz Samuel Seibel.
Apesar de algumas marcas já possuírem os pontos de venda diferenciados,
o caminho para a quebra de paradigmas ainda é longo. “Ainda temos uma
grande trilha para percorrer porque não faz parte do perfil das empresas
fazer com que as pessoas experimentem. É preciso se colocar no lugar do
cliente e observar que ele não é um bandido ou um destruidor. Esse
modelo deveria ser uma tendência, mas ainda não vejo movimentos
concretos nesse sentido”, conta Marcelo Cherto ao Portal.
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