Com carro 'de massa', montadora terá de se superar no criticado pré-venda.
A propaganda do HB20, há dois dias no ar, mostra jovens, luzes
frenéticas da cidade, fliperama... Fica claro o recado de que a Hyundai
quer conquistar o público mais novo com o seu primeiro carro a entrar na
disputa dos "populares". Faz sentido que ela olhe para novos
motoristas, considerando que os principais rivais do hatch estão na
'labuta" há um bom tempo. Mas, quando questionado sobre o público-alvo
desse lançamento, o presidente sul-coreano da filial brasileira da
marca, Chang Kyun Han, se apressa em dizer: "É para todos".
Mas o HB20 tenta não ser mais um. O design do hatch, feito para o
Brasil e que levou 3 anos para ser desenvolvido, conta com as linhas
fluidas que lhe dão nome e faz o olho deslizar pelo carro.
As lanternas nada convencionais na traseira, mais robusta, e a linha de
cintura alta nas laterais dão um ar moderno. Na frente, ele adota uma
grade que mistura a de Elantra e Sonata (em forma de asa) com o do i30
(hexagonal). "Mais do que vender carro, queremos vender emoção",
discursa o "pai" do HB20, Casey Hyun.
Emoções à parte, a Hyundai caprichou mais nos itens de série do que
seus concorrentes. Deixou de fora os freios ABS, que serão obrigatórios
aos carros novos a partir de 2014, mas, no HB20, só aparecem em
configurações superiores. São equipamentos de série (presentes em todas
as versões): ar-condicionado, airbag duplo frontal (motorista e
passageiro), computador de bordo, abertura interna da tampa de
combustível, regulagem de altura no banco do motorista, espelhos no
para-sol e vidros verdes.
Maior aposta da marca
O G1
experimentou o hatch com motor 1.0 e 1.6, ambos em suas versões top de
linha e com câmbio manual de 5 velocidades (ele também possui a opção de
câmbio automático de 4 velocidades). O trajeto de 120 km foi
basicamente em trechos de estrada estadual entre Una e Olivença, no sul
da Bahia.
O primeiro avaliado foi o 1.6, motorização definida como o foco da
marca neste lançamento. O bloco de 16 válvulas desenvolve 128 cavalos de
potência a 6.000 rpm, sendo o mais potente entre os principais
concorrentes. O torque máximo é de 16,5 kgfm a 5.000 rpm (os números são
com o carro abastecido com álcool). O consumo de nenhuma versão foi
divulgado.
hLinha de cintura alta deixa janela do passageiro mais estreita (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
O 1.6 cumpre seu papel: vai bem nas retomadas, nos trechos de mais
inclinação, e o ruído não chega a incomodar na cabine mesmo em altas
velocidades. E é fácil se adaptar ao câmbio de engates curtos e
precisos.
A suspensão, alvo de crítica nas primeiras avaliações feitas por
jornalistas na Coreia do Sul, por ser "mole" demais, foi mexida. E, na
versão final, o carro se mostra confortável, mas firme. Nas curvas, ele
se mostrou bem estável. Como em todos os HB20 1.6, freios ABS com EBD
(distribuição eletrônica de frenagem) são itens de série.
A configuração Premium chamou a atenção pelo conforto e o acabamento -
na versão topo de linha, a manopla do câmbio e o volante são revestidos
em couro e a direção, ainda que seja hidráulica, se mostra tão leve que
dá a sensação de ser elétrica. Ela sai por R$ 44.995 (há a opção com
transmissão automática, por R$ 47.995).
Outros "luxos" que ela oferece são acendimento automático de faróis,
que têm moldura em alumínio, um sistema que promete não deixar o
ar-condicionado com cheiro de mofo ("cluster ionizer"), painel em duas
tonalidades (preto e cinza), banco traseiro bipartido, rede no
porta-malas e, além das rodas, um estepe em liga leve, e pneus de 15
polegadas (nas demais, são de 14). Nada fundamental: é possível obter
muito do HB20 com motor 1.6 pagando menos.
Como já dito, a versão inicial, Comfort (R$ 36.995), tem ABS com EBD. A
seguinte, Comfort Plus (R$ 38.995), inclui vidros elétricos dianteiros e
traseiros, desembaçador, aviso de abertura de portas, acabamento em
tecido nas portas dianteiras e chave-canivete. O sistema de áudio é
opcional em ambas, e sai por R$ 950.
1.6 ou 1.0?
A Hyundai está de olho no aumento da
procura por motorizações acima de 1.0, mas confirma que o HB20 "mil",
pelo menos por enquanto, vai predominar na linha de produção em
Piracicaba (SP). A versão avaliada com esse propulsor foi a Comfort
Style, topo de linha para essa motorização, que custa R$ 37.995. É a
única 1.0 com ABS e sai por R$ 1 mil a mais do que a inicial do 1.6 (na
verdade, "empata" por já incluir o sistema de áudio). Sendo assim, fica a
cargo do consumidor decidir se é o caso de investir em mais potência ou
no conforto.
Outros elementos exlusivos da topo de linha do 1.0 são luzes no
para-sol, rodas de liga leve, comandos do sistema de áudio ao volante,
que tem regulagem de altura e profundidade, ajuste elétrico do
retrovisor e repetidor de seta, porta-óculos. Como na intermediária
(Comfort Plus, R$ 33.995), ela tem ainda vidros elétricos, desembaçador,
aviso de abertura de portas, que têm acabamento em tecido, e
chave-canivete.
interior do 1.0 topo de linha (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
O bloco 1.0 12V tem 80 cv a 6.200 rpm, o que também o coloca como mais potente diante dos concorrentes, é o mesmo que equipa o Picanto,
da "irmã" Kia. O torque máximo é de 10,2 kgfm a 4.500 rpm (com etanol).
Segundo a Hyundai, 85% do torque está disponível já na casa dos 2.000
rpm, ou seja, em baixas velocidades, como as que predominam na cidade
Na estrada ele também se mostra valente -perde força, claro, nas
subidas, mas vai bem na velocidade máxima das rodovias. O som na cabine
produzido por esse três cilindros é bem diferente do que faz o 1.6, mas
também não incomoda. O câmbio, no entanto, é um pouco menos animador:
pede um tempo a mais para se acostumar aos engates, que parecem mais
precisos no bloco de maior potência.
Interior do hatch 1.6 topo de linha (Foto: Divulgação)
Dentro do HB20
Em geral, o HB20 se destaca pelo nível de acabamento aparentemente
superior aos concorrentes. Há bastante plástico, mesmo nas versões topo
de linha, mas eles são agradáveis no toque. Itens como a tampa no
compartimento que leva as conexões USB (presente nas versão top do 1.0 e
nas intermediárias do 1.6 em diante) são emprestados de modelos mais
luxuosos. Esse compartimento é localizado abaixo do console central
-mais fácil para o motorista do que nos carros em que esses aparelhos
têm de ficar no porta-luvas.
O desenho do painel, completado pelo do porta-luvas, sai da mesmice dos
principais rivais do modelo e também "bebe" da fonte de modelos
superiores, como o Azera e o Veloster,
com saídas de ar mais compridas, acompanhando as linhas. Estão lá, no
rádio e no painel de instrumentos, o azul típico da Hyundai. Os comandos
estão à mão e a visibilidade é boa, mesmo na parte de trás, apesar do
vidro mais estreito.
Sina de hatch: banco de trás tem espaço limitado para pernas. Encosto de cabeça não é tão confortável
(Foto: Luciana de Oliveira/G1)
O ponto falho é que o banco do motorista, mesmo tendo ajuste de altura
de série, só eleva o assento, o que torna um pouco complicado encontrar a
posição ideal e parece deixar o ajuste de altura e profundidade do
volante como itens indispensável. No banco de trás, a situação é mais
complicada: como em muitos de seus rivais, o espaço para as pernas é
limitado (se o motorista tiver mais de 1,70 m, os joelhos encostam no
banco). A janela é estreita por causa da linha de cintura alta do modelo
(ótimo efeito por fora, mas nem tão bom para quem está de carona). E os
apoios de cabeça, ainda que reguláveis, são desconfortáveis.
Conclusão
É difícil não dizer que o HB20 vem forte
para a briga. A capacidade de produção na fábrica paulista é de 150 mil
veículos ao ano -em 2013, o hatch terá a companhia de uma versão
"aventureira" e de um sedã. Tudo vai depender da aceitação do consumidor
-vamos lembrar que a categoria é disputada, mas modelos inéditos
costumam sofrer para ganhar espaço, lembrando, por exemplo, o histórico
do Chevrolet Agile, que chegou em 2009.
Provavelmente, pelo resultado final do carro, o lançamento da Hyundai
terá certa facilidade para ganhar espaço nessa disputa. A seu favor
estão a simpatia do brasileiro pela marca sul-coreana, o bom pacote de
itens de série e o jeito "ousado" de seu design e painel. Mas tem mais
gente querendo um lugar ao sol: em poucos dias a Toyota lança o seu
primeiro "popula", o Etios, e em breve a Chevrolet apresenta o Onix e os dois deverão bater de frente com o HB20.
Frente mistura desenho do Sonata e do i30 (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
E agora a Hyundai terá de comprovar para mais gente que fazer negócio
com ela vale a pena. A marca é comumente criticada pelo pós-venda,
sobretudo pela demora na chegada de peças. Sim, até então, se tratava
apenas de modelos importados e a operação deles não é controlada pela
montadora. A empresa afirma que o HB20 deverá escapar dessa sina porque
toda a operação ficará sob suas "asas" e porque 90% das peças de lataria
são brasileiras.
Outras promessas feitas no lançamento são a revisão a preços fixos (não
divulgados), tabela de preços de peças única para todo o Brasil e rede
com 200 pontos de assistência técnica já em outubro. É bom que isso vá
além de palavras, afinal, quem levar um HB20 estará "casado" com a
concessionária pelos próximos 5 anos, tempo da garantia oferecida pela
Hyundai do Brasil ao modelo.
Hatch vai à caça de concorrentes que têm tradição n (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
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