A paulista Tosi incentiva seus funcionários a desenvolver os pontos fortes em vez de consertar seus pontos fracos
São Paulo - No dia 6 de dezembro do ano passado, um sábado, a paulista
Patrice Tosi, de 50 anos, e seus irmãos Márcio, de 43, e Marcelo, de 46,
tinham um compromisso importante: comparecer ao casamento de Osvaldo
Moraes, funcionário da Tosi, fabricante de equipamentos e peças para
ar-condicionado fundada pelo pai de Patrice, José Daniel Tosi, em
Cabreúva, no interior paulista.
"Moraes trabalha na empresa há mais de 15 anos", diz Patrice. "Sua
trajetória nesse período é um exemplo para nossos 450 empregados."
Desde que começou na empresa, Moraes aproveitou as oportunidades para
crescer. Sua primeira função, aos 16 anos, foi como operário. Com bolsas
de estudo pagas pela Tosi, ele concluiu a faculdade de engenharia e fez
cursos de atualização, o que abriu caminho para ser promovido.
Hoje, Moraes é o responsável por uma das unidades que mais crescem
dentro do grupo — a que desenvolve sistemas de aquecimento solar.
Até aí, nada demais. Não é raro encontrar empresas que oferecem treinamento
e bolsas de estudo ao pessoal. O que torna o caso da Tosi peculiar é a
estratégia adotada pelos sócios: em vez de identificar os pontos fracos
dos funcionários e ajudá-los a superar suas deficiências, a empresa
investe para que eles aprimorem ainda mais seus pontos fortes.
"Acreditamos que o empregado dificilmente se tornará excelente naquilo em que tem pouca ou nenhuma vocação", afirma Patrice.
Parece que está dando certo. Desde que os três assumiram o comando da
empresa, há pouco mais de uma década, as receitas da Tosi crescem 30% ao
ano, em média. Em 2011, o grupo faturou 110 milhões de reais.
"Nos últimos anos, ampliamos as fábricas, abrimos filiais no Nordeste e
no Centro-Oeste e importamos tecnologias para fabricar peças que
aumentem a economia de energia nos equipamentos de ar condicionado", diz
Marcelo. "Agora, começamos a participar de licitações para vender aquecedores solares paras as casas do programa Minha Casa, Minha Vida."
Tantas novas frentes de negócios passaram a exigir um perfil de
profissional muito diferente daquele que a Tosi precisava até o começo
da década passada. Em 1998, aos 73
"Percebemos que boa parte dos empregados que começaram com meu pai
precisava se reciclar", diz Márcio Tosi. "Concluímos que o melhor
caminho seria ajudá-los a desenvolver suas verdadeiras vocações."
Desde 2008, os sócios adotaram medidas concretas para qualificar o
pessoal. A primeira foi pedir aos gerentes que identificassem as
características em que seus subordinados mais se destacavam - a ideia
era identificar seus pontos fortes.
Feito o levantamento, parte dos empregados foi transferida para áreas
em que pudessem desenvolver melhor suas habilidades naturais. Os mais
persuasivos, por exemplo, puderam ir para o departamento de vendas. "Os
resultados apareceram rapidamente", diz Marcelo. "Na área comercial,
começamos a fechar contratos mais depressa graças à chegada de
funcionários que já conheciam todos os produtos e tinham uma vocação
natural como negociadores."
Outra medida foi dedicar 3% do faturamento para bancar bolsas de
estudos para cursos universitários e de pós-graduação para os
funcionários interessados em se especializar em áreas vitais para o
crescimento da Tosi, como concorrência em licitações públicas,
tecnologias que ajudem a aumentar a economia de energia e técnicas de
negociação de royalties.
"Por causa desse conhecimento, conseguimos competir com multinacionais
como Carrier e York em concorrências para fornecer sistemas de
refrigeração em grandes edifícios comerciais, como shoppings, hotéis e
hospitais", afirma Márcio.
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