Especialistas apontam precauções para evitar acidentes nas estradas.
Final de ano e com a chegada de férias e datas comemorativas o volume
de veículos nas estradas aumenta e, com ele, os acidentes. O G1 procurou especialistas para listar quais os cuidados devem ser tomados por motoristas antes e durante a viagem.
De acordo com o Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF),
durante a chamada operação “fim de ano”, que foi de 16 de dezembro 2011 a
2 de janeiro 2012, ocorreram 360 acidentes fatais nos quais 460 pessoas
morreram nas rodovias federais. No total, foram 10.536 acidentes, que
resultaram em 6.140 feridos.
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Um pouco de planejamento pode diminuir o risco de acidentes. Além dos
tradicionais itens mecânicos que devem ser checados no carro, como nível
do óleo, calibragem de pneus, funcionamento dos faróis, entre outros, o
motorista deve de se preparar psicologicamente para a jornada, sabendo
que poderá enfrentar congestionamento e mesmo condições adversas do
tempo, típicas do verão, como temporais.
“É importante procurar se concentrar nas atitudes e planejar a rota.
Não é recomendado sair para uma balada e beber antes de viajar [além de
ser ilegal]. O uso de medicamentos também pode prejudicar a atenção do
motorista”, explica André Horta, analista de segurança viária do Centro
de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi).
ANTES DE PEGAR ESTRADA
- Cuidados mecânicos
O ideal, antes de uma viagem, é levar o carro ao mecânico, assim o
especialista poderá verificar todos os itens imprescindíveis para o
correto funcionamento do carro.
Níveis de óleo do motor e fluídos de freio, além de calibragem dos
pneus e seu estado de conservação são pontos importantes para checar e
evitar um acidente.
O sistema elétrico também deve ser verificado, pois as luzes de posição
(faróis, lanternas, setas e piscas) são indispensáveis. “É recomendada
uma inspeção visual prévia e, caso note alguma anomalia, levar a um
mecânico especializado”, explica Edson Esteves, professor do curso de
engenharia mecânica da FEI (Fundação Educacional Inaciana). “Porém, se o
veículo já não é novo ou seminovo, o ideal é levar diretamente ao
especialista, para que faça uma verificação mais profunda”, acrescenta.
Cuidados preventivos mecânicos são
necessários (Foto: Arquivo/TV Globo)
Vale também checar o limpador de para-brisa, que, em caso de chuva,
precisa estar funcionando corretamente para não prejudicar a visão. No
caso do reservatório deste item, deve-se adicionar detergente para que
limpe melhor o vidro. "Sempre uma colher de detergente para cada litro
de água", explica Esteves.
Já o ar-condicionado também merece um tratamento especial.
"É sempre bom verificar o estado do filtro do ar. Caso esteja muito
sujo, pode prejudicar a saúde dos ocupantes do veículo", acrescenta o
engenheiro.
- Pneus calibrados, e não 'carecas'
Calibrar corretamente o pneu influi diretamente na estabilidade do
carro, informa Horta. “Com muita pressão, o pneu pode ficar muito duro e
até perder a aderência necessária com o solo. Já com a pressão muito
baixa, é possível até que o pneu escape da roda em uma curva”, enfatiza
Horta. Assim, o ideal é verificar a calibragem indicada no manual do
condutor. Lembre-se de que, se o carro estiver mais pesado, o valor pode
mudar.
Fique atento ao desgate dos pneus
(Foto: Reprodução/Paraná TV)
Vale lembrar que a calibragem do carro deve ser feita com os pneus
frios, com poucos quilômetros rodados; não adianta deixar para fazer
isso no meio da estrada.
Pneus em mau estado prejudicam a estabilidade e a frenagem. “Caso tenha
um par de pneus mais gasto, o ideal é deixá-los na frente, e não na
traseira, como a maioria das pessoas acredita”, explica Horta. Segundo o
especialista, os pneus mais gastos na traseira sujeitam mais o
motorista a um acidente, pois fica mais fácil que o carro derrape. “Se
você possui um pneu em pior estado na traseira, fica mais difícil de
sentir que algo está indo errado”, acrescenta o especialista em
segurança veicular.
Fique atento também ao estepe: ele deve estar em boas condições e calibrado também.
- Estudar o destino e condições de tempo
É aconselhável fazer um roteiro exato para o destino, além de checar as
condições de tempo. “Pista molhada e estradas de terra podem ser um
problema para o motorista. Se for pegar um trecho de terra, com o carro
muito cheio, é possível que não consiga chegar a seu destino”, enfatiza
Horta. Procure se informar sobre os melhores horários para viajar, que
costumam ser informados pela polícia rodoviária e os órgãos de trânsito
das cidades.
- Ajeitando a bagagem
Sempre é necessário checar o manual do usuário para saber o peso máximo
de carga que o carro comporta. Além disso, o material mais pesado deve
ficar por baixo dos mais leves; e mais próximos do eixo traseiro do
carro. “Não se pode levar objetos soltos nos assentos de passageiros e
motoristas. Além de possivelmente distraírem o condutor, em caso de
acidente, é possível se transformarem em armadilhas aos ocupantes”, diz
Horta.
Cadeirinha é obrigatória para crianças de até
7 anos e meio (Foto: TV Globo/Reprodução)
- Bebê a bordo
Desde setembro de 2010, é obrigatório transportar crianças até 7 anos e
meio em cadeirinha ou dispositivo equivalente à idade/altura
(bebê-conforto, assento de elevação) em veículos de passeio. O
dispositivo aumenta a segurança para esses ocupante e também para as
demais pessoas no carro.
Veículos que tenham somente cinto de segurança abdominal (de dois
pontos) no banco de trás poderão transportar crianças de até 10 anos na
frente, com a cadeirinha ou equipamento mais adequado à idade/altura, ou
no banco de trás, sem assento de elevação, no caso das que tenham a
partir de 4 anos. Veja mais dicas sobre o dispositivo ideal. A lei ainda não se aplica para transporte coletivo e táxis.
Ao viajar com crianças, programe paradas e procure levar objetos que
distraiam durante longos percursos, como brinquedos, livros, itens que
não requeiram muito espaço e que a criança consiga utilizar sozinha.
Procure ter água e alimentos leves a bordo. Em caso de viajar com
crianças pequenas, procure fazê-lo sempre na companhia de outro adulto,
para que possa dar atenção a ela e o motorista fique livre para
continuar atento ao tráfego.
Animais devem viajar dentro de compartimentos
especiais(Foto: Pedro Carlos Leite / G1 Itapetininga)
- Animais de estimação
Levar animais, como cachorros e gatos, no colo durante uma viagem não é
apropriado. Além de um animal distrair e até mesmo atrapalhar o
motorista, em caso de acidente ele pode tornar o impacto mais nocivo aos
ocupantes.
O correto é levá-los dentro de compartimentos, aquelas casinhas de
transporte, e acomodá-los no banco traseiro – com a ajuda do cinto de
segurança, ou no assoalho entre os bancos dianteiros e traseiros.
- Kit de 'sobrevivência'
Como sempre é possível ocorrer algum problema durante a viagem, é
importante ver se o macaco está em dia e levar um kit com ferramentas.
"Uma lanterna é sempre importante quando é necessário trocar pneu ou
fazer outro reparo", explica Esteves.
Outra dica é estudar o manual do carro para ficar ciente sobre o
funcionamento dos fusíveis. "Às vezes ocorre uma pane no veículo e foi
apenas um fusível que queimou. É sempre bom ter fusíveis reservas nos
carros", explica.
Cinto de segurança(Foto: Adriano Ferreira/EPTV)
NA ESTRADA
- Cinto de segurança
Nunca é demais lembrar que, além de seu uso ser obrigatório, os cintos
de segurança são indispensáveis para diminuir os efeitos nocivos em caso
de acidente. O uso do cinto também é determinante para o airbag cumprir sua função. Assim, só dê partida na carro quando todos ocupantes estiverem com ele afivelado.
- Ultrapassagens
É comum nas estradas de mão dupla o motorista ficar muito próximo de um
caminhão que está na sua frente e jogar o carro para a outra pista na
tentativa de fazer uma ultrapassagem. “Isso está totalmente errado e
prova que as pessoas não sabem como fazer uma ultrapassagem desse tipo”,
afirma César Urnhani, instrutor de pilotagem. Segundo o piloto, o ideal
é se distanciar do veículo que está à frente.
Desta forma, o motorista amplia seu campo de visão, principalmente da
pista contrária. “Ele também poderá acelerar na sua faixa por mais
tempo, para ficar o mínimo possível na contramão e conseguir fazer a
ultrapassagem”, explica.
Urnhani lembra ainda que “não precisa acelerar com tudo e dar farol
alto quando alguém estiver na sua frente na faixa da esquerda”. Quando o
motorista for utilizar essa faixa para fazer uma ultrapassagem, basta
estar com o farol baixo ligado e fazer leves movimentos com o carro. De
acordo com o piloto, o motorista que está à frente vai perceber os
sinais pelo retrovisor.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é infração
impossibilitar a ultrapassagem de alguém. “Às vezes o motorista faz isso
achando que está certo porque não está acima da velocidade permitida de
uma estrada”, lembra Urnhani.
Dar seta para a direita o quanto antes é uma maneira de “acalmar” o
motorista que vem atrás, ensina. “Isso já vai deixá-lo ciente de que vai
ter sua passagem liberada”.
Sob neblina, utilize farol baixo, e não o pisca-alerta
(Foto: Divulgação/Ecovias)
- Chuva e neblina
Em condições de chuva ou neblina, o motorista deve diminuir a
velocidade e manter o farol baixo ligado, informa o policiamento
rodoviário da Polícia Militar de São Paulo. Não acione o pisca-alerta
-isso só deve ser feito em caso de acidente á frente.
Com chuva, a água na pista pode gerar a aquaplanagem, que é quando o
carro perde o contato com o solo. Nesse tipo de situação, o motorista
precisa ficar atento ao carro da frente e verificar o rastro que o pneu
deixa na água. “Caso essa marca feche muito rápido, é sinal de que a
poça é profunda e ajuda o motorista a se preparar a avaliar se ele
consegue ou não passar por ali”, explica Urnhani.
Em caso de neblina, a dica é procurar se guiar pelas faixas da estrada.
“Se a neblina estiver muito forte, pare o veículo de preferência em um
posto ou base rodoviária”, acrescenta Horta, do Cesvi. Não pare no
acostamento.
- Acostamento
Segundo a Polícia Militar, “o uso do acostamento é exclusivo para
emergências, que podem ser do carro, do motorista ou de algum ocupante”.
Também é permitido parar no acostamento para ajudar alguém. Mas parar
nessa faixa sem necessidade, além de gerar multa, pode resultar em
acidente. Também é ilegal andar com o carro pelo acostamento.
Se houver motivo para usar aquele espaço, a polícia aconselha o
motorista a colocar o triângulo de sinalização a 20 metros do carro, no
mínimo. “Caso o acostamento seja a única solução, o ideal e parar e sair
do veículo, indo para fora da estrada”, completa Horta.
- Atenção com os outros veículos
Além de tomar as precauções necessárias com seu veículo e o modo como
dirige, é preciso lembrar que a estrada é dividida entre diversos tipos
de veículos e todos devem ter seu espaço. “Muitas vezes, uma motocicleta
pode estar no ponto cego do veículo. Assim, o ideal é realizar trocas
de faixa com maior cuidado, sem movimentos bruscos”, finaliza Horta.
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