O que a disputa por Renault significou para as agências vencedoras Neogama/BBH e Digitas
Em um final de ano em que grandes concorrências publicitárias
têm tomado boa parte do tempo das agências, pouco se costuma refletir
sobre o que cada uma dessas disputas representa para os envolvidos. Na
semana passada, uma concorrência em particular mostrou o quanto uma
conquista pode ser importante para duas empresas em situações muito
distintas.
A Neogama/BBH venceu a concorrência pela conta
off-line da Renault, que a agência já atendia desde 2006. Também
disputaram a verba DM9DDB, Giovanni+DraftFCB e Talent. Desta forma, a
agência de Alexandre Gama reteve uma conta importante, do 30º maior
anunciante brasileiro, com compra de mídia com desconto de R$ 182
milhões em 2011, segundo o ranking Agências e Anunciantes.
Neste
caso, em que a conta ficou, o impacto vai muito além do lado financeiro.
“O primeiro fator positivo é o motivacional, porque conquistar uma
conta que você não tem, apesar de algo sempre difícil, não se compara a
ter que ganhar novamente uma que você já tem. É um desafio ainda maior”,
afirma o presidente da agência, que detém ainda o cargo de diretor
global de criação da rede BBH.
Sob o ponto de vista de negócios,
trata-se de uma situação curiosa em que, mesmo com uma grande vitória, a
agência apenas deixou de perder um grande cliente. “Para as outras
agencias, essa não foi uma perda. Apenas não é um ganho. Da mesma forma,
no nosso caso, a vitória não é um ganho ipsis literis. Ou seja, algo
muito mais vital”, aponta Gama. De qualquer forma, o publicitário
comemora também os ganhos financeiros que terá com o novo velho cliente.
“Financeiramente é muito importante claro, porque se trata de um dos
maiores anunciantes hoje no Brasil e deve aumentar seu investimento em
2013”, analisa.
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Durante concorrência, agência lançou campanhas de impacto, como a dos lutadores de MMA
Criatividade como obrigação
O fator
preponderante para um anunciante ficar onde está, em contexto que não
envolva condições extracampo como a mudança do diretor de marketing, é a
satisfação com o trabalho. Nesse sentido, foi notório que a agência
lançou algumas campanhas de bastante impacto durante a concorrência.
Para
divulgar os valores do modelo Duster, a Neogama/BBH escalou os
principais lutadores brasileiros do MMA, com destaque para o “espaçoso”
Wanderley Silva, que estaciona seu carro de maneira errada e é
repreendido por uma senhora. Em outra, a agência escalou o ator Paul
Walker para correr em um modelo Fluence e se chocar com um carro de
corrida, de forma a mostrar como a expertise da marca nas pistas de
corrida reflete nas ruas. “Poder continuar fazendo um trabalho que gera o
resultado para o cliente é o meu ideal profissional”, diz Gama.
A agência se prepara agora para o papel de ajudar o anunciante a
alavancar seus negócios. “Teremos um ano agitado, no bom sentido. A
Renault terá que parar a fábrica agora no final do ano para aumentar a
capacidade de produção, expandindo as instalações. Uma aposta clara no
potencial do Brasil e dela mesma. Mas volta rapidinho desse intervalo
para o segundo tempo e nós já estamos a mil para iniciar 2013 com o pé
embaixo”, afirma Gama, sem esconder o sorriso que demonstra a felicidade
de quem manteve uma conta importante para seu negócio.
Conquista que alavanca
Uma parte importante da comunicação de Renault será feita nos meios
digitais. E o anunciante decidiu entregar essa parte da conta para a
agência especializada Digitas que, assim como a Neogama/BBH, pertence ao
Publicis Groupe, dono da conta global da montadora. A disputa envolveu
ainda FBiz e Id\.
Neste caso, a agência vive situação oposta à
Neogama/BBH: a empresa conquista um novo negócio e que alavancará os
negócios para outro patamar. Novos funcionários serão contratados e a
Digitas ganha a chance de fazer um grande trabalho e atrair os holofotes
e muitos outros clientes de grande porte.
Até então, suas
maiores contas eram Samsung, Azul, Mapfre e a linha de higiene oral de
P&G. Marcas conhecidas, sim, mas cujas cifras estavam em degrau
inferior ao de Renault, que chega para ser o maior cliente da agência.
“Não posso falar em números, mas é um anunciante que investe muito em
digital”, despista Alfredo Reikdal, diretor geral da Digitas e da
Razorfish. O grande desafio da agência, afirma, será aumentar o impacto
das ações digitais no resultado de vendas do anunciante.
Embora em situações opostas diante do novo negócio, em uma coisa
Neogama/BBH e Digitas precisarão caminhar juntas. O anunciante pediu a
construção de um modelo de processos integrados entre as duas, como
forma de aproximar o online do off-line. “Não teremos uma comunicação
baseada em briefings distintos. A integração será maior agora”, aponta
Reikdal, outro que, assim como Gama, não consegue esconder o sorriso por
causa de um cliente que pode marcar uma nova fase na vida da agência.
Outras concorrências divulgarão os seus resultados nos próximos meses.
E, por trás dessas sentenças, haverá outras histórias de sorrisos, como
as relatadas acima, e outras com final não tão feliz. É assim que este
mercado sempre funcionou e sempre funcionará. Mas, de vez em quando, não
custa parar e refletir sobre essa dinâmica que envolve a todos.
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