O volume de vendas de automóveis e veículos comerciais leves em abril
caiu para o menor patamar para o mês desde 2009, quando o Brasil sentiu
os efeitos da crise financeira detonada nos Estados Unidos no final de
2008.
Segundo dados apurados ontem pela Folha, foram 244.851 unidades
comercializadas. Isso significa uma redução de 10,3% em relação ao mesmo
período do ano passado, com menos 28.072 unidades vendidas -em relação a
março deste ano, a queda foi de 13,8%.
Em abril de 2009, o total de automóveis e comerciais leves vendidos foi
de 224.413. No mesmo mês dos anos seguintes (2010 e 2011), as vendas
cresceram 16,7% e 4,2%, respectivamente, na comparação com o período
anterior.
Os dados oficiais serão divulgados hoje pela Fenabrave (federação dos distribuidores de veículos).
A queda, entretanto, já era esperada pelo setor. Na primeira quinzena de abril, a redução apurada nas vendas foi de 10%.
As causas para o resultado obtido, segundo o consultor Valdner Papa, são
três: a redução nos empréstimos para compra de veículos, as ações sobre
o setor financeiro e a cautela do consumidor diante da crise
internacional.
Segundo ele, a aprovação das fichas de financiamento caiu para 30%. Antes, o percentual era de 60%.
"O impacto da restrição ao crédito no varejo automotivo é fatal", disse o especialista.
Dados da consultoria LCA apontaram que o volume de concessões de crédito
em março deste ano foi o pior desde dezembro de 2009. Ao todo, foram
concedidos R$ 352 milhões por dia, em média, em empréstimos.
Segundo a Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das
Montadoras), de cada dez pedidos de financiamento para a compra de
veículos, atualmente cinco são recusados pelos bancos das montadoras por
receio de inadimplência.
CAUTELA
De acordo com Papa, a cautela do consumidor só não é maior do que a
queda nos empréstimos. "O consumidor está se questionando mais se compra
ou não um veículo, mas o desejo prevalece", afirmou o consultor.
Já com relação aos bancos, o especialista afirmou que a redução do
crédito também é uma forma de prevenção das instituições diante das
medidas do governo para reduzir os juros cobrados nas operações
financeiras.
Segundo os dados obtidos pela Folha, a Fiat manteve a liderança
em abril como a montadora que mais vende carros no Brasil, seguida pela
Volkswagen, GM (General Motors) e Ford. Renault e Nissan vêm em seguida.
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