Produtora oferece rádios e TVs corporativas customizadas
Não há evento, filme, novela, comercial ou qualquer atividade com
música no Brasil que escape das rigorosas taxas do Ecad (Escritório de
Arrecadação e Distribuição de Direitos Autorais). E estima-se que mais
de 30% da arrecadação do órgão, que este ano deve ultrapassar a casa dos
R$ 600 milhões, devem vir do varejo, lojas e redes de hotéis. Nesses
casos, o preço que cada local paga para a utilização de som ambiente é
calculado por metro quadrado em relação à música executada – resumindo:
quanto maior a loja, mais pesada a taxação.
Em função disso, a Instore, uma das uma das maiores produtoras de
rádio e TV corporativa do país, que oferece música e conteúdo
publicitário para clientes como Riachuelo, Pernambucanas, C&A,
Novotel (Brasil e América Latina) e Sérgio K, entre outros, fechou o
primeiro contrato com uma grande rede de varejo de material de
construção e decoração que a desobriga de pagar taxas e honorários ao
Ecad pela execução de música em suas lojas.
O cliente, cujo nome ainda não pode ser revelado, conseguiu reduzir
esses custos graças à parceria firmada pela produtora brasileira com a
Jamendo, de Luxemburgo, uma das empresas líderes em conteúdo musical
livre pela internet, o chamado Creative Communs.
Com
isso mais de cinco mil músicas internacionais independentes estão
chegando ao país somente para o varejo, de um total de 100 mil músicas
disponíveis no acervo da empresa europeia. Como os artistas que constam
do playlist da Jamendo não fazem parte de nenhuma associação musical
ligada ao Ecad, não pode haver cobrança das taxas.
Criada em 1996, após suceder a HB, empresa no ramo de comunicação
surgida nos anos 60, a Instore é comandada pelo ex-locutor e radialista
Vladimir Batalha, que montou a produtora exatamente com o objetivo de
desenvolver um produto para dentro de ambientes comerciais. “Era o
início da era da internet. E mesmo a web, na época, dando apenas uma
condição mínima de armazenamento de arquivos, era possível oferecer uma
programação musical e conteúdo publicitário aos clientes, principalmente
os varejistas”, diz.
Batalha diz que, na época, muitas redes de varejo tinham como som
ambiente a programação de uma rádio convencional. “Ou seja: corriam
risco de transmitir anúncios publicitários do concorrente durante os
breaks”, diz. Hoje a Instore produz rádio sob medida de seu próprio
estúdio para mais de três mil lojas do varejo no Brasil. A produtora
costuma atuar junto com o departamento de marketing de seus clientes,
criando conteúdo próprio para ser transmitido em seus ambientes. Este
ano lançou a Ella FM, a primeira rádio para o público feminino,
produzida especialmente para o Facebook.
Porém, o calcanhar de Aquiles para sua atuação sempre foi a taxa do
Ecad, já que este é um custo que cabe ao cliente, e não à produtora.
“Com este acordo que fizemos com a Jamendo, a taxa que cada varejista
terá que pagar não chega a 10% do que é hoje destinado ao Ecad”, afirma
Batalha, informando que esse processo começou a ser tratado há três
meses e ainda existe trâmites jurídicos para que os clientes possam se
utilizar do benefício. “Estamos mostrando o certificado e que tudo está
sendo feito de maneira legal. Há duas semanas até recebemos um contato
do Ecad, que quer saber melhor sobre nossa atuação. Mas, a princípio,
deram a entender que o que estamos fazendo está dentro de uma legalidade
jurídica”, completa.
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