Profissionais nascidos após 1979 exigem desafios e recompensa financeira, mas também querem preservar a vida pessoal
Uma pesquisa da Robert Half traduz em números o que profissionais de
recursos humanos já constataram na prática: é difícil agradar os
profissionais da geração Y. Essa categoria, que engloba desde
recém-formados até profissionais com pouco mais de 30 anos, exige da
empresa bem mais do que estabilidade e um salário no fim do mês. Por
isso, acaba sendo especialmente difícil de atrair e reter.
A consultoria americana usa uma divisão clara entre as três
diferentes gerações no mercado de trabalho, que têm dificuldade de
conviver no dia a dia corporativo. Os "baby boomers" nasceram entre 1946
e 1964, a "geração x" vai de 1947 a 1978 e a "geração y" é formada
pelos profissionais nascidos a partir de 1979.
Enquanto os primeiros eram tradicionalmente fiéis à empresa e não
raramente permaneciam toda a carreira com um só empregador, a geração x
buscou a diversificação, mas com uma dedicação quase "canina" ao
trabalho para atingir o sucesso profissional. Segundo Fábio Saad,
gerente sênior da Robert Half, a geração y desafia esses dois modelos.
Busca, além da recompensa financeira, também um propósito "maior" para a
atividade profissional.
A geração y já percebeu, na visão de Saad, que uma relação
subserviente com o empregador nem sempre rende frutos. Esses
profissionais são os filhos da geração x e da geração y: viram os pais
serem demitidos após décadas trabalhando na mesma empresa ou então se
transformarem em "workaholics" para vencer na carreira. Por isso, buscam
uma nova maneira de encarar a vida profissional.
Tudo pelo trabalho. Os profissionais mais jovens, diz Saad, preferem
mostrar trabalho em "horas líquidas", enquanto a geração anterior media
produtividade em "horas brutas". "Esse modelo em que competência é
entrar às 7 horas e sair à meia-noite está sendo desafiado", frisa o
executivo. "Ao mesmo tempo em que a geração y quer subir rapidamente,
ela também se preocupa com a vida pessoal."
A ambição por desafios e renda combinada à preservação da vida
pessoal deixa os recrutadores confusos. A pesquisa da Robert Half mostra
que 48% dos recrutadores acham a geração y a mais difícil de atrair
para uma vaga; e 55% pensam que essa faixa etária é a mais complicada de
reter (veja quadro ao lado).
Para Luiz Eduardo Gasparetto, professor de cursos de MBA da
Universidade Gama Filho, os profissionais mais jovens não têm medo do
desconhecido - logo, trocar de emprego não é nenhum drama. "No entanto, a
falta de estabilidade dificulta o crescimento profissional. Em algum
momento, você tem de parar de aprender e aplicar os conhecimentos. E
isso exige tempo."
Como toda a regra, a tendência de instabilidade da geração y também
tem exceções. Aos 30 anos, a economista Telma Mantovani se tornou
diretora de transição de carreira da consultoria de RH Mariaca após dez
anos de atuação na empresa. Permanecer tanto tempo na mesma companhia
exigiu um exercício de paciência: "Passei por vários desafios, mas às
vezes foi necessário ouvir que não estava pronta para um determinado
cargo."
Nenhum comentário:
Postar um comentário