O desafio de reverter as mudanças
climáticas, proteger o ambiente, garantir a produção de alimentos e o
fornecimento de energia para mover o mundo e a economia exige atitudes
cada vez mais responsáveis das empresas de todos os setores. Assim, tem
cada vez mais valor e reconhecimento as organizações que primam pela
produção limpa, racionalização do uso de água e eletricidade,
conscientização de seus recursos humanos para uma postura cidadã perante
o Planeta e a sociedade e outras práticas inerentes ao conceito de
sustentabilidade.
Considerada a importância desse comportamento corporativo, é lícito e
justo que as empresas que se pautam por conduta política, social e
ecologicamente correta incorporem suas ações nesse campo às suas
estratégias de marketing e comunicação institucional. Trata-se de uma
iniciativa útil para todos, inclusive no sentido de estimular a
multiplicação de projetos sustentáveis. Por outro lado, é condenável
fazer o discurso e investir em propaganda quando não se tem algo
concreto. Retórica não despolui, não sequestra carbono da atmosfera e, o
que é mais grave, não convence todos durante todo o tempo.
O recado ficou muito claro no pronunciamento do secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, durante o recente “‘KPMG Summit: Business Perspective
for Sustainable Growth”, evento realizado em Nova York (EUA). Na
ocasião, o líder internacional estimulou o universo corporativo a
abraçar o princípio da sustentabilidade, dizendo que, com a maioria dos
ecossistemas em declínio, a profunda desigualdade social e as mudanças
climáticas, a prosperidade e a estabilidade global estão em risco.
Observando que “a sustentabilidade precisa ser incorporada ao DNA da
cultura dos negócios e investimentos”, Ban elogiou a adesão de quase
sete mil empresas, em 140 países, ao Pacto Global, iniciativa das Nações
Unidas para estimular práticas responsáveis. Porém, criticou o fato de
muitas companhias limitarem seus esforços de sustentabilidade a
programas que nunca decolam e/ou a meras estratégias de relações
públicas.
A relevância do tema e o imperativo de ampliar o número de organizações
efetivamente responsáveis ante o Planeta e o futuro conferem
significado ímpar ao Fórum de Sustentabilidade Corporativa, que será
realizado no âmbito da Rio+20, que acontece no próximo mês de junho, na
capital fluminense. Será uma ótima oportunidade de as empresas
engajarem-se de modo definitivo e mais pleno nos pressupostos contidos
nos três pilares do importante evento da ONU: o econômico, o social e o
ambiental.
Quanto mais o tema sair do plano dos discursos e se converter em ação
prática de governos, empresas e cidadãos, melhores condições terá o
mundo, não só em termos de qualidade de vida, mas também nas reversões
das crises. Afinal, será cada vez mais difícil garantir o crescimento
econômico em meio a um ambiente devastado, multidões de miseráveis e
recursos naturais esgotados. Cabe a cada um de nós — pessoas físicas e
jurídicas — fazer a sua parte para impedir tal amanhã. Constrói-se o
futuro com poucas e sábias palavras e muita ação!
Por Pedro Melo, presidente da KPMG no Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário