Viagem de apoio a teste de moto, opinião feminina e consumo
em percurso-padrão: um cardápio variado na semana do VW
Atualização de 14/9/12
De tudo, um pouco: essa frase define bem o que nosso atual avaliado de Um Mês ao Volante,
o Volkswagen Gol BlueMotion, fez durante a semana. Na segunda-feira
seguiu para uma viagem de quase 500 quilômetros realizados em um só dia,
de fato acompanhando a viagem-teste de uma motocicleta para a Revista da Moto!.
Cumpria funções de carro de apoio e carro-câmera, levando o fotógrafo
Gustavo Epifânio e sendo dirigido por Tiago Kiseliauskas, já autor de um
depoimento sobre o modelo.
À pergunta se queria acrescentar algo às impressões emitidas antes, o
colaborador não se fez de rogado: “Dessa vez andamos de modo diferente
com o Gol. Antes, em uma viagem de fim de semana, a tocada foi calma,
tranquila. Agora, para seguir a moto, o Gol teve que ser um pouco mais
‘espremido’ e aí, nesse ritmo intenso, em estradas cheias de curvas, não
gostei da estabilidade. Os pneus ‘gritam’ muito e por vezes escorregam
de um modo excessivo”. Uma característica vinculada ao tipo de pneu
usado no pacote BlueMotion, cuja menor resistência à rolagem — com os
fins de economizar combustível e reduzir emissões — acaba se traduzindo
em menor aderência nas curvas.
Tendo que rodar em um pequeno trecho de estrada sem pavimentação,
Tiago ainda assinalou que o Goodyear Duraplus escolhido pela VW funciona
como verdadeiro depósito de pedriscos. “Mesmo depois de 10 km de
asfalto, os pneus ainda estavam com pedrinhas encravadas na banda de
rodagem, fazendo ruído incômodo. Nunca vi isso, as pedras ficarem tanto
tempo, mesmo rodando a 80 ou 100 km/h no asfalto”, conclui o
colaborador.
A primeira viagem do Gol com gasolina obteve média de 14,2 km/l, apesar do ritmo
rápido; a aderência dos pneus mostrou-se um ponto negativo do BlueMotion
Ao fim da jornada, que também foi marcada pelo entrada da gasolina no
tanque do Gol, o veredicto da bomba foi considerado positivo por Tiago:
14,2 km/l. “Teve muito para e anda, por conta de fazer as fotos, e o
percurso desceu e subiu a serra do mar, ou seja, um trecho travado. Não
foi um trajeto que privilegiasse a economia. Por isso, a marca me parece
boa tendo em vista também a ‘pressa’ para seguir a rápida moto que
estávamos fotografando”.
Em mãos femininas
Das mãos de Tiago, o Gol passou às de Regina Garjulli. A motorista
usou o VW só em trajetos urbanos, por vezes em horários de grande
movimento, e rodou um pouco por vias expressas. Relembramos que o
“cenário” habitual desses percursos da colaboradora é a zona oeste
paulistana, com suas ruas com fortes aclives. Ao cabo de seus pouco mais
de 100 km ao volante do Gol, verificar um consumo médio de 10,3 km/l de
gasolina foi considerada marca relativa, nem ruim, nem boa.
E Regina gostou?
“Eu jamais compraria esse carro por conta da necessidade de, a toda
hora, ter de trocar de marcha e afundar o pé no acelerador em qualquer
subidinha. Estou mal acostumada, pois guio carros bem mais potentes do
que esse no dia a dia e com câmbio automático, e assim fiquei
preguiçosa”, comenta ela, rindo e acrescentando que, a cada vez que
ligava o ar-condicionado nesse quente fim de inverno paulistano, parecia
que uma âncora havia sido jogada pela janela.
“Esse é bem mais equipado do que aquele, mas continua sendo fraco, pobrezinho, sem graça: não vejo nenhum lampejo de criatividade ou de ousadia nesse Gol”
Regina, que teve um Gol 1000 de 1993, não resiste a um paralelo:
“Vejo que esse é bem mais equipado do que aquele, mas continua sendo
fraco, pobrezinho, sem graça. Por fora ele até que não é de todo mau,
mas dentro é triste. Não vejo nenhum lampejo de criatividade ou de
ousadia nesse Gol, coisa que vem desde o primeiro deles. Ou seja, nada
mudou. Até para amenizar meu relato fiquei buscando pontos a elogiar, e a
única coisa que pode ser exaltada é o câmbio por conta dos engates
fáceis”.
Sem seduzir Regina, o Gol foi, ainda, alvo de uma dura reflexão por
parte da motorista: “Quando comprei meu Gol 1000 as opções no mercado
ainda eram poucas e a escolha se deu por um conjunto de fatores, entre
os quais a confiança na marca e o preço. Saber que este Gol custa o que
custa, acho piada de mau gosto”.
Dona de um Gol 1000 quase 20 anos atrás, Regina não repetiria a compra com o modelo
atual: para ela, o desempenho nas subidas incomoda e o interior carece de inspiração
E quanto à confiança na marca? “Não sei. Será que os Volkswagens
atuais são como eram no passado, sólidos, fáceis de arrumar caso
quebrassem e com peças baratas? Acho que a resposta está na propaganda
da VW, que insiste em frisar esses valores que, acredito, se perderam e
que a marca quer reconquistar. Mas não será com esse pouco criativo Gol
custando tudo isso. Não mesmo!”.
Regina passou o Gol adiante, sem tristeza, para que o coordenador do
teste realizasse uma rápida viagem ao interior paulista, região de
Vinhedo. Na ida, o atraso para o compromisso fez com que o pé “pesasse”
sobre o acelerador e o limite de velocidade na rodovia, 120 km/h, fosse
seguido de maneira, digamos, flexível. Sem ar ligado e com apenas um a
bordo, o Gol mostrou que sofre para manter ritmo forte mesmo em estrada
favorável como a rodovia dos Bandeirantes, relativamente plana. O dia
com rajadas de vento também mostrou um lado “bailarino” do Volkswagen,
que não parece muito plantado ao solo. É possível que a culpa seja dos
amortecedores recalibrados do BlueMotion.
Na volta, pegando vento pela proa, manter-se no fluxo dos 120 km/h
permitidos exigiu quase que pé no fundo o tempo inteiro, e o calor
acrescentou ao cardápio o ar-condicionado ligado. O que diria a bomba de
combustível? Que mesmo sofrendo maus tratos o Gol foi razoavelmente
econômico, obtendo média de 14,2 km/l de gasolina para o trecho — vale
considerar que, dos quase 150 km rodados, ao menos 30 km foram de uso
urbano, em trânsito pesado.
Para encerrar a semana com “chave de ouro”, o Gol realizou o
percurso-padrão de consumo e nele obteve a expressiva marca de 21,3 km/l
de gasolina. Lembremos que tal percurso, de pouco mais de 43
quilômetros, é realizado em vias expressas, praticamente de madrugada e
em condições sempre iguais (tanque cheio, só motorista a bordo, vidros
fechados e sem ar-condicionado ligado), e visa a obtermos uma base de
dados que possibilite comparação entre os veículos testados em Um Mês ao Volante.
Atualização anterior |
Último período
3 dias |
701 km |
Distância em cidade | 141 km |
Distância em estrada | 560 km |
Tempo ao volante | 14h 08min |
Velocidade média | 50 km/h |
Consumo médio (gasolina) | 13,6 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Desde o início
22 dias |
2.854 km |
Distância em cidade | 991 km |
Distância em estrada | 1.863 km |
Tempo ao volante | 78h 07min |
Velocidade média | 37 km/h |
Consumo médio (álcool) | 9,8 km/l |
Melhor marca média | 12,9 km/l |
Pior marca média | 7,2 km/l |
Consumo médio (gasolina) | 13,6 km/l |
Melhor média | 14,2 km/l |
Pior média | 10,3 km/l |
Consumo em percurso-padrão (43,2 km) | |
Álcool | 14,6 km/l |
Gasolina | 21,3 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Preço
Sem opcionais | R$ 27.990 |
Como avaliado | R$ 35.855 |
Preços sugeridos, vigentes em 14/9/12; consulte preços de opcionais |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 2 |
Diâmetro e curso | 67,1 x 70,6 mm |
Cilindrada | 999 cm³ |
Taxa de compressão | 12,7:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 72/76 cv a 5.250 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 9,7/10,6 m.kgf a 3.850 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual / 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson |
Traseira | eixo de torção |
Rodas | |
Dimensões | 5 x 14 pol |
Pneus | 175/70 R 14 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,895 m |
Largura | 1,656 m |
Altura | 1,464 m |
Entre-eixos | 2,465 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 55 l |
Compartimento de bagagem | 285 l |
Peso em ordem de marcha | 947 kg |
Desempenho | |
Velocidade máxima (gas./álc.) | 163/165 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h (gas./álc.) | 13,4/12,9 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |
Nenhum comentário:
Postar um comentário