Estudos aprofundados e rotineiros são essenciais para que as marcas avancem em relacionamento com compradores. Tema, novo no Brasil, ainda encontra barreiras entre teoria e prática
O estudo aprofundado e
rotineiro do comportamento do consumidor é a principal ferramenta para
que as empresas se posicionem - ou reposicionem - de forma assertiva no
mercado. Mais do que produtos e serviços avançados e de qualidade, é
necessário avaliar o que pensa e o que realmente deseja quem compra.
Ainda que óbvio para alguns grupos, as pesquisas são as principais
fontes para que a inovação seja uma aliada, e não uma inimiga, das
marcas.
Por parte das organizações, a atenção é para um cenário mais
competitivo, onde é fundamental colocar em prática o que se tem bem
determinado na teoria. “As marcas têm que entender de maneira mais
profunda que esse caminho da pesquisa, de entender o consumidor, é
essencial, até mesmo pela sofisticação do mercado brasileiro. Tanto o
consumidor se tornou mais exigente, como a concorrência aumentou. E o
insight de melhorar e se aprimorar vem da pesquisa, das lacunas e das
formas como os compradores lidam com os produtos”, avalia Maribel
Suarez, professora do COPPEAD/UFRJ, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Entre as marcas que entenderam o processo de diálogo, estão cases de sucesso
do Nintendo Wii e da Apple, que não necessariamente têm as melhores
tecnologias, mas conseguem gerar desejo. “A mudança de linguagem está na
forma de compreender o produto. No caso do videogame, eles criaram algo
que não é parado, apático, que as pessoas jogam sentadas. Existe ali
uma atividade física. Os iPhones também não são os mais desenvolvidos do
mercado, mas o consumidor tem vontade de ter um pela forma que a marca
trabalha. Uma alteração na visão do que se vende cria uma inovação em
relação à concorrência, que não está conseguindo perceber”, completa
Maribel.
Entre o papel e a ação
Apesar da compreensão de que pesquisas aprofundadas do comportamento do
consumidor são fundamentais para que as marcas realizem ações de
inovação, a grande barreira no Brasil ainda é colocar em prática o que
se sabe em teoria. Boa parte da dificuldade se deve ao entendimento
errôneo de que é necessário priorizar o olhar da empresa e não o do
consumidor, que é exatamente quem vai gerar o faturamento.
Esse “olhar para fora” também será fundamental ao se avaliar o
desempenho de grupos concorrentes. “Não se pode ficar só no sucesso dos
últimos anos. As empresas precisam entender as mudanças e estar à
frente. Uma regra fundamental é que a inovação representa a dinâmica da
competição. Quem é líder precisa inovar para se manter na liderança e
quem não é, precisa inovar para conquistar mercado”, afirma a
professora.
Redes sociais servem como ferramenta de pesquisa
Mais do que uma opção, a atuação das marcas nas redes sociais se
transformou em uma obrigação. Além de estarem ligadas à inovação, já que
são formatos recentes de comunicação, as mídias sociais são
fundamentais também no processo de compreensão do comportamento do
consumidor.
O tema comportamento do consumidor e mídias sociais será, inclusive, um
dos debates durante o 4º Encontro Internacional COPPEAD de
Comportamento do Consumidor, que será realizado no dia de 30 de Outubro,
no Rio de Janeiro. Entre os especialistas estão confirmados Robert
Kozinets, professor da Schulich School of Business, no Canadá, e Johanna
Moisander, coordenadora do programa de Doutorado em Comunicação
Empresarial na Aalto University School of Economics, autora do livro
Qualitative Marketing Research: A Cultural Approach.
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