Taxas reduzidas e prazos estendidos, o cenário parece ideal para
financiar a reforma ou a construção de um imóvel. No entanto,
economistas alertam que é preciso ter cuidado e conhecer bem o serviço
que se está contratando. Na última segunda-feira, a Caixa Econômica
Federal anunciou alterações no Construcard – linha de financiamento para
compra de materiais de construção. A taxa mínima passou de 1,96% ao mês
para 1,40% e a taxa máxima, de 2,35% para 1,85%. O prazo de pagamento
foi estendido de 60 para 96 meses.
“É preciso avaliar taxa e prazo, eles não podem ser analisados
separadamente”, diz o professor da Fundação Getúlio Vargas Samy Dana.
Ele alerta que, apesar da redução da taxa, o total pago pelo cliente
também pode aumentar no novo prazo.
Caso fosse feito um financiamento de R$ 50 mil nas antigas condições,
o cliente pagaria, à menor taxa, um total de R$ 84,1 mil no prazo
máximo. Com as regras atuais, o cliente pagaria R$ 90,2 mil. Por outro
lado, a prestação ficou menor. Caiu de R$ 1.450 para R$ 959 ao mês.
“Do ponto de vista econômico, a melhor alternativa é guardar e pagar à
vista para evitar os juros. Mas, quanto tempo levaria até que se
conseguisse juntar todo o dinheiro?”, diz o vice-presidente da
Associação Nacional de Executivos e Finanças, Administração e
Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira.
Na caderneta de poupança, por exemplo, com taxa de 0,46% ao mês, os
mesmos R$ 959 pagos de prestação renderiam R$ 50 mil em 47 meses,
praticamente a metade do tempo. Ou seja, depois de três anos e 11 meses
seria possível fazer a mesma compra à vista e economizar cerca de R$ 40
mil. “É preciso avaliar em quanto tempo se quer concluir a reforma.”
Obras. O casal Ricardo de Jesus e Flávia Veronezi
contratou o Construcard ainda antes da mudança. Eles optaram pelo
financiamento da reforma após utilizar os recursos do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS) para adquirir um imóvel. “Faltou dinheiro
para a reforma, mas com o financiamento pudemos compramos os materiais
que precisávamos. E negociamos preços, porque os lojistas recebem o
pagamento à vista”, diz Jesus. Na época, o casal optou pelo prazo máximo
de 60 meses: “Conseguimos ter dinheiro para contratar serviços sem nos
preocuparmos com os materiais”, conta.
Construcard. Ricardo de Jesus contratou serviço para fazer o acabamento da nova casa (Foto: Werther Santana).
De acordo com o professor e educador financeiro Mauro Calil, do
Instituto Nacional de Investidores (INI), o mais importante é não parar a
obra. “Se a reforma é iniciada e abandonada, ela deteriora. O dinheiro
que poderia estar rendendo em poupança é perdido em tijolo.”
Segundo ele, os financiamentos de materiais de construção são mais
vantajosos que o cartão de crédito, cuja taxa media corresponde a 12,77%
ao mês ou 323,14% ao ano, de acordo com levantamento da associação de
consumidores Proteste.
Além da Caixa, neste mês o Banco do Brasil também fez alterações na
linha Crediário Material de Construção, cuja taxa mínima, antes de 1,60%
ao mês, foi alterada para 1,53%. O prazo máximo para pagar passou de 24
para 54 meses.
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