Anunciantes, agências de propaganda e o governo terão novas opções de
auditores de circulação de jornais, revistas e demais veículos
impressos. Hoje esse mercado está restrito ao IVC (Instituto Verificador
de Circulação).
Na quinta-feira (17), o Cenp (Conselho Executivo de Normas-Padrão)
anunciou que passará a credenciar candidatos a auditores de circulação.
Criado em 1998, o Cenp é uma entidade formada por 23 representantes de
agências de propaganda, anunciantes, veículos de comunicação e o governo
federal.
O próprio IVC é parte do Cenp e será o responsável pelo balizamento técnico dos novos auditores, que seguirão os padrões do IVC.
Aparentemente contraditória --afinal, o IVC estimularia seus
competidores--, a ideia é permitir que veículos regionais e
especializados possam ter as vendas "certificadas".
"É como se fosse um selo", diz Caio Barsotti, presidente do Cenp. "O
custo de uma auditoria do IVC não permite que publicações de menor porte
tenham acesso ao serviço." Resultado: elas ficam fora do radar dos
anunciantes, que querem retorno de exposição de suas marcas.
Para resolver esse problema, o Cenp credenciará outras auditorias. Elas
estarão operando em pelo menos três meses com um modelo mais simples e
de menor preço.
TRANSPARÊNCIA
A iniciativa é resultado de um esforço da ANJ (Associação Nacional dos
Jornais), que, há nove anos, tenta convencer o governo federal e os
anunciantes a usar critérios técnicos na destinação dos recursos
publicitários.
"É um avanço que dará novas opções a todas as esferas de governo e todos
os anunciantes," diz Judith de Brito, presidente da ANJ.
O subsecretário de Comunicação do governo de São Paulo, Marcio Aith,
sinalizou que o Estado poderá aderir ao novo modelo. Rio Grande do Sul e
Paraná têm interesse.
AVAL FEDERAL
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência deu aval ao projeto,
mas não disse se haverá regra vinculando a liberação de verba
publicitária a veículos auditados.
Em boa parte dos casos, a falta de critérios técnicos cede espaço a
interesses políticos na alocação dos recursos publicitários públicos.
A Constituição diz que o direito à associação é livre, e, até hoje, os
governos se defendiam dizendo que poderiam aceitar os números do IVC se
não fosse obrigatório que os veículos se associassem para ter o serviço.
Mas, na prática, ao vincular o destino das verbas à auditoria, estariam
obrigando os veículos a se associar ao IVC --basicamente, o único que
atua no momento.
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