Uma pesquisa da consultoria Semiocast coloca o Brasil como segundo país com maior número de contas no Twitter. Elas somavam 40 milhões em julho (de um total de 517 milhões analisadas), mas a participação não é alta. Desses usuários, 40% têm apenas de um a cinco seguidores, o que mostra que os brasileiros não estão falando para audiências muito amplas, se é que estão falando coisa alguma – muitas contas estão abandonadas. Os dados têm mostrado que o Twitter está perdendo espaço com o avanço de rivais como o Facebook e outras redes de foco mais específico, como Pinterest e Tumblr. A questão é saber se ele terá o mesmo destino do Orkut, que deixou de ser a ferramenta social preferida.
Preciso de um amigo
Procurado pelo Link, o Twitter não respondeu aos pedidos de entrevistas. Mas outros especialistas concordam com a tese da migração. “A principal explicação para essa queda é o crescimento do Facebook”, diz Rafael Venturelli, coordenador de inteligência e performance da agência Remix, especializada em internet e redes sociais. Para ele, os brasileiros são levados ao site de Mark Zuckerberg pelo fato de ser uma rede com características pessoais: a possibilidade de ser amigo, montar álbuns, bater papo. “As pessoas se sentem mais a vontade em criar o seu cantinho e viver em comunidade com seus iguais”, afirma.
Bia Granja, curadora do festival de cultura digital YouPix, concorda. “Acho que a queda se deve ao fato de o Twitter não ser uma rede focada em relacionamento”, diz. Perceber as reações dos seguidores é difícil. A única certeza de que alguém leu algo que o usuário publicou é um retweet ou um comentário. Um “curtir” no Facebook é mais fácil. Para Venturelli, outra barreira para os brasileiros pode ser a frieza do microblog: “O Twitter é uma zona. É uma rede mais impessoal e veloz. Lá você não precisa pedir autorização, pode falar com qualquer um, a qualquer momento, e tudo é muito rápido.”
Desembarque
O Twitter está longe de agir como uma empresa prestes a “subir no telhado”. Em agosto, anunciou que vai melhorar a ferramenta para anunciantes. Será mais fácil direcionar tweets promovidos a um público específico. O eMarketer estima que o faturamento passe dos atuais US$ 260 milhões anuais para US$ 540 milhões em 2014.
O Brasil está nos planos. Há seis vagas de emprego abertas para o futuro escritório que o Twitter deve inaugurar no Brasil, de olho na Copa do Mundo de 2014 e na Olimpíada de 2016.
E se os números podem decepcionar, eles também alimentam as esperanças do Twitter. Na onda da transição da web para o celular, o passarinho vai junto. Em um universo em que um quarto dos 4 bilhões de celulares do mundo são smartphones, o potencial para o crescimento ainda é grande. Metade dos usuários acessa a rede pelo telefone. Nos EUA, 9% de todas as pessoas que têm celulares usam o Twitter, segundo o instituto Pew Internet Research.
Talvez os tweets nunca fiquem tão populares como as possibilidades que o Facebook oferece aos brasileiros. Mas sua vocação de rede de rápida disseminação de informações parece ter seu lugar. “Basta a novela entrar no ar, alguma notícia bombástica acontecer, que todos vão lá contribuir com seus 140 caracteres de opinião”, diz Rafael Venturelli
Texto de Filipe Serrano e Diogo Antonio Rodriguez tirado do Observatório da Imprensa.
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