sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Mesmo endividado, brasileiro segue comprando

Com menos dinheiro no bolso, contudo, cenário é de desaceleração



Mesmo endividado, o brasileiro está cada vez mais disposto a comprar. Mas, com mais pendências financeiras, sobra menos dinheiro e o consumo no país está sofrendo uma espécie de ressaca, aponta estudo da Kantar Worldpanel divulgado nesta quinta-feira (13). Os dados apresentados pela empresa de pesquisa do grupo WPP apontam que, em 2011, 52% das famílias tinham gastos acima da renda e 49% mantinham dívidas, mas de forma equilibrada.

A porção dos endividados, intitulada na pesquisa de “enforcados”, responde por um terço de todos os gastos feitos no país. O grupo é composto, em sua maioria, por donas de casa jovens de até 29 anos, com crianças pequenas. Ao comparar com as faixas sociais, nota-se que a classe C é quem tem a conta mais defasada, com um déficit de 2% entre o que gasta e ganha. O outro grupo que mantém as despesas equilibradas é chamado de “afortunados” e é formado por casais independentes e donas de casa acima de 50 anos. Esse é responsável por 19% dos gastos no país.

De qualquer forma, o brasileiro não pretende parar de gastar. Atualmente, 56% dos paulistas e cariocas, público ouvido para o estudo, encontram-se pagando alguma pendência financeira e 45% têm planos de contrair uma nova dívida. “Ele tem obrigações a pagar, mas há tanto por comprar que o brasileiro opta por gastar de novo”, analisa Christine Pereira, diretora comercial da empresa de pesquisa.

Para entender os potenciais itens que os brasileiros devem comprar no curto e médio prazo, a pesquisa analisou a penetração de 25 produtos nos lares brasileiros e avaliou quais já eram parte dos lares e quais ainda estavam em processo de adoção. Os principais itens a “ser conquistados”, segundo a pesquisa, são câmera de vídeo, secadora, lava-louça e home theater nas classes AB; aspirador de pó, congelador/freezer, TV a cabo e câmera digital na classe C; e uma série de 17 itens nas classes DE. Essa possui apenas quatro dos 25 produtos analisados pelo estudo: televisão, panela de pressão, celular e fogão.

Novos gastos


Nos últimos anos, entre 2006 e 2011, o bolso do brasileiro se transformou, mostra a pesquisa, e o salário do consumidor precisou ser fatiado em mais porções para que ele desse conta de todas as despesas. Ao observar o destino dos gastos dos “enforcados”, nota-se que o grupo é o que mais gasta com habitação, representando 18% do seu desembolso, contra 11% dos gastos dos “afortunados”. “O sonho da casa própria pesa no bolso dos brasileiros”, destaca Christine. 

Com mais pendências, a principal desaceleração é na cesta de compras de bem duráveis, uma diminuição gradual. Desde dezembro de 2011, na comparação trimestral, as despesas com alimentação tem crescido apenas um dígito. No segundo trimestre de 2012, comparado ao mesmo período do ano passado, a elevação em valor foi de 5%. Já em unidades compradas a despensa do brasileiro representou queda de 2%. “O maior acesso ao crédito, as possibilidades de parcelamento fez o brasileiro incluir despesas no bolso. A cesta desacelerou, mas a pesquisa mostra que ela está sendo substituída por novos gastos”, explica Christine. 

Preocupações

No último ano, insegurança e saúde foram os problemas que mais afligiram os brasileiros. A pesquisa aponta que 68% dizem-se apreensivos com a violência e 59% mostraram-se preocupados com saúde. Para minimizar os riscos com a insegurança, eles estão gastando mais com seguros de carro, de vida e de casa. Em 2008, os gastos com esses produtos eram de R$ 822 em média, por família, valor que saltou para R$ 1.122 em 2011.

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